Arthur Nory não escondeu o sorrisão durante a Coletiva de Imprensa do Clube Pinheiros para celebrar sua medalha de bronze no Mundial de Ginástica Artística. Ele foi homenageado pelo clube que defende há 17 anos, com uma placa de prata das mãos do presidente do Pinheiros pela conquista na barra fixa na competição que terminou no último dia 6.
O atleta falou do seu papel na campanha história do Brasil no Campeonato Mundial de Ginástica Artística, que teve o seu bronze na barra fixa, além de medalhas de ouro e bronze de Rebeca Andrade no solo e individual geral.
“Poder fazer parte dessa campanha foi muito gratificante. A gente passou por muita coisa, um grande processo até chegar nessa competição. A gente tinha o objetivo de voltar a estar na final por equipes e final por aparelhos. Acho que a gente conseguiu atingir essas metas, tanto no masculino como no feminino. E agora a gente sabe o que precisa fazer pra classificar pra Olimpíada, vimos o potencial que temos como equipe, de chegar muito mais longe. Estou muito contente com esse resultado.”, declarou o medalhista.
Sem Arthur Zanetti, que não foi convocado por conta treino inadequado (consequência de uma virose no começo de outubro), Arthur Nory chegou como o atleta mais experiente da seleção, que tem passado por renovação. Apesar disso, ele brincou de como quem assumiu o papel de liderança foi Caio Souza.
“Ele sempre fala que é 6 dias mais velho que eu. Brinquei que ele ia conduzir tudo. E realmente ele teve esse papel de liderança, na escolha de uniforme e tal. Acho importante mesclar a experiências com renovação, era o primeiro Mundial de muitos, e era o meu oitavo. Então é importante ver como o Brasil ta mudando. Eu quando fui no meu primeiro já tinha gente mais velha, agora passar a experiência pra eles e servir de exemplo pra eles, isso é muito bacana”, contou o ginasta.
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Nory também passou para o atleta do Minas Tênis Clube a função de “generalista”, Caio participou ao lado de Diogo Soares nas classificatórias e final do individual geral. “Eu sempre gostei de fazer o individual geral. Meu treinador falou ‘você quer fazer o individual geral?’ eu disse ‘não!’”, brincou o atleta.
“É uma competição muito difícil, eu sei que eu não aguento treinar tanto pra ser generalista. Eu não aguento treinar solo como eu treino barra, é muito diferente. O solo pra você alcançar algo a mais você precisa treinar. Eu não aguento treinar três dias de solo, meu joelho começa a inchar, tenho muita dor no calcanhar. Os outros aparelhos (solo e cavalo com alças) são pra ajudar a equipe. Quando eu vou para a competição, eu quero ter a melhor nota. Estudo muito o código, a gente sabe montar muito bem as séries. É um papel que eu tenho para ajudar a equipe”, explicou o atleta.
A final da barra fixa fechou o Campeonato Mundial, então todos os olhares estavam voltados para Arthur Nory, que abriu a prova do aparelho. Começar a final, em geral, é desvantajoso, uma vez que sua nota é usada para os demais atletas como parâmetro para saber o quanto precisam acertar. Mas para o já campeão em 2019, ser o primeiro não foi um problema.
“Não é que é complicado, a gente tem que estar preparado pra ser qualquer ordem. A gente tava preparado, mas também tem que ser estratégico. O foco era fazer a série mais limpa, mais bem executada. Eu sabia que a (minha) nota seria parâmetro pros oito que iam estar na final, e jogar a responsabilidade, fazer minha parte. Nas outras situações, eu era o quinto, o sexto a se apresentar. No Mundial de 2019 eu já tinha visto cinco se apresentarem, que erraram a série em algum momento. Então tem essa vantagem, pensar ‘eu tenho que fazer a mais, tenho que acertar’, isso é bom quando você tá mais pra trás na apresentação. Mas na competição você tem que estar pronto pra qualquer momento e fazer a série. Mas assistir os outros é difícil, depois que os quatro primeiros acertaram eu não quis nem ver as séries dos outros.”
Além de treinar muito fisicamente no aparelho, ele também conhece e estuda muito os elementos das séries, facilitando avaliar o seu desempenho e dos adversários. “Eu sabia a nota de partida de todo mundo, então eu pensava ‘esses dois têm a mesma nota de partida que eu, então 0.3 que ele tomar, já não vai me passar’, mas esperar até o final, é emocionante!” relata o atleta. Ele tirou 14,466 e a nota foi usada por árbitros e atletas como parâmetro para o resto da final. Apenas Brody Malone com 14,800 e Daiki Hashimoto com 14,700 ultrapassaram o brasileiro.
Pensamento é no ano que vem
Para Nory, agora é pensar um ano de cada vez, mesmo que o foco máximo do ciclo seja Paris-2024. “Eu estou pensando ano a ano. Quero estar em Liverpool, quero estar na Bélgica, na Antuérpia que é onde vai ser o Mundial (de 2023). Acho que é deixar acontecer naturalmente, mas com foco em Paris”. Mas na parte do esporte, o medalhista de bronze da Rio-2016 também já treina pensando em levar o time brasileiro para os Jogos de 2014.:
“Pensando individualmente, eu acho que é manter esses aparelhos que eu sei que vou precisar fazer por equipes. Ainda é muito cedo porque ainda não sabemos quem vai ser a equipe, com certeza vai abrir vagas pra muita gente que quer estar também ali. Isso é importante pra motivar e pra que a gente possa crescer e melhor nossos resultados. A gente viu que é possível melhorar do sétimo pra sexto, quinto lugar. Então esse é o maior objetivo, e classificar pra Olimpíada, pra levar a maior quantidade de atletas. Ano que vem vai ter competições por equipes que vamos poder testar todo mundo, até chegar no Mundial melhor”.