Uma das provas mais desgastantes do esporte é o decatlo, no atletismo. São nada menos do que dez competições realizadas em apenas dois dias: 100 m, 110 m com barreira, 400 m, 1.500 m, salto em distância, arremesso de peso, salto em altura, arremesso de disco, salto com vara e lançamento do dardo. Uma verdadeira epopeia esportiva, para poucos. Foi superando essa maratona que o americano Bruce Jenner faturou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Montreal 1976, com direito a recorde mundial.
Um ano antes, ele já havia brilhado nos Jogos Pan-Americanos de 1975, na Cidade do México, também conquistando a medalha de ouro. Um grande atleta.
Após o final de sua carreira, tornou-se celebridade na TV, casou-se e separou-se duas vezes, até tornar-se padrasto das badaladas irmãs Kardashian. Até que recentemente, em uma entrevista para a rede de TV americana ABC, Jenner assumiu que sempre desejou ser mulher e passou a ser chamado de Caitlyn. “Sempre me senti muito confuso com minha identidade de gênero. Meu cérebro é mais feminino que masculino. As pessoas custam a entender isso, mas minha alma é assim”, disse Jenner à ABC, que posou para a capa da revista Vanity Fair desta semana.
Só que vivemos uma era de pura intolerância e ignorância. Isso ficou claro após a criação de uma petição virtual no site Change.org, pedindo a retirada da medalha de ouro de Jenner.
“Parabenizamos Ms. Jenner e gostaríamos de desejar-lhe o melhor. No entanto, isso cria um problema porque Ms. Jenner afirma que sempre acreditou-se ser feminina e, por isso, violou as regras da comissão em relação às mulheres que competem em esportes dos homens e vice-versa. Pedimos que Ms. Jenner, para apoiar a comunidade transgênero, devolva a medalha obtida por estar competindo contra o sexo errado”, diz um trecho da petição, que já reuniu mais de três mil assinaturas.
O mundo, definitivamente, está perdido…