Acabou! Washington Nunes foi escolhido técnico da Seleção Brasileira de Handebol Masculino em 2017 para o ciclo até Tóquio 2020 e foi demitido nessa sexta-feira (16). Responsável pela histórica campanha no último Mundial com o nono lugar geral, mas também pelo terceiro lugar nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, que terminou sem a vaga olímpica, Washington e a direção da Confederação Brasileira de Handebol conversaram nessa tarde e a decisão foi desligar a comissão técnica.
“Estamos no Brasil, né? Assim como o futebol, o esporte cobra por resultados. Eu não esperava, mas sabia que isso poderia acontecer. Entendo que o resultado não foi o esperado, mas sei do potencial desse grupo e torço por eles,” disse Washington em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.
“São opções. O Tite não foi mandado embora depois de perder uma Libertadores, depois acabou ganhando o Mundial. Pode dar certo, como pode não dar também”, concluiu o treinador, citando o exemplo do atual técnico da seleção brasileira de futebol, que não foi demitido pelo Corinthians após a vexatória eliminação na Pré-Libertadores em 2011, mas venceu a competição continental no ano seguinte.
Nesta semana, o pivô Rogerio Moraes anunciou seu afastamento da seleção brasileira de handebol depois de, segundo ele, ser pouco aproveitado pelo técnico Washington Nunes durante dos Jogos Pan-Americanos. O Brasil ainda não sabe se terá a oportunidade de disputar o Pré-Olímpico. A Seleção precisa torcer para o Egito ser campeão africano, em janeiro do ano que vem, para herdar a vaga para ter a chance de brigar pela vaga na Olimpíada de Tóquio.
Por sua vez, Washington Nunes fez, dias atrás, um balanço da participação do Brasil nos Jogos Pan-Americanos. Pela primeira vez desde 1987, o país não chegou à final do torneio de handebol masculino, que dava ao campeão a classificação para a Olimpíada. “Primeiro acho que tem uma avaliação do percurso, da fase de treinamento e depois a fase competitiva. Acho que o percurso foi excelente, tivemos uma baixa significativa que foi a ausência do Zé Toledo. Ele machucou o joelho e, quando se apresentou estava sem condições de dar continuidade, e acabamos tendo que cortá-lo. Trabalhamos bastante bem. Toda fase de preparação a gente julgou ser muito boa. O nível de preparação física estava muito alto, inclusive com acompanhamento do pessoal da bioquímica do COB, que chegou a questionar se a gente foi treinar em altitude de tanto que eles estavam bem fisicamente. Então, esse é um quadro positivo e, taticamente, a gente acreditou ter trabalhado muito bem. O resumo é que o percurso foi excelente, mas o resultado foi bem abaixo do que a gente esperava”, analisou o treinador.
Se a preparação foi boa, o que faltou foi ritmo de jogo para que a equipe pudesse apresentar o mesmo nível que a levou, em janeiro, ao nono lugar do Mundial, que foi o melhor desempenho da história. “Pensando um pouco numa organização de jogo e de atleta, é bastante significativo quando eles têm uma temporada de jogos e a gente não teve essa temporada. A gente praticamente entrou no Pan para jogar a primeira partida do ano, na verdade, da temporada deles”, explica. “Também participamos de uma chave teoricamente um pouco menos forte e isso não dá um jogo difícil para gente. Do outro lado, tinham três equipes fortes e mais os Estados Unidos, que estão em crescimento. Então, todo mundo jogou três partidas fortes. Deu para testar um pouco a equipe contra uma equipe difícil. A gente teve o primeiro time teoricamente difícil na semifinal contra o Chile”.
“Durante a competição, nós fomos mal. Não conseguimos ser regular. Fomos muito inconstantes. Em alguns momentos a equipe jogou muito bem e, em alguns momentos, com dificuldade, mostrando erros que a gente não vinha cometendo e não cometeu no Mundial, como as ações de um contra o goleiro e alguns erros defensivos. Isso não nos deu condições de passar pelo Chile. Isso foi muito ruim e a gente acabou indo disputar o terceiro lugar. Na disputa do bronze, a gente conseguiu ser mais regular e jogou melhor a partida”, finalizou.
Com isso, termina mais uma passagem de Washington Nunes pela Seleção Brasileira de handebol masculina, a primeira como técnico principal. Nas duas anteriores, o técnico fez parte da comissão ou assumiu como interino até a definição de um nome. Agora, o Brasil aguarda um anúncio sobre novo treinador, que não tem data para acontecer já que os torneios só acontecem em janeiro do próximo ano. A CBHb não vive bom momento financeiro, mas mesmo assim pode buscar técnico estrangeiro com ajuda do COB.