Paris – A ginástica rítmica é um esporte historicamente dominado por europeus. Em Jogos Olímpicos, por exemplo, apenas duas vezes a bandeira de um país de fora do Velho Continente foi ao pódio da modalidade, com o conjunto da China em Pequim-2008 e a canadense Lori Fung, no individual geral em Los Anegeles-1984. Mas aos poucos, o Brasil tem se colocado no atlas da ginástica rítmica. E um grande passo foi dado com a classificação de Babi Domingos para a final do individual geral nos Jogos Olímpicos de Paris.
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“Isso até me arrepia, porque sempre, desde o início da minha carreira, foi sempre assim, só Europa, só Europa, e a gente conquistou o nosso espaço, querendo ou não. E é muito gratificante saber que a gente trabalhou com objetivo e a gente conseguiu. Não precisamos passar por cima de ninguém, a gente simplesmente focou no nosso trabalho. E conseguimos chegar onde a gente chegou. E, poxe, estando na final olímpica, pode vir qualquer resultado amanhã”, disse a atleta em resposta ao Olimpíada Todo Dia.
Márcia Naves, técnica da ginasta brasileira, também tem achado incrível os resultados recentes do Brasil, dando trabalho para os países europeus na ginástica rítmica. “Eu já vivi muita coisa na ginástica, mas o que a gente está vivendo agora de ver uma ginástica do Brasil nesse patamar brigando de igual para igual, com um países europeus é surreal”, afirmou a treinadora.
Agora é final
Uma medalha no individual geral da ginástica rítmica é muito difícil. A atleta precisa acertar todas as suas séries, sempre com uma nota alta de dificuldade. Mas como não tem descartes, se Babi Domingos acertar todas as suas séries, ela pode conseguir um grande resultado. “Todo mundo fala de medalha. A gente sabe que é um pouco mais difícil no individual. Mas a ginástica é feita de momento, eu vou dar uma melhor na quadra e o resto vai ser consequência”, comentou Babi.
E acertar ou não as provas pode ter grandes consequências nos Jogos Olímpicos. Como exemplo, a búlgara Stiliana Nikolova, uma das principais favoritas ao ouro, teve erros na fita e nas maças na qualificação, ficando de fora da final olímpica.
Leoa dentro da quadra
A maior nota de Babi Domingos nessa quinta-feira saiu no arco, em uma apresentação inspirada no filme “O Rei Leão”. E Babi foi uma verdadeira Rainha da Selva dentro da quadra, seguindo as orientações de Márcia. “Antes da prova eu falei para ela: entre como uma leoa e faz de conta que tem uma caça para você fazer. Vai lá dentro e faz a sua caça, se não você vai morrer de fome. Então vai lá e conquiste. E foi isso que ela fez na série de acro, incorporou realmente a leoa e foi para cima.”
Ao final, Babi Domingos foi tão para cima, que sua nota foi para os ares. Com 34.750 pontos, a ginasta conseguiu a sua maior pontuação da carreira. “Na hora que saiu o 34 eu falei: Meu Deus, como assim? É minha nota mesmo?”, brincou a ginasta que trabalhou todos os detalhes da prova ao lado de Márcia em busca da perfeição. “Essa nota concretiza que a gente está no caminho certo. Trabalhamos muito para estar aqui e dar o nosso melhor em quadra”, concluiu.
O top-10 de Babi Domingos já é a melhor colocação da história de uma atleta brasileira no individual geral da ginástica rítmica em Jogos Olímpicos, superando o 23º lugar de Natália Gaudio na Rio-2016. Mas ela ainda pode melhorar a sua posição. Babi terminou a qualificação em oitavo lugar, mas se não fosse uma queda de aparelho nas maças, ela poderia ter ficado entre as seis primeiras colocadas. Agora é esperar a final desta sexta-feira (9), para saber a colocação final da brasileira.