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Campeiro em Tóquio: Conheça a história João Paulo dos Santos

Com nove anos de modalidade, brasileiro já defende o país em competições internacionais da modalidade e relembra sua história

Pedro Ramos/ rededoesporte.gov.br

O quanto uma vida pode mudar em nove anos? O quanto a sua vida mudou em nove anos? Há nove anos atrás o jornalista que escreve esse texto estava no ensino médio, decidindo se iria mesmo fazer o jornalismo que sempre quis e sonhou ou se seria outra coisa. Pois bem, em nove anos, João Paulo dos Santos deixou de ser campeiro e classificou o Brasil para a Olimpíada de Tóquio 2020.

Na prova de Equitação nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, a equipe brasileira acabou terminando com a medalha de bronze e garantiu sua participação nos Jogos Olimpíadas. Nos dois dias de provas, João Paulo dos Santos acabou sendo o melhor atleta do país, terminando com 69.029, primeiro dia de competições, e 72.685 no segundo.

Há nove anos no esporte, o atleta da Seleção Brasileira de Adestramento vê o seu passado como primordial para que nascesse essa vontade de seguir em um trabalho com o animal. “Eu era campeiro, cuidava de vacas, que é um trabalho diário com cavalo, eu trabalhava com um em específico que era o quarto de milha, e eu tinha o manejo. Por conta disso, eu comecei muito cedo a adestrar cavalo para o trabalho e isso me despertou a vontade de trabalhar com o cavalo”, comentou o atleta.

A transição dos trabalhos como campeiro para se transformar em atleta da Seleção Brasileira de adestramento foi feito por etapas. Antes de disputar provas da modalidade Olímpica, João Paulo dos Santos passou por outra prova equestre, que segundo o atleta, foi fundamental para a transição.

“Comecei a competir na equitação do trabalho, que me parecia com o que eu fazia no meu trabalho e era uma prova que eu gostava de fazer. Quando eu fiz adestramento pela primeira vez, já na São Jorge (uma das provas olímpicas do adestramento), eu não fui tão bem, mas também não fui mal, quando acabei em quinto”, comentou o atleta olímpico.

O atleta olímpico

Nove anos depois de sua primeira prova na modalidade, o ex-campeiro agora é um dos atletas que garantiu o Brasil na Olimpíada de Tóquio. Depois de ter disputado alguns Sul-Americanos, Pan-Americanos, Jogos Pan-Americanos, e ter conquistado duas medalhas de bronze, em Toronto e Lima, o brasileiro não consegue descrever o que sente pelo feito.

“Parece que a ficha não caiu ainda. Por trás disso tem muito trabalho envolvido, tem que se dar valor para esse trabalho. É um trabalho olímpico que vem desde a base, você trabalhar no haras treinando, depois você vai para os jogos sul-americanos, pra poder estar em um Jogos Pan-Americanos, onde é preciso chegar ao pódio para poder ir para a Olimpíada. É muito gratificante isso, você ver que o fruto do seu trabalho foi encontrado”, comentou.

Jonne Roriz/COB

A medalha no Peru deu ao Brasil o direito de ter uma equipe de Adestramento em Tóquio. Contudo, ela não é suficiente para garantir que a equipe brasileira tenha representantes no Japão em 2020. Para que o passaporte dos brasileiros seja mesmo carimbados, é preciso que Confederação Brasileira de Hipismo, CBH, apresente para a FEI, Federação Internacional da modalidade, um certificado com, no mínimo, três conjuntos, formado de atletas e cavalos, que tenham cumprido as exigências para a Olimpíada, até o dia 31 de dezembro de 2019.

Para os requisitos mínimos de elegibilidade para as vagas conquistadas pelo Brasil para Tóquio, cada conjunto precisa obter, em duas competições diferentes, porcentual mínimo de 66% na nota final e na nota atribuída por juiz FEI 5* na prova de grande prêmio nos concursos de adestramento internacionais de níveis específicos pré determinados. Além disto, o juiz FEI 5* precisa ser de nacionalidade distinta do atleta.

Atualmente, o Brasil só tem um conjunto cumprindo esse requesito. Trata-se de Leandro Aparecido da Silva que, na disputa dos Jogos Pan-Americanos de Lima, conseguiu  67,326, na prova do Grande Prêmio, sendo 68,478 a nota da juíza de nível cinco presente na prova, segundo informação no site Adestramento Brasil.

João Paulo dos Santos iria rir de si mesmo 

Imagine-se encontrando com você mesmo de nove anos atrás. Imagine-se contando para ele tudo que você conseguiu nesse período. O que você acha que esse você do passado falaria? Para João Paulo dos Santos a resposta é simples e fácil.

“Ele iria rir de mim. Ele iria falar que era quase que impossível, certeza. Naquele começo era quase que tudo muito incerto, hoje eu já tenho noção da minha capacidade, do que eu consigo fazer dentro da pista, tenho muita confiança no que eu consigo fazer e o que a minha equipe consegue”, comentou o atleta.

Medalhista dos Jogos Pan-Americanos pela segunda vez na carreira, com nove anos de Adestramento e muitos mais vivendo sobre o cavalo o, hoje atleta do Adestramento brasileiro, não sabe o que é viver sem a modalidade. Quando perguntado sobre o que é sua vida sem estar em cima de um cavalo praticando o esporte, o brasileiro, com os olhos um pouco marejados, é enfático. “João Paulo sem o adestramento já quase não existe mais”, finaliza João Paulo dos Santos.

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