Pouco mais de 30 anos da maior trapaça das Olimpíadas, o caso Ben Johnson ainda desperta curiosidade e até mesmo novas teorias. O escândalo do doping da final dos 100 metros rasos da Olimpíada de Seul-1988 foi tema de uma longa reportagem do jornal canadense “Toronto Star”.
A principal novidade é que um relatório médico daquela Olimpíada, nunca divulgado, mostraria que outros atletas tiveram problemas com doping mas acabaram inocentados.
Veja fotos de Ben Johnson na final dos 100 m da Olimpíada de Seul-1988
De acordo com o “Star”, não há dúvidas quanto à culpa de Johnson. Dois dias após conquistar o ouro de forma impressionante na final dos 100 metros, teve sua medalha cassada em razão de um teste positivo para esteroides anabolizantes.
Johnson venceu a prova com a marca de 9s79, quebrando então o recorde mundial da prova. Ficou bem à frente de seu grande rival, o americano Carl Lewis, com quem já vinha trocando farpas há algum tempo. Mais especificamente desde que o canadense começou a derrotá-lo com relativa frequência a partir de 1987, na final do Mundial de Roma (ITA).
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Com o anúncio de que havia testado positivo, Ben Johnson foi expulso da Vila Olímpica. Passou por um julgamento na Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletism0), admitiu ter consumido substâncias proibidas na fase de preparação. Pegou dois anos de suspensão. Voltou às pistas mas acabou banido definitivamente após testar positivo novamente, em um meeting indoor (pista coberta), em 1993.
A reportagem do jornal canadense não alivia para seu compatriota. Mas deixa no ar que outros atletas, inclusive do atletismo, tiveram uma análise mais complacente da comissão médica dos Jogos de Seul.
De acordo com o “Star”, oito atletas americanos não identificados, que haviam testado positivo pouco antes da Olimpíada, não foram punidos após seus casos terem sido discutidos na Coreia do Sul. Dois destes atletas foram medalhistas nos Jogos de 1988.
O único caso discutido publicamente foi o do britânico Lindford Christie. Ele herdou a medalha de prata após a punição aplicada a Ben Johnson. Pelo relatório, ele ganhou o “benefício da dúvida”. O motivo foi que os níveis de efedrina encontrados em seu organismo estariam ligados ao consumo de ginseng pelo atleta. Então tá…
Embora não traga nenhuma “bomba”, a reportagem do “Toronto Star” comprova que o caso Ben Johnson deu a largada para uma profunda mudança nos parâmetros de controle antidopagem no esporte. Problemas de segurança nas salas de controle e até nos frascos que recolhem as amostras em 1988 são impensáveis hoje em dia.
Fora que 30 anos depois, Ben Johnson segue sustentando que foi vítima de uma armação e que teria consumido uma bebida batizada por um amigo de Carl Lewis, que estava presente na sala de controle.
Provavelmente irão se passar mais 30 anos e esse assunto ainda irá render muita polêmica.
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