Siga o OTD

Ginástica Artística

Christal Bezerra dá detalhes de relação com ex-treinadora

Em entrevista ao jornalista Fredy Júnior, Ginasta que cumpre suspensão contou que já foi xingada e agredida pela sua ex-treinadora

Christal Bezerra e Beatriz Fragoso no Pan de 2022 de ginástica artística
Christal Bezerra e Beatriz Fragoso (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi ao ar na tarde desta sexta-feira (27) a entrevista exclusiva de Christal Bezerra para o jornalista Fredy Júnior. A ginasta, que cumpre suspensão por doping, contou detalhes da relação com sua ex-treinadora Beatriz Fragoso. De acordo com Christal, as condutas de Beatriz ultrapassaram limites, lhe causaram problemas psicológicos e tiveram influência em sua contaminação.

+ SIGA O CANAL DO OTD NO WHATSAPP

Como sua mãe, Cleópatra, havia relatado anteriormente, Christal contou que a treinadora exagerava nas cobranças em relação ao seu peso. Desde nova, a ginasta sofria com abusos por parte da sua técnica e relatou já ser chamada de gorda diversas vezes.

“Quando era mais nova, me chamava de gorda, de baleia. Uma coisa que eu não me esqueço, é que ela falava que eu parecia uma baleia girando na paralela, que eu tinha que emagrecer. Chegou a ser proibido, a ser proibida a pesar e a ser proibida a falar dessas formas (no clube). Só que ela me pesava escondido. Então ela sempre falava que se eu não emagrecesse eu não ia entrar na seleção, eu não ia competir”, contou Christal.

A relação entre Christal Bezerra e Beatriz Fragosos começou quando a atleta ainda era criança, com cerca de nove anos de idade. As duas faziam parte do Centro Olímpico, quando Beatriz deixou a carreira de atleta e iniciou sua trajetória como treinadora. Em seguida, ambas ascenderam juntas ao Pinheiros, assim como a Seleção Feminina de ginástica artística.

Episódio de agressão

Christal também relatou que os exageros de Beatriz Fragoso já ultrapassaram o barreira verbal e chegaram as vias físicas. Durante a entrevista, a ginasta lembrou de quando foi empurrada pela treinadora do aparelho.

“Sempre ela pedia para mandar foto do prato em casa, mandar foto do peso da balança, o peso da balança da comida de tanta quantidade. Ela já chegou a me empurrar da trave. Ela me jogava já do aparelho porque eu avisava que eu tinha dor, eu avisava que eu tinha dor e ela não acreditava”, disse a ginasta.

Tal dor que Christal se refere vinha de seu ombro. Segundo ela, conviveu com uma lesão no bíceps que culminou em um rompimento do ligamento. Beatriz ignorava tais queixas e o problema acabou causando sequelas irreversíveis para atleta.

“Ela tentava me segurar nas paralelas. Ela não acreditava, achava que era drama, e como eu não tinha força mais nos ombros, ela acabava me jogando da barra mesmo e eu caia no chão, tipo, todo errado, e ainda forçava o meu ombro”, complementou.

Isolamento social

Christal ainda contou que o controle excessivo de Beatriz afetava suas relações sociais dentro do clube e até da seleção. A ginasta relata que era coagida de se aproximar das outras atletas. Segunda ela, a intenção da treinadora era de se proteger de possíveis alertas que as pessoas poderiam fazer.

“Desde pequena, quando era mais nova, ela falava, assim: ‘Christal, não se junta com as meninas’. Até porque é o que eu falei. Eu não tinha amigas, por conta que ela não deixava me enturmar com as meninas da ginástica. E ela sempre falava, não se junta com as meninas para você não se tornar adulta chata. Ela sempre colocava isso na minha cabeça”, contou.

“Ela sabia que ela estava errada, porque as meninas, todo mundo dos clubes, de fora, de outros, vendo o que ela fazia comigo, falavam para mim que isso não era normal, e eu falava que era certo e eu estava como treinadora. Então ela sabia que, se eu falasse pra eles, eles iam falar a verdade pra mim, só que eu era inocente”, disse.

Alegações irão para o Comitê de ética da CBG

Após a repercussão do caso, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) divulgou com seu posicionamento. A Confederação ressaltou que dispõe programa de integridade consolidado e eficaz. Além disso, disse também que não se tem notícia de qualquer menção ou alegação de conduta inadequada de treinadores durante o julgamento por dopagem da atleta. Por fim, afirmou que as alegações serão encaminhadas para análise e eventuais providências do Comitê de Ética. Leia a nota completa abaixo.

Nota Oficial da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG)

“A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) vem a público esclarecer que desconhece qualquer acusação formal ou informal de assédio moral, maus-tratos, abusos psicológicos ou físicos praticados por treinadores da seleção nacional, conforme mencionado na matéria divulgada.

Ressaltamos que a atleta mencionada, infelizmente, foi julgada e condenada por infrações relacionadas a dopagem em duas oportunidades, o que caracteriza reincidência. Em ambos os casos, durante o processo de julgamento e defesa, não se tem notícia de qualquer menção ou alegação de conduta inadequada de treinadores que pudesse ser utilizada em sua defesa, tampouco foram registradas queixas ou relatos à CBG ou aos órgãos competentes que apontassem para tais práticas.

A CBG possui um programa de integridade consolidado e eficaz, que inclui campanhas e ações educacionais permanentes voltadas para a ética, o respeito e a integridade no esporte, abrangendo suporte médico antidopagem. Realizamos treinamentos regulares e ações preventivas que visam garantir a proteção e o bem-estar de todos os envolvidos no ambiente esportivo, promovendo um espaço seguro para denúncias e debates sobre comportamentos inadequados.

No caso específico da atleta em questão, a CBG ofereceu toda a assistência possível, incluindo suporte médico especializado, acompanhamento fisioterápico, apoio em treinamentos e na participação em eventos esportivos. Sempre atuamos para proporcionar as melhores condições de preparação, saúde e segurança para nossos atletas, reafirmando nosso compromisso com a excelência no esporte e o respeito ao indivíduo.

A CBG mantém um rigoroso compromisso com a ética, o bem-estar e a integridade de todos os atletas, técnicos e membros envolvidos na ginástica brasileira, adotando protocolos de conduta e canais de denúncia acessíveis e seguros. Qualquer denúncia formal recebida é investigada com a seriedade e a imparcialidade necessárias, sempre visando a proteção de nossos atletas e a manutenção de um ambiente esportivo saudável. Não obstante o desconhecimento dos fatos mencionados na matéria, informamos que as alegações serão encaminhadas para análise e eventuais providências do Comitê de Ética da CBG, reafirmando nosso compromisso com a transparência e a seriedade na condução de quaisquer denúncias.

A CBG reitera seu compromisso com a promoção de um ambiente justo, seguro e ético para todos, continuando com suas iniciativas de integridade e oferecendo suporte integral aos atletas, treinadores e demais envolvidos na ginástica brasileira.”

Pinheiros também vai apurar

O Esporte Clube Pinheiros emitiu nota sobre o assunto. No comunicado, a instituição destaca que oferece toda a estrutura multidisciplinar para seus atletas e que não recebeu denúncias da ginasta sobre os abusos narrados durante o período em que ela esteve no clube. Além disso, abriu um processo administrativo para apurar e tomar as medidas cabíveis para o caso. Confira a nota completa abaixo

“O Esporte Clube Pinheiros proporciona a todos os seus atletas uma estrutura multidisciplinar de excelência, contemplando as áreas médica, psicológica, física, nutricional, educacional e financeira. Essa estrutura sempre esteve à disposição da ginasta Christal Bezerra no período de pouco mais de dois anos em que esteve vinculada ao clube (entre maio de 2022 e agosto de 2024).

O ECP ressalta que, em momento algum, deixou de cumprir as obrigações acordadas contratualmente com Christal e sua família. Tampouco recebeu, por parte dela ou de outro atleta da modalidade, denúncias ou relatos a respeito das ocorrências narradas à imprensa sobre a treinadora Beatriz Fragoso, que ingressou no clube em março de 2022.

Informa ainda que, a fim de elucidar os fatos, determinou a abertura de um processo administrativo interno e tomará as medidas cabíveis após a conclusão das apurações.”

Treinadora

Com 32 anos, Beatriz Fragoso integra o corpo técnico do Esporte Clube Pinheiros e da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). O Olimpíada Todo Dia procurou a técnica para falar sobre o caso. Em resposta, Beatriz optou por não falar sobre o assunto neste momento, pois está dando prioridade a sua gravidez e saúde mental. A treinadora disse que, no momento oportuno, irá se pronunciar.

Entrevista completa

A entrevista completa pode ser conferida abaixo.

Jornalista recifense formado na Faculdade Boa Viagem apaixonado por futebol e grandes histórias. Trabalhando no movimento olímpico e paralímpico desde 2022.

Clique para comentar

Você deve estar logado para postar uma comentário Login

Deixe um Comentário

Mais em Ginástica Artística