Em 23 de agosto de 1987, tomei um susto com o resultado da final do basquete masculino no Pan de Indianápolis. Então repórter da revista Placar, estava escalado para cobrir a semifinal do Campeonato Paulista de futebol, vitória do São Paulo sobre o Palmeiras, por 3 a 1. Após o jogo, na saída do Morumbi, mal tinha acabado de entrar no Fusca bege que levaria a equipe no estádio de volta à redação e o velho Rosca, motorista da Abril escalado para trabalhar conosco naquele dia, falava, todo empolgado.
“E aí, vocês viram que o Brasil ganhou dos Estados Unidos no basquete? E de virada”, disparou ele, ignorando a leve gagueira que tinha de tão feliz (é verdade que ele, corintiano, estava feliz pela eliminação do Palmeiras, mas isso é outra história…)
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Se alguém como o Rosca, que nem acompanhava basquete direito, estava empolgado com o resultado, era sinal de que algo extraordinário havia ocorrido mesmo lá em Indianápolis.
Naqueles tempos em que não havia smartphone ou internet, as informações demoravam um pouco mais para se espalhar. O bravo Rosca só ficou sabendo do resultado porque alguma rádio informou, em seu plantão esportivo. Assim que a notícia se espalhava entre os jornalistas presentes ao Morumbi, a incredulidade pelo resultado era igual. Ninguém esperava que os americanos perdessem aquela final.
Só mais tarde, vendo na redação os relatos que chegavam pelas agências de notícia e depois pelas reportagens na televisão, é que pude ter a dimensão do tamanho da glória alcançada pela Seleção Brasileira. A equipe dos fantásticos Oscar Schmidt, Marcel, Israel, Cadum, Guerrinha, entre outros, comandados pelo genial técnico Ary Vidal, havia alcançado um feito até então inédito: derrotar uma equipe americana de basquete dentro de casa. Uma seleção americana que teria vários de seus integrantes brilhando na NBA nos anos seguintes. Entre eles ninguém menos do que o pivô David Robinson, que brilhou no Dream Team campeão olímpico em Barcelona-1992.
O ouro do Pan de 87 vem sendo lembrado nesta quarta-feira (23) em portais, sites especializados, blogues e em reportagens nos canais esportivos com muita justiça. Tomara que seja assim por muitos e muitos anos. Mas que o basquete brasileiro não fique por muito tempo tendo que comemorar efemérides e sim novos títulos.
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