O clima já é de reta final deste período de treinamentos domiciliares, contingência à qual os ginastas foram submetidos devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus. Na sexta-feira (3), as atletas da seleção brasileira de ginástica artística mostraram o trabalho que tem sido feito para que se mantenham em forma, enquanto aguardam a retomada dos treinamentos nos ginásios, cenário que já se avizinha.
“Ao longo deste período, a ginástica criou um modelo que foi seguido por outras modalidades. Mesmo com todas as dificuldades, estamos conseguindo nos preparar para o retorno, que está cada vez mais próximo. Neste mês de julho, o Centro de Treinamento no Rio deverá reabrir, de uma forma ainda limitada”, declarou Jorge Bichara, Diretor de Esportes do COB (Comitê Olímpico do Brasil), na abertura das atividades. “Este movimento desafiador está passando, vamos olhar à frente”, acrescentou o dirigente.
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Francisco Porath Neto, treinador da seleção brasileira de ginástica artística, manifestou, com a voz embargada, a emoção que sentiu ao falar da árdua e complexa missão de conjugar, num plano coerente, os conhecimentos dos profissionais da equipe multidisciplinar para que as melhores ginastas do País possam atravessar em bom estado físico e emocional este período de isolamento social.
“Já estamos na 13ª ou 14ª semana desta jornada. Essa união tem sido muito boa. O trabalho com as oito atletas da Seleção tem sido muito correto. Com esse número, conseguimos fazer ajustes rápidos. Temos realizado encontros virtuais três vezes por semana, e as atletas complementam essas atividades com aquelas propostas por seus clubes”.
Rotina virtual
Rodrigo Sasson explicou parte dos critérios que norteiam os trabalhos. Segundo o médico do COB, a equipe multidisciplinar permaneceu vigilante para estimular a detecção precoce de qualquer possível sintoma de contaminação pela Covid-19.
Ao mesmo tempo, os especialistas criaram uma rotina de preparação física muito bem estudada. “Fizemos um monitoramento de modo a mantê-las ativas, para que não viessem a ter perda muscular e técnica muito grandes. Realizamos reuniões semanalmente e, às vezes, diariamente. Além dos trabalhos gerais, foram preparados esquemas individualizados, e as atletas foram monitoradas pelas equipes médica e fisioterápica”.
Houve grande atenção ao acompanhamento da evolução das valências físicas, segundo Sasson. “Realizamos testes específicos de força e controle, registrando itens como tempo de exaustão e tempo em que elas são capazes de empregar força abdominal, por exemplo. Todos os dados serão fornecidos aos treinadores no momento do retorno aos ginásios. Também utilizamos questionários elaborados pelos profissionais que trabalham com a saúde mental. Tudo isso tem sido feito não só para evitar lesões, mas também para que possam obter performances as melhores possíveis o quanto antes”, disse o médico. “Essa experiência nos demonstrou uma vez mais que o ser humano tem a capacidade de se adaptar a cenários adversos”.
Ao final, depois de todos os exercícios, incluindo os destinados à prevenção de lesões, os de força e os de aprimoramento técnico, as ginastas apresentaram pequenos trechos de suas séries de solo para que o público pudesse contemplar.
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Aqui é trabalho
Na conclusão do treino, Juliana Fajardo, gestora da Ginástica no COB, mais uma vez reconheceu a importância do esforço feito pela CBG (Confederação Brasileira de Ginástica). “O grupo escolheu o melhor caminho, que é o da união. A liderança da presidente Luciene Resende tem sido um espelho para todos nós”.
Representando as atletas, Jade Barbosa, com a experiência de quem defende a seleção adulta há 13 anos, destacou o empenho de toda a equipe que trabalha para que atividades como a desta sexta-feira possam ocorrer. “Estou fazendo parte agora de uma geração que tem muito apoio. Tempos atrás, nunca havia imaginado que isso tudo fosse possível. Quero agradecer pelo comprometimento de todos. Sabemos que os treinadores não têm mais horário para almoçar nem para dormir, e isso deve ser destacado”.
E, se a complicada situação presente demanda muito esforço, isso não significa que falte energia para um olhar voltado ao futuro da ginástica. “Essa situação toda está contribuindo para que alguns de nós nos conheçamos mais, trabalhando em conjunto. A gente tem mapeado no Brasil as atletas a partir dos 9 anos de idade. Sabemos quais são, onde estão, quais são os seus treinadores. Estamos cuidando também da base da pirâmide”, salientou Adriana Alves, Coordenadora Técnica.