O blog anda numa pegada saudosista, reconheço. Mas os motivos são justos. Completam-se nesta terça-feira 25 anos do início de uma das mais marcantes edições das Olimpíadas, os Jogos de Barcelona-1992. Em 25 de julho de 1992, o Estádio Olímpico de Montjuic recebeu atletas de 169 países em uma cerimônia histórica. O momento que está cravado na memória de todos é aquele que marcou o acendimento da pira olímpica (relembre no fim do post). Até 9 de agosto, data de encerramento, cenas inesquecíveis que ficaram marcadas para sempre na história do esporte. Barcelona-1992 virou referência na história olímpica.
Para quem não viveu aqueles incríveis 16 dias, fica sempre uma dúvida: por que aquele Olimpíada foi tão especial?
É possível explicar este fato do ponto de vista político, esportivo e da própria organização dos Jogos. Depois de muitos anos sofrendo com boicotes, as Olimpíadas tiveram uma festa completa em Barcelona. Beneficiado pela própria situação geopolítica do mundo, os Jogos de 1992 contaram com as principais potências do esporte. O fim da União Soviética acabou sendo compensado com a criação de uma equipe formada por atletas das antigas repúblicas. E um país com sigla esquisita, chamada EUN (Equipe Unificada) manteve a tradição e liderou o quadro de medalhas, 112 no total (45 de ouro). Três países da região báltica, Estônia, Letônia e Lituânia, enviaram suas próprias equipes.
Foi a primeira vez, desde Tóquio-1964, que a Alemanha como uma única nação após a unificação, ocorrida em 1990. Até a África do Sul, banida por conta da política segregacionista do apartheid, voltou a ser convidada para participar da Olimpíada após 32 anos. O único país que não participou foi a Iugoslávia, como punição pelos ataques ocorridos na guerra civil, que dividiu o país. Os atletas, porém, tiveram autorização de competir, como “Participantes Olímpicos Independentes”. Já Croácia, Bósnia e Herzegovina e Eslovênia mandaram equipes próprias.
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Aquela foi a Olimpíada que marcou o definitivo casamento do esporte profissional com o movimento olímpico. O responsável por isso foi o inesquecível time de basquete dos Estados Unidos, que recebeu o apropriado apelido de “Time dos Sonhos”. E poderia haver outra forma de chamar assim uma equipe com Michal Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Charles Barkley, Pat Ewing, Scottie Pippen, Karl Malone, entre outros? Foram oito partidas que na verdade se transformaram em oito shows de gala.
O atletismo reservou momento emocionantes e surpreendentes. Como esquecer o sofrimento do britânico Dereck Redmond, na semifinal dos 400 m? Após a largada, ele teve uma forte contratura na perna direita. Ainda assim, insistiu em completar a prova, tendo a ajuda do pai para alcançar os metros finais, sob aplausos do estádio olímpico. A surpresa ficou por conta da eliminação do então imbatível Serguei Bubka, que não passou das eliminatórias do salto com vara.
Para o Brasil, foi uma Olimpíada que marcou uma nova fase no esporte olímpico. Barcelona-1992 viu a consagração do vôlei masculino, que conquistou a primeira de suas três medalhas de ouro olímpicas. A natação festejou a primeira grande conquista de Gustavo Borges, medalha de prata nos 100 m livre. E teve o inesperado e sensacional ouro de Rogério Sampaio no judô.
Os Jogos de Barcelona também se tornaram referência para todas as demais cidades que se candidataram a receber o evento. A forma espetacular como a cidade foi revitalizada, como as arenas esportivas foram pensadas e e como isso permaneceu ao longo dos anos criou o modelo de legado olímpico, esta expressão tão falada e pouco executada. O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o presidente do Comitê Organizador, Carlos Arthr Nuzman, disseram a Rio-2016 deixaria Barcelona-1992 para trás. Por mais que a festa olímpica carioca tenha sido inesquecível, nada se compara até hoje aos Jogos da Catalunha.