O Brasil fez a limpa na ginástica rítmica em Santiago, foram oito ouros em oito disputas. Nenhum outro hino foi tocado além de “Ouviram do Ipiranga…”. Mas o que realmente levantou a torcida foram as músicas das brasileiras, que se apresentaram com sons que vão de brasilidades, a clássicos do cinema e rock and roll.
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Elvis Presley de Maria Eduarda Alexandre contagia ginásio
A jovem de 16 anos Maria Alexandre chegou com tudo em Santiago. Classificada via Pan Júnior de Cali em 2021, a ginasta deixou o Chile como uma das mais vitoriosas da delegação: foram dois ouros, uma prata e um bronze. E um dos títulos, inclusive, foi ao som de A Big Hunk O’ Love, de Elvis Presley, na prova de maças. Logo, a brasileira simplesmente conquistou o ginásio com uma coreografia cheia de dança e passinhos do rock.
Ela contou ao Olimpíada Todo Dia que prefere esse estilo, assim a escolha pela música foi certeira. “Eu estou com a música desde o começo de 2021. Nós chamamos a Yordanka, treinadora búlgara, para montar as séries, e ela sugeriu usar essa música para a prova de maças, eu adorei! É uma música alegre, que é animada e cativa o público”, falou a ginasta após a conquista do ouro na prova em Santiago.
“Elvis é um show, eu adoro. A Maria tem essa série desde quando era juvenil, assim adaptamos para as disputas no adulto. Ela adora esse estilo ‘roquinho’, e o collant também, a gente quis pegar o modelo original”, contou Solange Paludo, treinadora Maria Eduarda. Toda a inspiração rendeu pódios importantes para a jovem ginasta brasileira.
Babi Domingos faz a rapa com brasilidades e Bad Romance
Para Bárbara Domingos, campeã do individual geral, as músicas foram essenciais para trazer a torcida durante as provas nos Jogos Pan-Americanos. Ela levou cinco medalhas em cinco provas diferentes. Babi usou um medley de Garota de Ipanema com samba, trazendo um lado mais Brasil à prova de maças, onde conquistou a prata. Mas em seu “carro-chefe”, a fita, a ginasta usou o clássico de Lady Gaga, Bad Romance, para empolgar o público.
“Antigamente a música na fita era um samba, todo mundo adorava, mas eu queria trocar. Eu não queria mais sambar na fita, quis mudar o estilo. Foi um achado perfeito, todo mundo adora. É uma música que encanta o público, não só os árbitros. Foi um ponto muito importante pra minha carreira”, contou a atleta. E deu certo! Com Bad Romance, a brasileira conquistou o ouro na final por aparelhos no Pan de Santiago.
Usar Bad Romance para a série de fita era diferente, tanto que a treinadora, Márcia Naves, apostou que seria um sucesso de cara. “Essa música é maravilhosa, e hoje a ginástica rítmica valoriza muito a parte artística, então trouxemos esse lado esquisitão. A gente já achou que ia impressionar todo mundo, porque é difícil sair da zona de conforto. Inclusive, muitos juízes usam a série como exemplo de prova artística”, explicou a técnica.
Jojo Santos se despede de Rajadão
A terceira brasileira na ginástica rítmica individual foi Geovanna Santos, a Jojo. Experiente, a atleta trocou o conjunto pelas disputas individuais e vem conquistando bons resultados. Em Santiago, ela levou a prata na disputa de bola. Mas a sua prova de fita, ao som de Rajadão, de Pabllo Vitar, foi o que conquistou o público. Lá, ela fez a última apresentação da música em Santiago, que já deixa saudades. “Essa música e série de fita me marcaram muito, uso ela desde a minha estreia. Então, só tenho a agradecer a todos que apoiaram e abraçaram essa série, essa música”, agradeceu a brasileira.
Conjunto homenageia pais de treinadoras com Smile
O conjunto do Brasil na ginástica rítmica foi 100% em Santiago. Venceu as três provas que disputou, sendo a última, na prova mista de 3 fitas e 2 bolas, foi a despedida oficial da música Smile, que foi inspirada em Charles Chaplin. Assim, a canção foi escolhida a dedo para homenagear os pais das treinadoras Camila Ferezin e Bruna Martins, sendo essencial para a evolução do conjunto brasileiro da ginástica rítmica perante ao mundo.
“Essa música representa muito para nós, foi primeiro uma homenagem ao pai da Camila, e eu aproveitei para homenagear o meu pai, que faleceu antes do meu primeiro Pan, em Toronto-2015. Essa série foi uma virada de chave, foi com ela o mundo parou para enxergar o trabalho do Brasil. E enfim conseguimos tocar a arbitragem, mostrar que nosso trabalho é bom e coeso”, falou a treinadora Bruna Martins.
Agora a missão é encontrar uma nova música que represente ainda mais a força da ginástica rítmica brasileira. “A gente fecha esse ciclo de Smile com bastantes sorrisos. Estamos prontas para a nossa próxima série, e se tudo der certo, será linda como foi essa. Já estamos em fase final para termos a música, ela vai ser a que vamos usar em Paris-2024. Estamos alinhando tudo, para que essa música impacte todos como foi Smile”, finalizou a técnica.