“Tum tum, tum tum, tum..tum, tum…..tum, tum…, …..”
O que você faria se o coração da pessoa que você mais ama na vida parasse de bater? O que você faria se o coração da sua mãe parasse de bater? Patricia Matieli decidiu levar uma representação da mãe para o handebol e passou a “jogar” com ela todas as partidas.
Há mais de seis anos, o mundo de Matieli se estremeceu. Dona Sônia Matieli, mãe da jogadora da seleção brasileira de handebol, sofreu um infarto. De forma fulminante e sem aviso prévio, o coração de Sônia parou de bater e Patrícia sentiu.
Jogando no Brasil na época do acontecido mas sem estar por perto da mãe neste momento difícil, a jogadora tomou uma decisão. “Eu uso o número 49 desde que eu estava na Metodista São Bernardo. Decidi por ele porque foi com essa idade que minha mãe sofreu um infarto severo e nem a medicina explica como ela conseguiu sobreviver. É a maneira que eu encontrei de homenagear e jogar com ela”.
Começo de tudo
Assim como boa parte das atletas profissionais, o começo de Matieli no esporte teve uma influência direta da família e da escola. Se considerando “muito ativa” desde cedo, a escolha pelo caminho esportivo foi natural. “Comecei jogando no meu colégio com 11 anos, eu já praticava outros esportes e conheci o handebol através do convite da minha prima que fazia parte da equipe de handebol do colégio. Depois que joguei a primeira vez não parei mais”.
Atleta de diversas modalidades, a jogadora da seleção brasileira teve que fazer uma escolha após um período e ela acabou não sendo difícil. Um pouco mais velha, mas ainda na escola, a atleta recebeu uma bolsa de estudos em um colégio para jogar handebol e preferiu a modalidade.
Destino: Europa
O passo para o handebol deixar de ser uma forma de estudar em um colégio melhor e passar a ser profissão aconteceu de maneira natural. Depois de algum tempo no Rio de Janeiro, seu estado natal, Patricia Matieli foi contratada para atuar pela extinta equipe da Metodista São Bernardo, foi bicampeã da Liga Nacional e decidiu migrar para a Europa.
Longe do Brasil desde 2015, a escolha do país para jogar na Europa foi pouco usual. Normalmente, quando falamos do handebol, a Espanha aparece como um país “porta de entrada” dos brasileiro no velho continente. Entretanto, Patricia Matieli decidiu por uma rota pouco comum na modalidade.
“Sei que a Espanha é uma porta de entrada mais natural por ser um país mais parecido com o Brasil. Eu já tinha recebido outras propostas mas não me interessei. Quando surgiu a proposta do Vistal Gdynia, da Polônia, era o fim da temporada brasileira, então veio no momento ideal. A proposta era boa e, por mais que a Polônia tenha uma grande diferença cultural, clima e idioma, eu aceitei esse desafio com a mente aberta e estou aqui até hoje, já são 5 temporadas”.
Trajetória
No velho continente, Patricia já defendeu Vistal Gdynia, entre 2015 e 2018, e desde então é jogadora do MKS Zagebie Lublin. Na Polônia a jogadora já conquistou uma Liga Nacional e uma Copa do país, além de ter sido eleita melhor armadora central da liga polonesa em 2019/2020.
Na atual edição do torneio nacional, Matieli vem tendo destaque de maneira constante. Além de concorrer ao prêmio de melhor jogadora do mês de fevereiro e ser uma das artilheiras da equipe na temporada, a brasileira vem sendo cada vez mais decisiva e importante para o Zagebie, que lidera a liga nacional e não perde um jogo na Polônia desde janeiro.
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Sobre o atual momento da carreira, Matieli é direta. “Desde que cheguei na Polônia tive um crescimento como atleta e também como pessoa e sinto que posso evoluir ainda mais. Ao longo dos últimos anos eu fiz algumas escolhas e hoje percebo o resultado positivo que elas me trouxeram. Hoje me sinto confortável dentro da minha equipe, sei da importância e responsabilidade que tenho perante o time e isso vem refletindo positivamente dentro de quadra”.
Chegada já experiente na seleção brasileira
A partir do momento em que ganhou destaque dentro de quadra na Europa, Matieli cresceu também na seleção brasileira. Presente em convocações para treinamentos, a jogadora passou a competir de maneira oficial em 2017 com a equipe nacional e, desde então, não saiu mais.
Presente nas disputas de dois mundiais, uma edição de Jogos Pan-Americanos e outros torneios do período, a atleta de 32 anos busca estar na primeira Olimpíada da carreira, em Tóquio 2020.
“É natural que com o tempo a gente ganhe experiências e tenho certeza que a minha vinda para a Polônia tem grande importância nessa mudança (dentro da seleção brasileira). Hoje eu estou mais confiante, me sinto mais preparada e quero conquistar grandes resultados com esse grupo. Tenho que continuar trabalhando forte, ter consistência, acreditar no processo e dar o meu máximo para estar dentro do grupo que representará o Brasil em Tóquio”, finaliza Matieli.