Pode-se dizer que a conquista do Campeonato Mundial de handebol feminino em 2013 foi um dos grandes feitos do esporte brasileiro na década passada. A campanha histórica na Sérvia marcou uma geração de jogadoras e colocou holofotes em uma modalidade pouco reverenciada no país. Ana Paula Rodrigues ganhou status de lenda como uma das protagonistas daquela seleção. Durante o Sem Limites, ela relembrou todos os sentimentos do título, mas se disse frustrada com os rumos do handebol nos últimos anos.
Euforia após a conquista
“Eu lembro que no dia seguinte ao jogo, eu abri a janela do hotel e gritei “Eu sou campeã do Mundo!”. Para todo lado que ia, gritava “Eu sou campeã do Mundo!”. Falei que quando chegasse no Maranhão, eu iria passar o Natal com a minha medalha no peito, não vou tirar essa medalha”, disse Ana Paula. Ela marcou quatro gols na vitória por 22 a 20 contra as anfitriãs na decisão.
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“Foi lindo. Quando cheguei no Maranhão, tive uma recepção maravilhosa. Fiquei em São Luís e minha comunidade me recebeu com muito carinho. Depois, fui para o interior onde meus pais nasceram e foi a coisa mais emocionante de todas as carreatas que já tive. Tipo, um montão de moto e um montão de carro. O orgulho dos meus pais, foi, assim, maravilhoso. Não tenho palavras para descrever”, completou.
Era de resultados históricos
Ana Paula destacou que o título Mundial em 2013 foi fruto de muito trabalho, que começou muitos anos antes. Mais precisamente em 2009, com a chegada do treinador dinamarquês Morten Soubak. Sob o comando dele, o Brasil também conseguiu seu melhor resultado na história dos Jogos Olímpicos quando alcançou as quartas de final na Rio-2016.
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“O Morten assumiu em 2009, logo após Pequim. De 2009 a 2013, foi uma longa caminhada, muito trabalho, muita dedicação de todo mundo. Foi feito um planejamento muito legal. Eu falo que até 2016, porque até hoje foi o melhor resultado nos Jogos Olímpicos. Às vezes as pessoas criticam ‘Ah, em 2016, o Brasil poderia chegar mais longe, poderia medalhar’. Poderia, mas ninguém lembra que foi o melhor resultado que a gente fez”, disse.
Nenhuma mudança
A jogadora revelou frustração, pois tinha a esperança de mais investimento e visibilidade no handebol do Brasil após a conquista. “É frustrante pra gente que foi campeã do Mundo […) Acho que no ano em que a gente foi campeão do mundo acabaram duas ou três equipes (clubes do Brasil). Aí você pensa, poxa eu sempre ouvi que quando a gente tivesse um título de expressão, as coisas iriam mudar. A gente foi campeã do mundo e nada mudou”, contou.
“Falta muito investimento para as equipes, a visibilidade porque acho que você vai querer tua empresa em uma esporte que não tem visibilidade. Então, os patrocinadores, as empresas e as pessoas não vão se interessar”, concluiu.