Depois de derrotas seguidas para Hungria, França e Holanda, o Brasil entrou na última rodada da primeira fase do handebol feminino para um jogo de vida ou morte contra Angola. As brasileiras precisavam vencer para se classificar para as quartas de final dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, enquanto para as africanas bastava o empate. Mas a equipe nacional não deu chances para o azar, fez um grande jogo, derrotou o adversário com extrema autoridade por 30 a 19 e carimbou o passaporte para a próxima etapa da competição.
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Com sete gols, Gabriela Bitolo foi a artilheira do jogo. Samara Vieira, com seis, Bruna de Paula e Ana Cláudia Bolzan, ambas com quatro, também se destacaram, assim como a goleira Gabi Moreschi, que mais uma vez fez defesas incríveis.
“A gente se mobilizou como time. A gente falou que a gente não ia ter nenhuma chance para elas de acreditarem que elas podem ganhar da gente. Eu acho que a gente mostrou desde o começo que hoje não era o dia delas e hoje era o nosso dia, independente de qualquer coisa. A gente ia dar o nosso melhor dentro de quadra e hoje, infelizmente, para elas o Brasil foi o melhor e a gente mostrou isso dentro de quadra”, analisou Bruna de Paula.
Próxima fase
Com apenas duas vitórias em cinco jogos, o Brasil se classificou em quarto lugar do Grupo B. Agora, vai enfrentar nas quartas de final quem terminar como líder do Grupo A. A definição vai acontecer ainda neste sábado. Noruega, Suécia e Dinamarca estão empatadas com seis pontos (três vitórias e uma derrota). Elas enfrentam, respectivamente, Alemanha (às 14h), Eslovênia (às 11h) e Coreia do Sul (às 16h).
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As três equipes têm tudo para vencerem seus jogos neste sábado e aí a definição sobre quem ficaria com a primeira colocação seria nos critérios de desempate. Mas, independente de quem seja, será uma pedreira para a seleção brasileira, que viveu altos e baixos na primeira fase do handebol feminino em Paris-2024.
“É, a gente sabe que do outro lado tem muita gente boa, é difícil escolher. É muito difícil. Você fala assim, quem você quer escolher? Eu acho que pra quem tá numa Olimpíada, não tem que escolher e esse grupo quer fazer a história. Temos que jogar independente de quem esteja do outro lado e fazer o nosso trabalho em primeiro lugar”, acredita Paty Matieli. “O nosso grupo é um grupo muito bom, muito talentoso e que pode brigar por muitas coisas muito grandes, mas só precisa jogar o nosso jogo com paciência”, acrescentou Gabi Moreschi.
Começo avassalador
Depois do brilhante jogo de estreia em que o Brasil venceu a Espanha por 29 a 18, a equipe perdeu para a Hungria por 25 a 24 com um gol sofrido a quatro segundos do fim e depois foi dominada pela França, campeã olímpica e mundial, por 26 a 20 e pela Holanda por 31 a 24.
Contra Angola, que também venceu a Espanha, perdeu para França e Holanda, mas empatou com a Hungria, o Brasil fez uso de todas as suas melhores armas para não dar chances para as rivais. As africanas abriram o placar com Helena Paulo. Mas logo o resultado chegou a 4 a 1 para as brasileiras com gols de Gabriela Bitolo, Samara Vieira (2), Jéssica Quintino.
Com a vantagem de três gols, começou a surgir aquela que talvez seja o principal nome do Brasil: Gabi Moreschi. A goleira fez duas defesas cara a cara em arremessos de Natalia Santos e depois em mais três tentativas de Stelvia Pascoal.
“Eu tô muito feliz que tudo deu certo, hoje eu realmente me preparei bastante pra esse jogo assim como para os outros também. Eu tô bem focada nessas Olimpíadas, eu nem saio do meu quarto direito… Estou estudando bastante, me dedicando bastante porque eu quero representar o nosso Brasil da melhor forma possível. Claro, eu entrei com a mesma seriedade em todos os jogos, mas acho que esse teve um quê a mais. Era a nossa qualificação e eu tô muito feliz que eu consegui colocar minha personalidade em quadra também e ajudar o nosso Brasil da melhor forma possível”, comemora Gabi Moreschi, que defendeu sete dos nove primeiros arremessos feitos por Angola.
Ponte aérea
Com o sucesso na defesa, o Brasil foi ampliando a vantagem no ataque. No nono gol, a jogada foi fantástica. Na ponta Jéssica Quintino cruzou a bola para o centro, onde Bruna de Paula completou a ponta aérea com muita categoria para a rede.
“A gente focou muito nos 10 primeiros minutos para colocar o nosso ritmo de jogo e acho que isso funcionou”, conta Gabi Moreschi. “Sabemos que o time da Angola é um time físico, né, e que eles jogavam muito com a pivô, que é uma peça muito importante no ataque delas. A gente logo no primeiro tempo conseguiu, como é que eu posso dizer, fazer com que elas não jogassem. Elas procuravam a pivô e não conseguiam achar. Então acho que a defesa foi um ponto muito importante dentro do jogo. E a bola que passava a Gabi ainda pegava”, completou Paty Matieli.
Enquanto o Brasil brilhava tanto na defesa quanto no ataque, Angola passou longos 11 minutos sem marcar. O jejum só foi acabar com Chelcia Gabriel, mas o placar já era de 10 a 3 a favor das brasileiras.
Gabriela Moreschi voltou a brilhar em duas defesas seguidas diante de Stelvia Pascola, mas, apesar disso, nos dez minutos finais do primeiro tempo, as africanas voltaram a marcar mais três vezes e foram para o vestiário com um prejuízo de 14 a 6.
Fase final
Na volta do intervalo, Angola fez o que pôde para evitar a derrota, que significava a eliminação dos Jogos Olímpicos. Mas o Brasil teve uma atuação muito firme e consistente. Enquanto o ataque continuava com a produtividade em alta, Gabriela Moreschi aparecia para fazer a diferença sempre que necessário.
Com 13 minutos do segundo tempo, a diferença chegou a 12 (24 a 10) com um gol marcado por Ana Cláudia Bolzan. Daí em diante, foi só administrar até garantir a vitória por 30 a 19.