Aos 27 anos, Rogério Moraes é um dos nomes mais fortes do Brasil na Europa nos últimos anos. Presente na convocação da seleção brasileira nos últimos anos e na lista para os Jogos Olímpicos de Tóquio, o pivô está na história do país ao ser o primeiro atleta brasileiro a ser bicampeão da Champions League de handebol, ambos com o Vardar da Macedônia. Apesar das glórias, o pivô teve uma vida difícil e só chegou onde chegou por conta da mãe e da avó. “Elas me ensinaram que o trabalho duro dá frutos”.
Natural de Abaetetuba, uma cidade pequena, de 150.000 habitantes no Pará, Rogério Moraes esteve perto do caminho do crime e não esconde isso. “Abaetetuba é perigosa. Era perigoso quando eu era criança e ainda é perigoso agora. Há muita violência, há tráfico de drogas. As pessoas estavam, e ainda estão, envolvidas nisso. Teria sido fácil para mim ser sugado para uma vida perigosa, para uma vida de crime. Mas eu tive alguns anjos da guarda: minha mãe e minha avó que se esforçaram muito na minha educação”.
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Começo no esporte e chegada na Europa
A escolha pelo esporte levou em conta alguns aspectos. Com mais de 2 metros de altura e se definindo como uma pessoa “pesada”, Rogério Moraes teve que trocar o futebol pelo handebol. Na nova quadra, o pivô da seleção brasileira começou querendo ser goleiro e só não seguiu embaixo das traves por uma decisão de um de seus primeiros treinadores.
“Meu plano era ser goleiro, mas meu primeiro treinador me disse que, pelas minhas qualidades físicas, não havia chance de eu ficar entre as traves. Não, era de volta ou um jogador de linha. Por isso, experimentei um pouco e quando vi as pessoas torcendo pelos gols que fiz, sentindo aquela onda de adrenalina, só me convenceu que era a coisa certa a fazer”.
De gol em gol, Rogério saiu de Abaetuba, saiu do Brasil e ganhou o mundo. Com apenas 21 anos de idade, o pivô da seleção brasileira chegou no velho continente pela Alemanha. O primeiro clube do jogador fora do Brasil foi o THW Kiel e, por vários fatores, a chegada não foi fácil.
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“Em primeiro lugar, a mudança para a Alemanha foi um choque. A vida perigosa que eu levava no Brasil se foi. Todos os meus companheiros e tudo que eu estava acostumada se foram. Era algo novo, algo não tão perigoso quanto eu sentia na minha pele em casa. No entanto, era algo que eu tinha um pouco de medo. Quando fui para Kiel, só falava português, nenhuma palavra de inglês. Foi um choque, mas fiz o que sabia melhor. Trabalhe duro, ainda mais forte e leve no queixo”.
O auge na Macedônia
Após uma temporada na Alemanha, Rogério Moraes mudou mais uma vez e foi para o Vardar, na Macedônia. Atuando na nova equipe, o brasileiro entrou para a história do handebol brasileiro. “Assinei pelo Vardar em 2016 e, um ano depois, vencemos a Liga dos Campeões da EHF”.
Além do título, Rogério disputou mais dois Final Four da maior liga de handebol do mundo e, na temporada 2018/2019, entrou para a história do Brasil como o primeiro jogador do país a ser bicampeão da Champions League, conquistando o título mais uma vez com o Vardar. “Fiquei olhando para a tela por alguns minutos e percebi. Agora estou no topo do mundo. Estou com os melhores, depois de alguns anos eu nem era profissional em Abaetetuba. Que sensação incrível. E pensar que estou onde estou, enquanto o handebol era apenas um hobby. Eu sou um cara de muita sorte”.
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Após o bicampeonato da Europa, Rogerio Moraes saiu do Vardar e fechou com o Veszprém, da Hungria. Após uma temporada fora do comum, por conta da pandemia do coronavírus, o brasileiro poderia voltar ao Final Four da competição europeia com a equipe, mas acabou eliminado nas quartas de final pelo Nantes, da França