“Tudo tem os dois lados da moeda”. Assim Francisco Barretto define o atual momento da pandemia. Preocupado por estar longe dos ginásios sem treinar e “criar calos”, mas feliz em poder dividir treinos virtuais com os atletas mais novos da ginástica artística.
Em live do Olimpíada Todo Dia nesta sexta-feira (5), o ginasta da seleção brasileira contou sobre como está se adaptando e da sensação gostosa de poder mais perto das novas gerações.
Treinão
“Eu jamais tive essa chance que os mais novos estão tendo.” Por causa da pandemia, a CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) está promovendo treinos virtuais. A ideia inicial era restringir para os ginastas da seleção, mas os treinos foram abertos para atletas de alguns clubes.
“Na minha época era muito difícil chegar perto dos atletas da seleção. Tanto que uma vez, eles vieram aqui em Ribeirão Preto, eu era novo, separei meu caderninho para encher de autógrafo”, conta rindo. Essa proximidade, mesmo que virtual fará a diferença.
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“Porque nós somos o exemplo. Fizemos e estamos fazendo história na ginástica artística. Nós construímos isso. E os mais novos podem ter esse contato, nós estamos o mais próximo deles nesse momento. Estou com 30 anos e tento passar tudo isso para quem está vindo atrás.”
Contudo, Chico Barretto avisa. “A gente espera que essa geração supere a nossa! Isso faz com o que o país siga crescendo, para não deixar buraco entre as gerações. Hoje o Brasil e a América é vista com respeito nos mundiais e olimpíadas.”
Sem falar que treinar com crianças e mais gente dá um outro ar para a atividade. “Você treinar sozinho é bem diferente do que treinar em grupo. Eles colocam uma música, fica bem agradável. Isso motiva muito, mesmo porque não tá sendo fácil ficar longe do ginásio.”
Desconfortável no conforto de casa
“Fazia uns 15 anos que eu não ficava em casa assim”, diz rindo Francisco Barretto. Mas a pandemia tem dessas e Chico também enxerga a quarentena de dois modos distintos. “A gente perde musculatura, calo, força específica, resistência, essas coisas só se ganha no ginásio. E o contato com o ginásio não tem mais, isso não nos deixa confortável”.
Por outro lado, o ginasta, que está passando a quarentena na casa dos pais em Ribeirão Preto, aproveita o aconchego do lar. “Estamos em família, as minhas duas famílias”, brinca, já que Carol, sua esposa, e seu filho Francisco, o acompanham na casa dos pais.
“O Francisco está sempre presente. Tem hora que meu filho me ajuda nos treinos e tal, mas tem hora que ele também me atrapalha. Não pode me ver fazendo algo que já quer pular em cima!”
Que ano!
Infelizmente, a pandemia deu uma freada na ascensão de Chico Barretto. Em 2019, ele foi o cara dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 e foi peça fundamental da classificação da equipe masculina para Tóquio-2020.
“Nossa, 2019 foi um ano que eu treinei muito, mas não imaginava ganhar tudo isso. A gente sempre trabalha pensando, mas foi um grande ano. Em 2020 teve essa lacuna de espera, uma pausa. Vai ficar para 2021, mas o foco continua. E tem que recuperar não tem jeito, porque de alguma forma a gente tá perdendo durante a pandemia.”
Pela sua atuação na ginástica artística do Pan de Lima, Chico Barretto foi um dos indicados para o prêmio de melhor atleta do evento. “Nossa, como eu fiquei nervoso com isso.”
Essa foi a primeira vez que a Panam Sports resolveu premiar os atletas. “Era a primeira edição do evento, meu primeiro prêmio, transmissão ao vivo. Eu tremia, mas deu tudo certo.”
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Chico Barretto agora lida com a ansiedade de voltar aos treinos no ginásio e às competições. “A prioridade é cuidar da família. O que pode ser feito está sendo realizado. É aguardar e replanejar tudo, devagarinho se programando. Atento às notícias e controlando essa ansiedade”.