Esta quarta-feira (27) foi extremamente especial para quem já aguarda ansioso que a folhinha chegue logo a 5 de agosto. A marca de 100 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos Rio-2016 faz com que todos os apaixonados pelo evento esportivo mais importante do mundo (ao menos para mim) teve ainda um sabor especial, com a cerimônia de recebimento da chama olímpica pelo Comitê Rio-2016, em uma linda cerimônia ocorrida no histórico Estádio Panathinaiko, em Atenas (GRE).
Aliás, para você ter um bom resumo do que foi esse dia histórico, recomendo a completa cobertura no site do Lance! sobre tudo o que rolou neste 27 de abril…
A partir de hoje, e no ritmo de contagem regressiva até a abertura da Rio-2016, relembrarei histórias, personagens, fatos históricos ligados aos Jogos Olímpicos, alguns deles que tive a sorte de presenciar ao vivo
100 – Nigerianos sem glamour, mas com ouro no peito
Os Jogos de Atlanta 1996 foram os primeiros que acompanhei ao vivo, como enviado especial do jornal paulistano “Diário Popular” (atualmente “Diário de S. Paulo). Coube a mim a tarefa de acompanhar a campanha da Seleção Brasileira, que chegava badalada dois anos depois de ter conquistado o tetracampeonato, também nos Estados Unidos.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) resolveu transformar aquela campanha olímpica num marco e investiu pesado, como nunca havia feito antes, para trazer a medalha de ouro, título que não tinha conquistado até então – e não conquistou até hoje.
Para isso, deixou a equipe olímpica sob o comando do mesmo treinador da equipe principal, então comandada pelo técnico Zagallo. E como em Atlanta ocorreria a estreia da regra que permitia a presença de três jogadores acima do limite de 23 anos, o Brasil pretendia levar o time mais forte possível, mesclando jovens e promissores craques como Ronaldinho (recém-contratado pelo Barcelona), além de atletas campeões do mundo dois anos antes, como Bebeto e Aldair.
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Depois de uma surpreendente derrota na estreia para o Japão por 1 a 0, a Seleção acabou engrenando na competição, cuja primeira fase foi realizada em Miami. A semifinal e disputa de medalhas estava programada para Athens, uma simpática cidade localizada a cerca de 100 quilômetros de Atlanta.
Ao lado de alguns outros companheiros, chegamos dois dias antes da semifinal sem reservas de hotel. Famosa por suas universidades, Athens estava lotada naquele verão de 1996. Por sorte, nós conseguimos vagas em um hotel de beira de estrada, fora da cidade. E olhe lá.
No dia seguinte, tomamos direção rumo ao luxuoso resort em que o Brasil estava hospedado. Acho que tinha umas sete estrelas o local, no mínimo! E talvez contagiados pelo clima do local, os jogadores brasileiros esbanjavam confiança para o duelo contra os nigerianos, que já tinham sido derrotados na fase de classificação, diga-se de passagem.
Na verdade, a confiança esbarrava até em um pouco de arrogância, como se não botassem fé nos nigerianos.
Sobre o jogo, todos já sabem de cor o desfecho. Uma vitória de 3 a 1, que parecia tranquila, acabou se transformando em uma dramática derrota de 4 a 3, com direito a eliminação por gol na morte súbita, marcado por Kanu, que levou ao delírio alguns integrantes do comitê olímpico nigeriano, que acompanhavam a partida em um setor próximo de onde a imprensa estava instalada.
A cena mais incrível, porém, aconteceu no dia seguinte. Quando saíamos para tomar cafe da manhã, passamos ao lado de outro hotel vizinho ao nosso e percebemos, incrédulos, que os jogadores da Nigéria estavam hospedados ali! Em um hotel de beira de estrada. O mais incrível ainda é que alguns estavam lavando os uniformes que usaram no dia anterior. Tentamos falar com eles, mas nenhum quis falar, já concentrados para a grande final, quando voltariam a brilhar diante da Argentina.
Jamais esquecerei daquela simpática e talentosa seleção nigeriana, que sem glamour algum, colocou no chinelo a prepotente Seleção Brasileira.