O ginasta Arthur Nory não chegaria aonde chegou se não fosse pela mãe Nadna Oyakawa. Professora de educação física, foi ela quem incentivou e apoiou o caçula na decisão de seguir na ginástica artística e se tornar atleta profissional.
Nascido em Campinas, Nory cresceu cercado pelos esportes. O garoto já praticava judô quando, em 2004, pediu para a mãe deixá-lo começar na ginástica. “Corri atrás, mas era muito difícil. No lugar onde ele fazia judô, só havia vaga no feminino”, lembrou Nadna ao Olimpíada Todo Dia.
Quando encontrou um local para treinar, a mãe sabia que ele teria sucesso. “Ele já tinha 10 anos, tarde para começar na ginástica, mas eu sabia que era um diamante bruto, eu só não sabia como lapidá-lo”, contou.
No final de 2004, depois de um ano treinando, Nory participou de uma competição e ganhou dois trofeus. A boa atuação chamou a atenção de um dos juízes que era treinador do Esporte Clube Pinheiros e o convidou para fazer um teste. Depois de passar na peneira, Nory começou a treinar no clube paulista, mas precisou se esforçar para alcançar os outros meninos. Foi aí que Nadna entrou em ação.
“Eu vi que haviam meninos muito bons, então em casa eu o treinava fazendo aberturas de pernas (espacate), parada de mão e outros exercícios”, contou.
Ele ainda continuou fazendo judô junto com a ginástica – por incentivo do pai judoca – mas após um ano definiu seu foco. “Ninguém consegue servir a dois senhores, então eu o tirei do judô para só fazer a ginástica”, explicou a mãe.
Atleta da família
Nadna Oyakawa foi atleta da natação, mas não seguiu o alto rendimento e preferiu fazer faculdade de educação física. “Na minha época não havia atleta de alto rendimento e não tive muito incentivo. Assim desisti para prestar o vestibular”, contou.
O sonho de ter um atleta na família, no entanto, sempre esteve presente. Mãe de quatro filhos, a conquista veio logo com o caçula.
“Como toda professora de educação física e ex-atleta é lógico que pensei e criei os meus quatro filhos para o esporte. No começo, a meta era ensiná-los a nadar e praticar o judô. Depois cada um quis um esporte e não o seguiu. O Arthur é o caçula, talvez por não exigir tanto e deixá-lo fazer o esporte que ele escolheu tenha dado tão certo. Dei quatro tiros e um eu acertei”, ri Nadna.
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Batalha que compensa
A mãe, inclusive, foi a primeira a incentivar Nory quando o filho decidiu dedicar a vida ao esporte. “Sempre o apoiei a fazer o que gosta. Porque quando você faz o que gosta, faz com mais vontade.”
Mesmo assim, a ex-nadadora sabe as dificuldades de seguir uma vida no alto rendimento.
“Fui atleta e sei como é abdicar de muitas coisas pelo esporte. Não é fácil você fazer uma comida, porque ele não irá comer porque está de dieta. Ou mesmo ele não ir a uma festa porque tem treino logo cedo. Você tem que ter paciência e compreensão. O caminho é árduo mas a batalha compensa”, completou Nadna.
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Foco e conquistas
Segundo a mãe, Nory sempre foi muito focado e responsável desde pequeno. Foi com essa força mental que o atleta do Clube Pinheiros garantiu suas conquistas no esporte. E já foram várias.
Nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, o ginasta conquistou a medalha de prata por equipes e já mostrou que poderia se sobressair no esporte. Em Lima-2019, mais três medalhas: prata na barra fixa e no individual geral, e ouro por equipes.
Em outubro de 2019, Nory ainda conquistou o mundo ao ser campeão na prova de barra fixa no Campeonato Mundial em Stuttgart, na Alemanha.
Para Nadna, a conquista mais especial, no entanto, continua sendo a da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Em sua primeira participação olímpica, Nory garantiu a medalha de bronze no solo, fazendo dobradinha com o ídolo Diego Hypólito.
Presente na arquibancada ao lado dos outros filhos, a mãe relembra com emoção o significado daquele dia. “Quando o Arthur tinha uns 15 anos ele deu uma medalha para uma amiga da minha filha mais velha e eu fiquei muito brava com ele. E ele me disse ‘Não se preocupe mãe, a sua medalha será Olímpica.’ Assim que ele me viu após a premiação das Olimpíadas do Rio, ele a colocou e mim e falou ‘Aqui a sua medalha!’ Tenho um carinho enorme por ela, pois representa um esforço e trabalho de anos.”