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Ginástica Artística

Coreografias do Brasil mostram potencial para medalha em Paris

Espetáculo artístico do Brasil no solo mostra potencial da equipe brasileira para conseguir um pódio nos Jogos Olímpicos de Paris

Jade Barbosa apresenta coreografia no solo em competição de ginástica artística
(Foto: Alexandre Loureiro/COB)

O Brasil entrou no mapa da ginástica artística através do solo. Desde a época de Daiane dos Santos e Danielle Hypólito, a seleção brasileira de ginástica tem mostrado excelência no aparelho, não só pela parte acrobática, mas principalmente pelas coreografias, indo do Brasileirinho ao Baile de Favela. E no início desta temporada olímpica, a seleção brasileira tem mostrado porque o lado artístico da ginástica pode ajudar o Brasil a conquistar uma medalha inédita em Paris-2024.

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Após cada ano olímpico, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) altera o seu código de pontuação, desafiando atletas e treinadores a se adaptarem às novidades. Para o código 2022-2024, a grande novidade foi um aumento do rigor para itens artísticos da série, com os árbitros agora preenchendo uma planilha que pode descontar mais de um ponto na nota de execução das ginastas na trave e no solo. Esses itens incluem coreografias criativas, o uso de todas as partes do corpo (não vale apenas mexer os braços), entre outros pontos. E continuando com sua tradição na modalidade, o Brasil tem se mantido como uma referência em artístico no mundo.

Já no Mundial de 2022, o Brasil foi o time que menos sofreu descontos na qualificação do solo, com Flávia Saraiva, Rebeca Andrade e Julia Soares terminando entre as oito atletas com menos descontos de artístico. Já em 2023, o Brasil conseguiu uma inédita medalha de prata na final por equipes. Na ocasião, o trio brasileiro foi o mais artístico no solo e o segundo na trave, ficando atrás apenas da Holanda. 

Rainhas do solo

As primeiras medalhas do Brasil em Campeonatos Mundiais vieram no solo, com a prata de Daniele Hypólito em 2001 e o ouro de Daiane dos Santos em 2003. Desde então, a seleção brasileira tem apresentado coreografias memoráveis, que entram para a história da ginástica artística. Após o título mundial, Daiane trouxe brasilidade com “Sandália de Prata”, de Ary Barroso e o seu inesquecível “Brasileirinho”, que fez sucesso nos Jogos Olímpicos Atenas-2004 e Pequim-2008. 

Criador da série do Brasileirinho, Rhony Ferreira segue até hoje como coreógrafo da seleção brasileira, tendo montado outras séries marcantes como o “Baile de Favela” que Rebeca Andrade apresentou nos Jogos Olímpicos de Tóquio, trazendo a primeira medalha olímpica do Brasil na ginástica artística feminina. E foi ele o responsável por montar as séries que as brasileiras vão apresentar em Paris.

Pop, Funk & Pagode

O mundo conheceu a série de Rebeca Andrade no Mundial de 2023. Rebeyoncé vai à França com uma junção entre o hit “End of Time”, de Beyoncé, e o instrumental “Movimento da Sanfoninha”, que ficou famoso através de performances de Anitta. A série lhe rendeu a medalha de prata no solo no Mundial. E foi com ela que Rebeca fez a sua melhor apresentação da carreira no aparelho na final por equipes.

Já as outras séries das brasileiras em Paris estrearam no circuito das Copas do Mundo, na abertura da temporada. A primeira veio na etapa de Baku, no Azerbaijão. Julia Soares trocou a trilha sonora do filme do Aladdin por uma mistura entre Brasil e França. A sua nova série começa com o clássico do pagode “Cheia de Manias”, do grupo Raça Negra, indo para “Milord”, de Edith Piaf. Apesar de ter tido uma queda na sua apresentação em Baku, Julia mostrou potencial para empolgar público e árbitros em Paris.

No último fim de semana, foi a vez de Jade Barbosa e Flávia Saraiva estreiarem suas novas coreografias. A veterana apostou em Britney Spears, com uma versão de “…Baby One More Time”. A ginasta teve sucesso com a série nova, conquistando a medalha de ouro na Copa do Mundo de Antalya.

Eletro Can Can

Por fim, veio a série de Flávia Saraiva. Entre 2018 e 2019, a ginasta competiu com um medley de músicas francesas, incluindo “La Vie en Rose” e o famoso “Can Can”. Na minha opinião, essa foi a melhor coreografia que Flávia já havia apresentado em sua carreira, e até gostaria que ela talvez voltasse para os Jogos de Paris, com o potencial de empolgar o público. Mas Flávia e Rhony melhoraram essa ideia. Eles pegaram uma versão agitada do tradicional “Can Can” e montaram uma coreografia difícil e ousada, mas com muito potencial para brilhar em Paris. 

Nessa semana, Flávia caiu na sua última acrobacia, não conseguindo uma vaga na final. Mas a coreografia tem repercutido positivamente. Com um instrumental envolvente, a série tem potencial para fazer todo o público no ginásio bater palmas para acompanhar a brasileira logo nos primeiros segundos da série.

Em 2023, o artístico ajudou a trazer a medalha inédita no Campeonato Mundial. Então, para Paris-2024, a excelência brasileira nas coreografias pode ajudar esse ótimo grupo brasileiro a garantir o pódio na disputa por equipes nos Jogos Olímpicos.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e viciado em esportes

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