Camilla Lopes, principal nome da ginástica de trampolim do Brasil, está morando nos Estados Unidos desde 2014 e sua ida ao país mudou sua vida de uma hora para outra. Com 26 anos, a atleta vive em Nova Jersey ao lado do marido Steven Gluckstein, na casa dos pais dele. Quem observa a felicidade da ginasta não imagina que na época da viagem não queria ter ido, pois sua preferência era regressar à Portugal, país que já havia treinado por três meses e foi bem acolhida.
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“A ida aos Estados Unidos não foi planejada. Antes havia ido para Portugal porque sempre gostei de treinar em lugar diferente, conhecer outros atletas e técnicos. Fiquei três meses e amei. Cheguei e me trataram como se fosse de lá. Voltei ao Brasil porque tinha meu último ano no colégio, mas depois voltei para Portugal e fiquei mais três meses. Na terceira vez iria para lá de novo, mas uma amiga me falou para irmos aos Estados Unidos”, contou.
“Na hora já disse que não queria ir para o país daquele pessoal que não falava conosco. Inclusive, a minha história com meu marido é engraçada. Eu o achava metido, nunca falava com ele nas competições. O conhecia há muito tempo, mas o odiava porque não falava comigo e os outros atletas conversavam. Eu pensava que ele tinha esse jeito por ser achar o melhor do mundo”, completou Camilla, em live no instagram do Olimpíada Todo Dia.
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Foi sua amiga Joana, ex-ginasta, que intermediou o contato com Jeffrey, irmão de seu marido e também atleta da ginástica de trampolim, para que as duas fossem treinar nos Estados Unidos. Camilla quase desistiu da viagem no dia anterior, mas embarcou para viver essa nova experiência. Já em solo americano, a ginasta foi com Joana ao ginásio e Steven não deu atenção quando chegou junto com o irmão.
“Os dois chegaram, mas o Steven apenas olhou para a nossa cara e foi aquecer. Já o irmão dele conversou conosco. Com o passar do tempo nós fomos nos conhecendo melhor e depois de um tempo a relação mudou. Continuei mais três meses e nos apaixonamos. Foi uma época em que estava dando tudo certo, pois estava muito bem no trampolim e feliz com a minha vida. Foi difícil contar aos meus pais que eu não ia mais voltar”, contou a atleta.
O trampolim como profissão
Camilla Lopes iniciou na prática esportiva com seis anos, quando sua mãe Elisabete a colocou na natação. Com muita energia, a atleta precisava fazer alguma outra atividade e sua mãe a colocou para fazer ginástica. “Meu sonho era fazer vôlei, mas tenho um metro e meio de altura e minha mãe falou para fazer ginástica”, brincou. Camilla começou na ginástica artística no Tijuca Tênis Clube, mas já mostrava sua preferência pelo trampolim.
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“Eu fazia ginástica artística, mas ao lado tinha o trampolim. Eu ficava no trampolim o tempo todo e tomava bronca e era colocada de castigo. Aí fui fazer um teste na equipe de trampolim e fui aceita”, contou. “Minha mãe me levava aos treinos, assistia e me incentivava quando não queria ir. Ela sempre soube da minha paixão pela ginástica, mas fui uma criança difícil. O suporte dela foi importante e não me deixou desistir”, acrescentou a atleta.
A mudança na forma de encarar a modalidade aconteceu quando chegou aos Estados Unidos. “Sempre vivi como uma pessoa normal, com escola e treinos e depois fiz dois anos de faculdade de administração. A mudança aconteceu quando cheguei aos Estados Unidos. Aqui vivo o dia inteiro no ginásio treinando e dando aula de trampolim e ginástica artística. Aqui também tirei certificado de nutrição. Sou apaixonada por esporte e vou sempre fazer o que puder para ajudar os atletas”, afirmou a atleta.
Sonho de participar de uma Olimpíada
A mudança dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021 interferiu na rotina e vida dos atletas e com Camilla não foi diferente. Ainda sem a vaga na competição, a ginasta vivia um bom momento e disputaria em abril a etapa da Copa do Mundo de Pesaro, na Itália. O campeonato seria uma das últimas oportunidades de confirmar a classificação olímpica.
“Eu sempre quis ter dois ciclos olímpicos na carreira. Sonhava em ir na Rio 2016, por ser meu país e cidade. Cheguei perto, mas infelizmente não deu. Se tudo der certo irei aos Jogos de Tóquio, mas depois disso não pensei ainda. Vou ter um ciclo de nove anos até Tóquio, já que não consegui ir em 2016. O fato de o ciclo após o Japão ser de três anos talvez ajude, mas no momento é um ponto de interrogação na minha vida”, comentou Camilla.
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A ginasta se classificou como uma pessoa que sempre quer mais e nunca está satisfeita. “Tenho planos com meu marido de ter nossa casa e o nosso ginásio. Se conseguir continuar no esporte vou até o corpo e a cabeça suportarem. Vou fazer 26 anos e no próximo ciclo terei 30. Porém, também tenho objetivos na vida pessoal que quero atingir. Portanto, se conseguir conciliar pode ser que eu continue”, finalizou Camilla.