Arthur Zanetti dispensa introduções. Campeão olímpico, mundial e um dos maiores nomes da ginástica artística brasileira. O sucesso, porém, não é conquistado da noite para o dia e exige um esforço que vai além do ginásio. A dedicação é diária, como destacou o ginasta em uma live do Time Brasil, com a doutora Ana Carolina Corte, coordenadora da área médica do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
O tema central da conversa entre Zanetti e Ana Carolina foi a importância do trabalho de prevenção contra lesões. E para isso, o ginasta apontou os três pilares que, para ele, são a base do sucesso de um atleta: sono, alimentação e treino.
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“A pior coisa para o atleta é ficar de fora dos treinos, das competições. Então a gente trabalha muito com preventivo. E aí, além de dedicação, disciplina, tem três coisas muito importantes para o sucesso: treino, alimentação e descanso. Não vou dizer que quem não fizer isso não vai ter sucesso, mas vai ser mais difícil. O sono é essencial para a regeneração muscular e conseguir descansar para treinar bem no próximo dia”, explicou Zanetti.
Além do sono, a alimentação regrada constitui parte importante da rotina de um atleta. E para Zanetti, seguir a dieta é uma das partes mais difíceis. “Seguir uma dieta 100% é mito difícil. Todo mundo gosta de comer, da aquela vontade de comer uma coisinha. Mas a gente tem que seguir a risca e precisa se manter na dieta, no peso, porque a gente trabalha com o nosso corpo. Então quanto mais pesado eu tiver, mais o meu corpo vai sofrer na argola. A alimentação serve tanto pra recuperar para o próximo treino, como para prevenir lesões”.
O terceiro e último pilar é a cereja do bolo. No treino, é onde nasce a magia que mais tarde será apresentada ao público nas competições. E para Zanetti, a disciplina supera até mesmo o talento.
“Tem uma hora que o talento não dá conta. Precisa treinar. Atleta de alto rendimento é isso, está buscando o máximo. Qualquer coisinha vai atrapalhar. Então a gente busca esses detalhes ao máximo para melhorar. Geralmente, quem chega lá são os obcecados por trabalho”, opinou.
Bastidores dos treinos
Poucas pessoas sabem, mas antes de subir em algum dos aparelhos da ginástica artística e começar o treino técnico, os atletas precisam passar por outras etapas de condicionamento físico.
Os treinos começam com um aquecimento, passam para o trabalho preventivo e de fisioterapia, vão para a preparação física específica da ginástica e aí sim, é a hora de subir no aparelho. Tudo isso, segundo Zanetti, leva em torno de uma hora e meia.
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Além disso, os “tipos” de treino são intercalados de acordo com a intensidade e da carga, para que o corpo não seja sobrecarregado. “Segunda-feira, volta do domingo de descanso, para mim é o pior dia da semana. É quando agente está mais quebrado, mais enferrujado. Então a carga de treino não é tão pesada. Na terça, com o corpo mais acostumado, já eleva a carga, fazendo séries completas”, relatou.
“Na quarta, é um período de treino pela manhã, mas ele mais intenso, porque a gente tem que fazer tudo que fez na terça, por exemplo, em um tempo reduzido. Quinta, treino de séries, sexta diminui um pouco o ritmo, ajusta alguns elementos e sábado série de novo”, completou.
Há mais um momento importante, no entanto. A parte de recuperação pós treino. A Dr. Ana Carolina destacou que cada atleta se adapta melhor a um tipo de maneiras de recuperação. A do Arthur Zanetti são bolsas de gelo.
“Acaba o treino, gelo. É essencial, além do trabalho de fisioterapia, com liberação muscular, mas que a gente não faz sempre. Então gelo direto, nos dois ombros, na frente, atrás, cotovelo, punho. E isso independente de dor, porque o treino desgasta muito”, explicou.
Por fim, mas não menos importante, existe o trabalho mental. Sem foco e disciplina, fica tudo mais difícil. Um campeão é feito de corpo e cabeça.
“Quando o Marcos (Goto, treinador do Zanetti) me passa que tenho que fazer cinco vezes a série, eu odeio subir seis, porque meu treino tem que ser eficiente. Então eu subo para fazer cinco vezes certo. Eu paro, me concentro e penso o que eu tenho que fazer nessa subida, porque vou ser o mais efetivo e mais perfeito possível. Isso é treino. A ginástica artística não é um esporte com segunda chance, segundo tempo para melhorar. O árbitro levantou o braço e a gente tem aquele momento para ser perfeito. Então nos treinos, eu subo com a maior postura, faço a melhor execução, porque isso isso vai me ajudar na hora da competição”, finalizou.