Há anos o Brasil é referência em coreografia na ginástica artística. E um dos principais responsáveis por isso é Rhony Ferreira, coreógrafo da seleção brasileira. Ele foi responsável por criar algumas das séries mais famosas da ginástica do Brasil, como o “Brasileirinho” de Daiane dos Santos e o “Baile de Favela” de Rebeca Andrade. E Rhony montou séries espetaculares para as ginastas brasileiras que irão competir nos Jogos Olímpicos de Paris.
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A equipe do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris deve ser a mesma do Mundial de 2023. Assim, a rotação de solo teria Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Júlia Soares. Rebeca vai continuar com a mesma música: um medley com “End of Time”, de Beyoncé, e “Movimento da Sanfoninha” de Anitta. Mesmo assim, sua série deve ter algumas adaptações. “A coreografia ela está sempre em estágio evolutivo. Ela nunca é fechada e vai sempre evoluindo ao longo dos treinamentos, qunado a menina aprende um elemento novo. Um exemplo é a Rebeca que não tinha o giro cossaco na série antiga e daí a gente teve que adaptar isso para que ela pudesse adaptar isso”, explica Rhony.
O coreógrafo também elogiou o trabalho de Rebeca Andrade para interpretar as suas coreografias: “A Rebeca nem tem muito o que falar. Ela é maravilhosa, uma diva. E tá representando bem as divas: Anitta e Beyoncé. E no finalzinho tem o Baile de Favela para a gente não esquecer porque foi muito legal”.
Encantando o público local
Duas das séries brasileiras terão um toque francês. A ideia, segundo Rhony Ferreira, é trazer agradar o público local durante os Jogos Olímpicos. Júlia Soares, por exemplo, terá uma apresentação que começa com “Cheia de Manias” do grupo Raça Negra e termina com “Milord”, clássico eternizado na voz de Edith Piaf. “Antes ela usava uma música mais infantil. Mas ela cresceu, agora é uma mulher já. Então a gente queria dar esse toque diferente. Queríamos uma música brasileira, mas também uma francesa para fazer uma homenagem ao país sede e ganhar o público local”, explica Rhony.
Conhecida por sua ginástica alegre e saltitante, Flávia Saraiva terá um “Can Can” para levantar o público em Paris. “A Flávia é outro tipo de movimentação artística, porque ela é muito saltitante, muito feliz. É uma série que você se encanta com ela. Uma série que tem interação com o público, ela sempre tá sorrindo e interpreta bem a música”.
Jade Spears
Por fim, Jade Barbosa está com uma coreografia ao som de “Baby One More Time”, de Britney Spears que tem conquistado os fãs de ginástica ao redor do mundo. O destaque, como explica Rhony, é o toque da ginasta na interpretação da música. “A Jade escolheu um tema que ela gostava e tem tudo a ver com a geração dela. E muitas pessoas gostam da Britney Spears. E é uma coisa que toca na parte emotiva. E o jeito que ela interpreta é muito particular. É muito da Jade. A gente cria um movimento que combine com a música, mas ela dá o toque dela, uma interpretação muito particular”, afirmou.
Ginástica brasileira sinônimo de arte
Nas mudanças mais recentes do código de pontuação da ginástica artística, cada vez mais são exigidas questões relacionadas ao lado artístico da modalidade. E o Brasil tem se beneficiado nesse sentido. “Para nós é muito bom isso. Por características do nosso país, nós somos bem artísticos mesmo. Temos uma vivência musical muito boa. Um acervo de ritmos diferentes e a gente aprende isso desde criancinha porque o carnaval tá no nosso cotidiano. Então a gente explora bastante essa parte rítmica”, explica Rhony.
O coreógrafo da seleção brasileira e do clube Cegin, do Paraná, tem visto uma evolução do artístico brasileiro como um todo, indo para além das ginastas com quem ele trabalha diretamente. “Hoje aqui no Troféu Brasil eu tava reparando uma menina de Santa Catarina com uma série lindíssima. Com uma expressão artística muito boa, excepcional. Eu acho bacana que vários clubes estão preocupados com essa parte artística que antes eles não se preocupavam. Então a nossa ginástica fica cada vez mais espetacular por causa disso”, concluiu.