Em meio a um conturbado ambiente com constantes trocas de treinador das seleções, presidente sob acusações de assédio sexual e moral, carta dos jogadores em protesto a gestão do esporte e muito mais, a ABRAHAND (Associação Brasileira de Handebol) está a pouco mais de um mês de estrear a Liga Hand feminina, em uma tentativa de propor novos rumos à modalidade no Brasil.
Em entrevista exclusiva, o Olimpíada Todo Dia falou com Ricardo Bochiccio, presidente da ABRAHAND, sobre as expectativas para a estreia da Liga, a relação com a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) e a parceria com as atletas dos clubes. Também conversamos com Agda Rafaela, que participou ativamente da idealização do projeto e o vê como uma “luz no fim do túnel” no conturbado cenário do handebol brasileiro. Confira!
Relação institucional
Trabalhando como Coordenador Geral de Esportes da Universidade Paulista (Unip) há um tempo, Ricardo Bochicchio tinha o sonho de ajudar o handebol feminino. De acordo com ele próprio, a ideia da Liga Hand saiu do papel sem a ajuda da maior entidade do handebol do país.
“A CBHb vem há alguns anos com algumas mudanças em suas atividades que não cabem. No meu caso, que sempre fui diretor de equipe, sempre percebi a falta de atenção da CBHb em relação às competições nacionais e de base. Quando você tem uma visão de apoio a modalidade e percebe que o ecossistema sofre devido as condições internas da entidade, você procura pensar o que você pode fazer para mudar esse quadro,” explicou Ricardo Bochiccio.
“Hoje a relação com a CBHb é institucional, nada mais que isso. A Liga Hand feminina e os clubes que a formam querem dialogar com a CBHb e poder acertar as melhores práticas de governança para que possamos oferecer o melhor para as atletas e comissões técnicas e para os times,” completou Ricardo Bochiccio.
Diálogo com as atletas
O convite para a filiação a ABRAHAND foi aberto em dezembro de 2019 às maiores potências do handebol feminino nacional e obteve adesão dos principais clubes do país: Esporte Clube Pinheiros, Unip/São Bernardo do Campo, Handebol Concórdia, Furb/Blumenau, Handebol Clube (Vitória ES), Handebol Maringá, Força Atlética e Fag/Cascavel.
Um dos maiores trunfos é o diálogo com as atletas, fundamental para o desenvolvimento da Liga. Destaque da seleção brasileira juvenil em 2019 e do Concórdia, Agda Rafaela, que fez parte da fundação da entidade, explicou que as vozes das jogadoras foram bastante ouvidas durante a pandemia.
“A gente pode colaborar trazendo pontos positivos de ligas que a gente já jogou. Demos pitacos. Conseguimos trazer coisas que não deram certo e o que funcionou. Foi um processo colaborativo incrível. Espero que dure anos e só melhore daqui para frente,” avaliou Agda Rafaela.
Luz no fim do túnel
A 1ª edição da Liga Hand feminina ocorrerá no formato de sede única em Blumenau, de 15 a 19 de dezembro. O torneio ocorrerá sem a presença de público e com todos os protocolos de segurança para garantir a saúde das atletas.
“É uma luz no fim do túnel. A nível de planejamento e organização em um ano tão incerto, a gente conseguiu se organizar com todos os cuidados necessários. É uma luz segura, com base, que tem tudo para dar certo,” finalizou Agda Rafaela.