A ginástica artística amanheceu mais triste neste sábado (3) com a notícia do falecimento do ucranicano Oleg Ostapenko, um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da modalidade no Brasil. No período dele na coordenação técnica, a seleção feminina conseguiu classificar pela primeira vez um time completo para uma Olimpíada e também registrou o melhor resultado por equipes do país na história dos Jogos. Além disso, as mulheres conquistaram três medalhas em mundiais. O ouro de Daiane dos Santos no solo em 2003, a prata de Daniele Hypolito dois anos antes no mesmo aparelho e o bronze de Jade Barbosa no individual geral em 2007.
“Hoje o dia começou triste, com uma grande dor no coração, nunca é fácil perder alguém que amamos. Oleg, você foi mais que um treinador, um segundo pai, um amigo leal, conselheiro para uma vida inteira…. Em meu coração um mix de sentimentos, tristeza, saudade. Felicidade em ter aprendido com a sua sabedoria, gratidão a Deus por termos unidos os nossos caminhos”, disse Daiane dos Santos em sua conta no Instagram. “Obrigado mestre , que você descanse em paz, sua gargalhada fará muito falta.” A informação da morte foi publicada por Iryna Ilyashenko, treinadora da seleção e amiga de Oleg Ostapekno.
O ouro de Daiane dos Santos no Mundial foi em Anaheim, na Califórnia, Estados Unidos. Um ano depois, brilhou nos Jogos da Grécia alcançando o melhor resultado individual de uma brasileira na modalidade: quinto lugar no solo. A marca só foi igualada na Rio 2016 por Flávia Saraiva na trave. Além disso, foi em Atenas que Daiane consagrou a coreografia Brasileirinho e o Dos Santos, movimento duplo twist carpado que entrou no código de pontuação internacional.
Berço dourado
Oleg Ostapenko tinha 76 anos e estava internado na Ucrânia com problemas renais e pulmonares. Ele foi ginasta e técnico da antiga União Soviética e comandou também da seleção de seu país e da Rússia. Além de Daiane, trabalhou com outros grandes nomes da ginástica artística mundial. Pode-se dizer que é bicampeão olímpico do individual geral, pois treinava as compatriotas Tatiana Gutsu, em 1992, e Lilia Podkopayeva, em 1996.
Ele foi contratado em 2001 para trabalhar com a seleção brasileira e foi o responsável pela criação da equipe permanente. Ficou até 2008, após os Jogos Olímpicos de Pequim, com o melhor resultado do Brasil por equipes, um oitavo lugar. Três anos mais tarde, retornou para cá e foi trabalhar no Cegin (Centro de Excelencia de Ginastica), em Curitiba. Ficou na capital paranaense até 2015, quando voltou para seu país de origem.