Tóquio – Finalmente no alto do pódio! Nove anos depois da derrota na final dos Jogos Paralímpicos de Londres-2012 o Brasil subiu mais um degrau e conquistou em Tóquio a tão sonhada medalha de ouro no goalball masculino. Ela veio com uma campanha impecável que culminou com a vitória na manhã brasileira desta sexta-feira (3) sobre a China por 7 a 2. Assim, Romario Marques, Leomon Moreno, Josemarcio Sousa, o Parazinho, José Roberto de Oliveira, Emerson da Silva e Alex de Melo, comandados por Alessandro Tosim, cravam o nome da história da modalidade.
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Assim que saiu da quadra, ainda com a emoção à flor da pele, Leomon falou com o OTD. “Depois de muito trabalho, dedicação no nosso dia a dia. Essa equipe é muito coletiva, muito unida, humilde, pé no chão. Esse era o nosso sonho, a gente tinha a prata em Londres e o bronze no Rio e aqui não iria escapar o ouro. Graças a Deus a gente conseguiu fazer o nosso melhor dentro de quadra e culminou nisso daqui, na medalha de ouro no nosso peito”, disse. “Alem de pensar em toda a equipe, foi um trabalho em conjunto, mando um beijo para minha esposa. São 40 dias fora de casa, longe dela. Te amo Milena.”
O jogo, como não poderia deixar de ser, começou com muita tensão no ar. As duas defesas muito equilibradas, praticamente sem dar brecha para os arremessos rivais. Parazinho de um lado e Hu Mingyao do outro, ambos camisa cinco, mandavam os mais perigosos, porém Leomon e Lai Liangyu também estavam fortes no jogo. Mas foi o pivô Romario Marques quem abriu o placar a 2min06 do fim. Ele surpreendeu com uma bolaça pelo meio e matou a defesa chinesa. Parazinho marcou o segundo a 1min38 do fim, levantando a torcida composta por integrantes da delegação brasileira no Hall C do Makuhari Messe, arena esportiva localizada em Chiba, província vizinha a Tóquio. Yang Mingyuan quase descontou ainda no primeiro período, mas Parazinho fez um difícil bloqueio em dois tempos.
Atrás no placar, a China passou a arriscar mais no começo do segundo tempo. Foi quando Hu Mingyao cometeu uma penalidade que Leomon não perdoou: 3 a 0 Brasil a 11min21 do fim. Logo a seguir, foi Parazinho quem cometeu uma penalidade, e Mingyuan aproveitou. A 9min44 do fim, Leomon anotou o segundo dele e o quatro do Brasil, ampliando para 4 a 1 a vantagem. Poucos segundos mais tarde, Mingyuan fez um golaço em uma bola cruzada que entrou no cantinho direito da meta brasileira. Era uma final, a China não iria entregar os pontos tão cedo. Nem o Brasil iria deixar eles crescerem, e Parazinho meteu o segundo dele, o quinto do time, em uma bola chorada, que custou a entrar.
Reta final
O Brasil entrou na metade final da decisão do ouro do goalball masculino dos Jogos Paralímpicos com três gols de frente, 5 a 2 no placar. A cerca de seis minutos do fim, cada tempo tem 12, Parazinho fez uma defesa emblemática com os pés, no canto direito. Levantou a torcida, que novamente comemorou a 4min34 do fim, quando Leomon marcou o sexto por meio de uma penalidade. Parazinho perdeu uma nova penalidade a três minutos do fim, mas a medalha de ouro já começava a virar realidade. Eram 6 a 2 no marcador, que virou 7 a cinco segundos do fim com Parazinho. Logo o tempo de jogo se esvaiu por completo e levou junto os nove anos de espera. O Brasil finalmente era campeão!
Degrau a degrau
O início da campanha Brasil no goalball masculino dos Jogos Paralímpicos já anunciava que algo especial viria. O time bicampeão do mundo enfiou uma balaiada de 11 a 2 na Lituânia, campeã da Rio-2016, que saiu de Tóquio com a medalha de bronze. A seguir, um tropeço contra os Estados Unidos, derrota por 8 a 6, que não apenas não abateu o sexteto como também fez com que ele crescesse ainda mais. Dali em diante, a seleção não teve adversários. Fez 10 a 4 na Argélia e 8 a 3 no Japão, ainda na fase de grupos, depois 9 a 4 na Turquia pelas quartas-de-final e nova vitória contundente sobre a Lituânia, 9 a 5, que carimbou a vaga na disputa do ouro.
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Desde que o Brasil começou a competir no goalball masculino, em Atenas-2004, esse é a terceira vez que a seleção chega no pódio. Além da prata em Londres, teve um bronze na Rio-2016. Romario Marques, de 32 anos, é o mais experiente e completou em Tóquio sua quarta participação em Jogos Paralímpicos, um recorde nacional. Ele começou como atacante, mas se reinventou e passou a ser pivô, dando espaço para Leomon Moreno tornar-se um dos maiores, senão o maior, jogador do mundo na modalidade, e também para Parazinho crescer e fazer parte do trio titular. Leomon, 28 anos, e José Roberto, com 40, são os únicos ao lado de Romario a subir três vezes no pódio. Parazinho, 25, e Alex, 26, estiveram no Rio, e Emerson, 22, debutou em Tóquio já conquistando o ouro.