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Técnico da seleção feminina de goalball desestimula chute típico do Brasil

Jônatas Castro afirma preferir arremesso de frente no lugar do salto de costas com disparo por baixo das pernas, porém entende não ser na seleção o âmbito mais correto para uma mudança

Carol Duarte seleção brasileira de goalball feminino arremesso costas
Carol Duarte executando, de costas para a meta rival, o clássico arremesso brasileiro (Takuma Matsushita/CPB)

É muito característico da seleção brasileira de goalball feminino um tipo de arremesso diferente dos adotados pelas outras equipes de ponta do mundo. É um salto de costas para a meta adversária, seguido do disparo por debaixo das pernas. Jônatas Castro, recém confirmado como novo técnico do time nacional, não é dos mais fãs dele, prefere o chute de frente, com ou sem giro. Ele afirma, porém, que uma eventual mudança não deve estar prioritariamente no âmbito da seleção, mas na formação das atletas.

“Eu trabalho bastante com escolinhas e formação de atletas e particulamente não ensino esse tipo de arremesso”, diz. O treinador do time feminino explica que o tiro de costas com as duas mãos é mais fácil de ser ensinado para uma criança, porque permite melhor controle e um lançamento com mais força. Porém, o arremesso de frente, e com giro, tem mais variações, pois muda mais facilmente a altura da bola. Na seleção, Jônatas Castro afirmou não ter como fazer mudanças drásticas. “Se é eficiente, rompe a defesa adversária, preciso contar com ele. Não tem como mudar na seleção. Eu tenho de pensar na eficiência. Algumas atletas, não são muitas, conseguem evoluir nesse arremesso (de costas) com muita eficiência. Algumas começam e, aos poucos, vão migrando para o de frente ou com giro.” (veja abaixo o arremesso de costas e os demais)

Ele dá a entender, porém, que busca alguma mudança no arremesso mesmo dentro da seleção de goalball feminino. “Temos de ver como vamos fazer isso, porque nossas duas principais arremessadoras na Paralimpíada batem entre as pernas. Temos de avaliar ainda, claro, mas isso deixa o jogo mais previsível, dificulta fazer mais gols contra quem nos conhece, como os Estados Unidos, por exemplo”. O time norte-americano bateu o brasileiro nas duas partidas que fizeram em Tóquio, sendo o segundo deles valendo pela semifinal.

Jéssica Victorino seleção brasileira de goalball feminino Jogos Paralímpicos Tóquio 2020 arremesso frente
Jéssica Victorino arremessando de frente (Takuma Matsushita/CPB)

Ataque e defesa

Os modelos de ataque, aliás, foram uma das coisas que Jônatas Castro disse ter se surpreendido no goalball feminino durante os Jogos Paralímpicos de Tóquio. “Se aproximou mais do modelo de jogo do masculino”, explica. “A parte ofensiva do masculino sempre foi muito forte, todas as equipes sempre tinham pelo menos dois atletas que arremessavam muito forte. O feminino, geralmente, tinha uma atleta que se destacava em cada equipe. Essa diferença diminuiu bastante, todas as equipes têm mais de uma batedora”, detalha. “Isso sempre foi uma vantagem do Brasil, a gente sempre teve mais de uma batedora, e agora todas as equipes estão com isso também.”

Por conta disso, o treinador entende que, “já que todas as equipes evoluíram na parte ofensiva, a nossa defensiva precisa ser mais qualificada. Encontrar melhor a altura da defesa para conseguir receber os tipos de bola que estão mais entrando, que são as bolas quicadas mais altas. Foi onde pecamos muito”, acrescentou. Referia-se novamente aos Jogos disputados na capital japonesa, onde a seleção feminina de goalball ficou na quarta colocação, como já havia ocorrido na Rio-2016, adiando por pelo menos mais três anos o sonho da medalha.

Jônatas Castro seleção brasileira de goalball feminino Jogos Paralímpicos Tóquio 2020
Jônatas Castro, com as mãos na cintura, e a defesa brasileira armada (Ale Cabral/CPB)

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O aspecto emocional também foi destacado por Jônatas, questão detectada ao rever nas partidas de Tóquio a quantidade de penalidades perdidas pelo Brasil. “A forma como a gente batia no treino, não conseguíamos reproduzir nos jogos. Então esse aspecto emocional também precisa ser reavaliado para os momentos de decisões”, diz, resaltando que a comissão tem psicólogos disponibilizados pela CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais). “Ela sempre deu atenção a esse aspecto.” As penalidades contra também foram destacatas. “Na parte ofensiva, pecamos fazendo muitos pênaltis. Quando a gente parou, conseguimos ter mais competitividade. Não podemos deixar de forçar o jogo, mas temos de achar esse equilíbrio para não cometermos pênaltis que podem dificultar essa trajetória.”

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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