Não chega a ser surpreendente a notícia, divulgada nesta terça-feira (12) , de que o nadador Cesar Cielo irá passar uma temporada de treinamentos intensivos nos EUA, agora sob orientação de seu antigo técnico, o americano Scott Goodrich. O brasileiro ficará um período ainda não determinado se preparando para o Troféu Maria Lenk, marcado para abril, e que será sua última chance de conseguir o índice nas provas dos 50 m e 100 m livre para disputar os Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Será na prática a última cartada de Cielo para tentar subir ao pódio olímpico pela quarta vez, repetindo os feitos de Pequim 2008 (ouro nos 50 m e bronze nos 100 m) e Londres 2012 (bronze nos 50 m). O problema é que o retrospecto recente do nadador paulista não serve como alento. Em dezembro, na seletiva realizada em Palhoça (SC), Cielo terminou somente em 11º lugar na semifinal dos 100 m livre e simplesmente decidiu abandonar a competição. Mesmo comportamento já exibido durante o Mundial de Kazan, em agosto, quando alegou dores no ombro para deixar a competição, após desempenho ruim nos 50 m borboleta.
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Cielo apela agora para uma fórmula conhecida, a parceria com Goodrich, que já lhe rendeu duas medalhas de ouro, no Mundial de Barcelona 2013, como última cartada para evitar um desastre total, que seria ficar fora da Rio 2016.
O problema é que as atitudes do maior nome da história da natação brasileira em relação à sua carreira neste ciclo olímpico só demonstram o quanto ele mesmo está inseguro quanto ao seu potencial. Em 2013 ele iniciou o ciclo olímpico para os Jogos do Rio de Janeiro trocando Alberto Silva pelo americano Scott Goodrich. Em 2014, passou a ser treinado pelo australiano Scott Volkers e começou a defender o Minas Tênis Clube. No final do ano, voltou para Goodrich, mas permanece defendendo o Minas. Em fevereiro de 2015, anunciou sua parceria com Arilson Silva. Agora, retoma o trabalho com Goodrich, mas não se sabe se voltará a trabalhar com Silva caso conquiste a vaga olímpica em abril, após o Maria Lenk.
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Após a desistência na seletiva de dezembro, escrevi aqui que Cesar Cielo passava pelo maior dilema de sua carreira. Extremamente competitivo e perfeccionista, ele parece não conseguir encontrar uma saída para momento de baixa em sua carreira. E agora passa por uma pressão extrema, pois vê até mesmo aumentar a concorrência interna com a evolução de Bruno Fratus, que terminou o ano com o melhor do Brasil e um dos três primeiros do mundo nos 50 m livre. Para piorar, não consegue esquecer estas duas marcas: 22s27 nos 50 m e 48s99 nos 100 m, os índices necessários para conseguir sua vaga na equipe brasileira na Rio 2016.
A ameaça que ronda o futuro de Cesar Cielo nos Jogos Olímpicos é real, mas pode também servir de combustível extra para que o nadador brasileiro mais uma vez tire um coelho da cartola e possa dar uma nova volta por cima.