Nesta sexta-feira, comentando pela Record News as provas do atletismo dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, tive o privilégio de ver em ação uma das grandes estrelas da modalidade no momento, o cubano Pedro Pablo Pichardo. Dono da melhor marca do ano no salto triplo, com 18,08m, Pichardo é considerado por muitos como candidato natural a quebrar o recorde mundial que já dura há 20 anos, do inglês Jonathan Edwards, com a incrível marca de 18m29.
Que Pichardo venceria a prova era uma verdadeira barbada. Ele está a quilômetros de distância de todos os demais adversários, tanto que logo no primeiro salto, ao cravar 17,29m, mostrou que só um desastre tiraria o ouro de suas mãos. Por isso, a principal atração passou a ser outra: em que momento ele iria superar o recorde pan-americano da prova, que foi batido há 40 anos por ninguém menos do que João Carlos de Oliveira, o João do Pulo.
A marca histórica do triplista brasileiro, que morreu devido a uma cirrose hepática em 1999, foi obtida no Pan da Cidade do México, em 1975. Foi um salto que espantou o mundo, 17,89 m. Embora contasse com a ajuda da altitude, o fato é que enquanto esteve na ativa, ninguém ameaçou chegar perto da marca de João do Pulo, que era igualmente talentoso no salto em distância.
A marca mundial só foi batida em 1985, pelo americano Willie Banks, quando o brasileiro já havia abandonado as competições, devido a um acidente de carro que lhe tirou uma das pernas, mas o recorde do Pan vem resistindo bravamente nas últimas quatro décadas.
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Em um dos meus comentários nesta sexta-feira, disse que havia uma grande possibilidade da marca ser superada por Pichardo. Até torcia para que isso acontecesse, pois daria um sabor a mais para a transmissão. Mas após queimar o seu segundo salto, cravou 17,46 m e 17,54 m, dando a pinta de que conseguiria mesmo derrubar o recorde de João. Contudo, à medida em que a prova se desenvolvia, passei a ter um sentimento estranho, como se algo meu muito querido
estivesse sendo retirado.
Pichardo abriu mão do quinto salto e no último, cravou 17,34 m, encerrando sua participação e deixando intacto, ao menos pelos próximos quatro anos, o recorde pan-americano de João Carlos de Oliveira.
Ainda bem.