A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) trabalha de olho no futuro da ginástica artística feminina. Com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 para 2021, por conta da pandemia de coronavírus, o ciclo pensando na edição de Paris-2024 diminuiu de quatro para três anos.
Com o intuito de desenvolver novas atletas, a entidade reuniu um grupo de treinadores para trabalhar com jovens ginastas aspirantes a vaga na seleção brasileira.
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“O próximo ciclo encurtou. Se começássemos a trabalhar as atletas jovens apenas a partir de 2021, teríamos apenas três anos. Elas não teriam como receber toda a carga de treinamento necessária”, disse Francisco Porath Neto, treinador da seleção feminina.
“Quebramos a cabeça durante uma semana e meia para planejar. Nossa ideia era bolar uma sequência que fosse a mais próxima possível daquela que elas têm no ginásio”, acrescentou o técnico.
Treinos virtuais aprovados
O trabalho com foco no futuro abrange Paris-2024 e também Los Angeles-2028. A ginasta Luísa Maia é uma das atletas, acima dos 12 anos, que participam dos treinos. Ela está gostando de trabalhar em conjunto com suas colegas, mesmo que seja virtualmente.
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Apesar de estar satisfeita em seguir seus treinos, a jovem admitiu sentir saudades de sua rotina no ginásio. “Está sendo bem legal. Essa atividade é boa para a gente dar continuidade aos treinamentos. O fato de termos técnicos de equipes diferentes também torna tudo bem dinâmico”, comentou.
“Sinto muita falta do ginásio. Mas meu avô, que trabalha com peças de caminhão e tem habilidade para essas coisas, montou uma barra e uma trave para eu treinar em casa. A trave acabou saindo um pouquinho menor do que o tamanho oficial, mas está dando pra fazer meus treinos em casa”, completou Luísa, atleta de ginástica artística, promessa para Paris-2024.
Detalhes do treinamento virtual
Com o impedimento de trabalhos presenciais devido ao coronavírus, os técnicos montaram um plano de treinos englobando todas as etapas. As ginastas iniciam com trabalho preventivo, que tem o intuito de reduzir o risco de lesões. Na sequência, elas fazem o aquecimento e, depois disso, começam a fase mais específica do treino.
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“No primeiro dia, sofremos com quedas de sinal. Com o passar do tempo, otimizamos bastante. As meninas foram ficando mais ágeis, decoraram algumas sequências. Estamos constantemente fazendo avaliações e vamos ajustando para que o treinamento renda o máximo possível. A gente fica bem orgulhoso por saber que está enfrentando este momento complicado da melhor forma possível”, destacou Neto.
Além de Luísa Maia, o grupo conta com mais 15 ginastas e os treinos são aplicados por meio de compartilhamento de imagens pela internet. Para conduzir o projeto foram convocados dez técnicos, um coordenador e dois dirigentes. As aulas virtuais apresentam criatividade, com treinos físicos usando objetos como mochilas com sacos de arroz e garrafas de 2 litros.
“Quando uma ginasta está à frente de um grupo como esse, que inclui treinadores da seleção, ela sabe que está sendo constantemente avaliada. Esse aspecto, somado à natural competitividade que existe entre as ginastas, puxa o melhor de cada uma delas”, afirmou Adriana Alves, coordenadora técnica da ginástica artística feminina.
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“Estamos ampliando a base. Havendo necessidade, creio que poderemos chamar a sétima ou a oitava ginasta do grupo sem que tenhamos uma grande defasagem técnica com essa substituição. Sinto que estou trabalhando mais do que antes da quarentena. Mas sinto empenho de todos. Ninguém quer deixar a peteca cair, e essa energia é o combustível que empurra todos nós”, concluiu a dirigente.