Nascida em Ouro Preto, no interior de Minas Gerais, Alice Gomes está acostumada a fazer história na ginástica de trampolim. Desde muito pequena, a atleta foi colocando seu nome cada vez mais na modalidade, mas ainda tem um objetivo para alcançar. “Quero ser campeã mundial”.
Desde o começo na ginástica de trampolim, Alice Gomes consegue feitos inéditos. Quando ainda treinava no Instituto Trampolim, de sua cidade natal, a ginasta fez história. “No meu primeiro ano na modalidade eu consegui ir para o mundial e conquistei uma medalha de bronze. Lembro que eu fiquei sem acreditar, sem entender o que tinha acontecido”.
Acostumada a vida esportiva, não demorou para se destacar na ginástica de trampolim. Aos 14 anos passou a defender o Minas, e mais recentemente assumiu a liderança do ranking mundial de trampolim sincronizado, que não é uma prova olímpica, com Camilla Gomes.
Apesar de ter chegado no topo do mundo, Alice Gomes não esconde que ainda tem um sonho que não sai da sua cabeça. “Sonho em ser campeã mundial com a Camilla, porque a gente já viu que é possível pelo que a gente faz hoje”.
Sonho é real
Engana-se quem pensa que a liderança do ranking mundial aconteceu “do nada”. Segundo palavras de Alice Gomes, a dupla brasileira só é considerada a melhor do mundo na atualidade por causa da consistência e regularidade.
Nos últimos meses, Alice e Camilla vem tendo uma sequência de bons resultados. Em 2019, a dupla conseguiu a inédita medalha de bronze em uma etapa da Copa do Mundo, no Azerbaijão. Já no último mês de novembro, as representantes do Brasil bateram na trave do pódio em um Campeonato Mundial, quando ficaram com o quarto lugar.
“Eu falo que ficar em quarto é a pior e a melhor coisa que tem. Porque você pensa que chegou aonde podia, mas faltou tão pouco para a medalha. Mas o pódio em Mundial vai vir”.
Uma queda em Lima
Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, Alice Gomes fez sua estreia em competições desse tipo pelo país. Assim como nos Jogos Olímpicos, o evento continental também não possui disputa de trampolim sincronizado e a ginasta competiu somente no individual.
Apesar de toda a preparação, assim como nas outras modalidades da ginástica, as atletas estão sujeitas a quedas e foi o que aconteceu com Alice Gomes. Por conta disso, a brasileira não conseguiu o bom resultado que esperava.
“O responsável pela competição perguntou para mim e para a Camilla se a gente queria fazer uma apresentação em dupla antes da competição e a gente negou. Agora, depois que aconteceu, eu fico pensando se isso não poderia ter quebrado o gelo, me feito sentir o ginásio. Mas já foi, no próximo eu vou conseguir um bom resultado”.
Onde tudo começou
A ginástica de trampolim não é um esporte comum de se ver pessoas praticando no Brasil. Dentro das modalidades da ginástica, o esporte de Alice Gomes é a menos conhecida do trio, mas um projeto ajudou com que ginasta encontrasse o caminho.
“Eu comecei em Ouro Preto. Tinha o Instituto Trampolim perto da casa da minha vó e eu fui. Tudo que era esporte, se tivesse aula de graça, eu fazia. Fiz um monte de aula de um monte de modalidade e ginástica de trampolim foi uma delas. No meu primeiro ano no trampolim eu já fui para uma competição fora, nos Estados Unidos, e vi que era o que eu queria”.
“Meus treinos eram de terça e quinta, mas eu criava tudo quanto era desculpa para poder ir de segunda, quarta e sexta. Tudo era motivo para poder ir três vezes”, relembra Alice Gomes.
Já há alguns anos no Minas, a ginasta não esconde que aprendeu muito no período em que está defendendo o time da capital mineira. “Aprendi algumas coisa com a vida, que ela vai bater forte e você tem que seguir. Aprendi e amadureci muito aqui no Minas”.
Ajuda virtual
Apesar de ser a melhor dupla da ginástica de trampolim feminina, Alice Gomes e Camilla Gomes têm um obstáculo. Mesmo defendendo o Brasil nas competições pelo mundo, as atletas não treinam juntas.
Alice mora em Belo Horizonte e treina no Minas Tênis Clube. Já Camilla mora e treina nos Estados Unidos. Com a distância, para treinar as apresentações sincronizadas, a tecnologia entra com uma ajuda fundamental.
“A gente usa a tecnologia. Ela me manda vídeo, eu mando vídeo, cronometramos a apresentação, treinamos por vídeo, fazemos tudo que dá para treinar juntas já que a distância não ajuda”.
Sonhos de atleta
Como todo atleta, Alice Gomes não esconde que seu maior sonho esportivo é participar de uma edição de Jogos Olímpicos. Contudo, estar em uma Olimpíada não é o maior desejo da ginasta.
“Meu maior sonho hoje é o crescimento da Ginástica de Trampolim no Brasil. Conseguir fazer com que mais pessoas pratiquem e conheçam esse esporte”, finalizou.