O último final de semana trouxe duas boas notícias e uma incerteza para a vela do Brasil. Na largada do ciclo olímpico para Tóquio-2020, as vitórias da dupla Martine Grael/Kahena Kunze e de Jorge Zariff na etapa de Miami da Copa do Mundo. O grande ponto de interrogação foi o desempenho de Robert Scheidt, um dos maiores medalhistas olímpicos do Brasil, na estreia em uma nova classe, a 49er.
As medalhas de ouro conquistadas pela dupla campeã olímpica na Rio-2016 pela 49er FX, bem como o triunfo de Zariff na Finn, já eram esperados. Especialmente no caso de Martine e Kahena, que sem contar com as principais adversárias, venceram a disputa com relativa facilidade. Jorge Zariff também teve uma campanha irretocável. Assim, confirma-se a tendência de que eles seguirão sendo as principais apostas da vela brasileira para a Olimpíada de Tóquio-2020.
O que causou apreensão foi o resultado de Scheidt, que estreava em uma nova classe (49er) e com um novo parceiro (Gabriel Borges). Ao final de 12 regatas, apenas um 16º lugar entre 26 participantes, com um total de 140 pontos perdidos e somente em uma das provas tendo ficado próximo aos três primeiros lugares (4º na 12ª regata).
Não é definitivamente uma classificação que esteja à altura do currículo e do talento de Robert Scheidt. Desconte-se o fato de que ele fazia sua primeira grande competição em uma classe totalmente nova e ao lado de um parceiro com quem ainda busca afinidade e sincronia. Ainda assim, é preocupante ver Scheidt tão longe do pódio.
Aos 43 anos, Scheidt tem uma história de glórias no iatismo brasileiro. Em seis participações olímpicas, só não medalhou apenas uma vez, justamente na Rio-2016. Subiu nada menos do que cinco vezes ao pódio (recordista ao lado de outro monstro da vela do país, Torben Grael), tendo conquistado dois ouros: Atlanta-1996 e Atenas-2004 (Laser). Ganhou ainda duas pratas (Sydney-2000, na Laser, e Pequim-2008, na Star) e um bronze (Londres-2012, na Star).
No final de 2016, em entrevista ao Lance!, mostrava receio para encarar uma nova campanha olímpica, graças ao cenário incerto de patrocínio que recaí sobre o esporte brasileiro. “Fiz alguns testes [na 49er] e gostei bastante, mas não posso dizer que farei uma campanha olímpica. Dependo da renovação de contratos de patrocínio para dar continuidade. Vamos ver”, disse Scheidt.
Indefinição financeira e desempenho técnico na nova classe poderão determinar nos próximos meses o futuro de Robert Scheidt na vela olímpica brasileira.
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