Atletas brasileiros que jogam no handebol da Romênia estão se unindo contra uma possível volta dos jogos do Campeonato Romeno. A entidade máxima da modalidade no país trabalha com a perspectiva de reiniciar a competição em junho e, para isso, espera que o estado de emergência, decretado até 15 de maio, não seja prolongado. Porém, essa notícia não foi bem recebida pelos protagonistas do esporte, que são contrários ao retorno.
Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, os atletas brasileiros do handebol Henrique Teixeira, do CSM Bucureşti, Samara Vieira, do SCM Râmnicu Vâlcea, e Mariana Costa, do Gloria Bistrița, destacaram que os dirigentes deveriam pensar, em primeiro lugar, na saúde dos atletas levando em conta os riscos da pandemia de coronavírus, que fez com que vários eventos esportivos fossem cancelados.
“Muitos atletas estão contra essa decisão, mas o presidente da federação romena não está se importando com isso”, disse Samara . “Tenho medo de verdade sobre essa decisão. Friso que ainda não saiu nada oficial e, sinceramente, espero que não seja real porque o risco que corremos é grande por conta da pandemia”, acrescentou Mariana. “A decisão pela continuidade é política, considero equivocada e os atletas ficam refém disso”, completou Henrique.
Samara revela revolta das atletas
Segundo Samara, campeã dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, a proposta dos dirigentes do handebol romeno é de os clubes realizarem 10 partidas em 22 dias em junho, com a volta aos treinos no dia 16 de maio.
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“Os atletas se mobilizaram para tentar impedir a continuação da liga. Todos os países tops que jogam handebol já cancelaram e a Romênia quer voltar com a competição. Acho falta de respeito com os atletas e de humanidade. É preciso ter um pouco de empatia porque estão colocando nossa vida em risco”, destacou a jogadora.
A atleta do SCM Râmnicu Vâlcea considera o cenário preocupante. “Se alguém envolvido nos jogos estiver contaminado e passar o vírus adiante não vão arcar com as consequências. E nós também não sabemos se estamos com a imunidade forte o suficiente para lutar contra esse vírus”, disse.
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“Muitas atletas estão revoltadas e espero que tenham um pouco de cuidado conosco. Estão colocando a saúde dos atletas em perigo para não perder dinheiro. Acho um absurdo e sou completamente contra que continuem com a liga esse ano”, afirmou Samara.
Mariana treina enquanto aguarda por definições
Além da medalha de ouro no Pan de 2019, Mariana fez parte do elenco que conquistou o inédito título do Campeonato Mundial, em 2013, na Sérvia. A jogadora do Gloria Bistrița está na Romênia e contou que a cada dia os números de infectados aumentam, assim como no restante do mundo.
“É momento de total cuidado e cautela por não saber o que vai acontecer amanhã, já que as coisas mudam a todo o momento. Acho que boa parte da população aderiu, mas não o necessário para que haja relaxamentos de medidas de circulação”, relatou.
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Enquanto a situação do coronavírus não passa, Mariana treina em sua residência e prioriza os cuidados com a saúde. “Ágora é momento de nos cuidarmos e respeitarmos as orientações de saúde. Enquanto isso, sigo me mantendo ativa e treinando em casa como posso”, concluiu a ponta direita.
Henrique está preocupado com a volta dos jogos
Presente no grupo que disputou os Jogos Olímpicos Rio-2016, Henrique foi um dos atletas brasileiros que se pronunciou. Ele conquistou também a medalha de ouro no Pan-Americano de Toronto-2015 e a prata em Guadalajara-2011. O atleta reprovou a chance de retorno do campeonato e apresentou a situação da pandemia na Romênia.
“Penso que é uma atitude sem necessidade, tendo em vista que todas as competições foram canceladas. Ficar dois meses parado, retornar em duas semanas e se preparar para jogar o resto da liga pode prejudicar os atletas fisicamente. E também corremos o risco de pegar a doença que está evidente no mundo inteiro”, comentou.
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“A situação do coronavírus aqui é igual ao restante do mundo. Já tem mortes e cerca de 10 mil casos confirmados. Estamos todos dentro de casa e quem sair de casa leva multa. Já estamos nessa situação há 45 dias”, concluiu Henrique.