Por conta da pandemia do novo coronavírus, as quartas de final da Champions League de handebol feminina podem não acontecer. Isso porque na última sexta-feira (24), a Federação Europeia (EHF) tomou uma série de decisões que podem prejudicar quatro times, incluindo, o Rostov, da Rússia, atual vice-campeão da competição e que conta com a brasileira Mayssa Pessoa no elenco.
Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, a goleira explicou a situação e como está o seu sentimento e o de suas companheiras de equipe nesse momento.
Entenda a situação
A fase de grupos da Champions League, chamada de Main Round, terminou nos dias 7 e 8 de março. As quatro melhores equipe dos dois grupos com seis integrantes em cada avançou às oitavas de final, colocando em disputa os melhores de cada chave com os quartos colocados e os segundos com os terceiros.
Assim sendo, os duelos das quartas seriam os seguintes: o atual tricampeão Gyori, de Duda Amorim, enfrentaria o CSM Bucaresti, da Romênia. O Metz, da França, encararia o SCM Râmnicu Vâlcea, da Romênia; o Team Esbjerg, da Dinamarca, pegaria o Budućnost, da Macedônia, e o Brest Bretagne, da França, pegaria o time russo de Mayssa Pessoa.
A partida de ida das quartas ocorreria entre os dias 3 e 5 de abril, uma semana antes dos jogos da volta, na casa dos times de melhor campanha. Quando a pandemia atingiu a Europa, a EHF adiou os jogos para junho.
+ FEDERAÇÃO DEFINE NOVAS DATAS PARA OS PRÉ-OLÍMPICOS
Na sexta-feira (24), como dito, a entidade anunciou que os jogos foram cancelados, mas que estão tentando realiza-los em partida única, sem a presença de público, dois dias antes do Final Four (nome dado às semifinais da Champions), que acontece em Budapeste, na Hungria, entre os dias 5 e 6 de setembro.
E se, de fato, cancelar?
Se a possibilidade das quartas de final ocorrerem em partida única e sem público não ocorrer, a EHF determinou que será realizado somente o Final Four, com os vencedores e segundos colocados nos grupos do Main Round como participantes.
Estariam classificados portanto Györi, Brest Bretagne, Metz e Esbjerg.
Rostov, Buducnost, CSM Bucaresti e SCM Râmnicu Vâlcea seriam eliminados, o que seria uma grande injustiça. Para se ter uma ideia, das 10 maiores artilheiras da competição até aqui, quatro pertencem a esses quatro times, incluindo a montenegrina Jovanka Radicevic (do Buducnost), líder em gols até aqui com 98 no total.
O Rostov, de Mayssa, ficou em terceiro lugar no grupo um atrás de Metz e Esberg, apenas nos critérios de desempate. Se a equipe tivesse marcado 10 gols a mais na competição, por exemplo, teria sido líder do grupo e estaria garantida no Final Four.
“Não vai acontecer”
Segundo Mayssa, as chances desse cancelamento acontecer são pequenas. A goleira vice-campeã da Europa com o Rostov no ano passado revelou ao OTD que há um motivo por trás para que isso não ocorra e que deve fazer a EHF se virar para marcar as quartas de final em jogo único na Hungria no dia 3 de setembro.
+ SIGA O OTD NO FACEBOOK, INSTAGRAM, TWITTER E YOUTUBE
“Se tentarem fazer com que só quatro equipes avancem direto ao Final Four, acabará a Champions League sem jogos e sem um campeão. Isso porque o maior e principal patrocinador da competição é a Delo, e o presidente da empresa é russo e também preside a Federação Russa. Ele falou que a nossa equipe tem que disputar as quartas antes do Final Four,” explicou Mayssa, referindo-se ao russo Sergey Shishkarev.
Isso pode explicar o porquê da EHF estar fazendo esforços realizar os jogos das quartas de final somente na Champions feminina. Na masculina, o torneio irá direto ao Final Four, de acordo com a nota publicada na última sexta-feira.
“A informação que passaram é que [as quartas de final] serão em setembro. Se eles [a EHF] não fizerem em setembro, tentarão em outubro. Caso vá direto pro Final Four, podem perder o principal patrocinador. E eles [a EHF] não conseguirão organizar sozinhos por conta dos gastos,” completa Mayssa.
Estranho, mas é o que tem
Se as quartas de final ocorrerem antes do Final Four em Budapeste como Mayssa, o Rostov e boa parte dos fãs de handebol querem, a partida contra o Brest Bretagne ocorrerá longe da Rússia, e muito provavelmente sem público. Mayssa concluiu dizendo que isso seria uma experiência diferente, mas que não há outra alternativa no momento.
“É estranho mas não tem opções, essa é a única que existe. E talvez nem ocorra nenhum jogo nem no masculino nem no feminino. Colocaram em setembro porque acreditam que o vírus estará com menos força na Europa. Mas nós não sabemos; até agora não existe vacina contra a Covid 19, não dá pra saber nada do futuro,” finalizou Mayssa.