Em meio ao caos, uma luz no fim do túnel. Era para ser ano olímpico. Era para ser o ano do sonho. Mas tudo mudou. O coronavírus veio e adiou, não só as Olimpíadas de Tóquio, como os planos de Arthur Zanetti. Prestes a completar 30 anos, o campeão olímpico nas argolas tem um novo futuro pela frente. Na ginástica e fora dela também. Agora, vai ser o ano do papai. E, quem sabe, 2024 não seja o ano de mais uma medalha olímpica.
Jéssica, esposa de Zanetti, está esperando o primeiro filho do casal, que revelou no último fim de semana, pelas redes sociais, o sexo do bebê: um menino, que pode se chamar Liam. Além de realizar o sonho do pai, Liam pode trazer consigo algo especial para Arthur e para a torcida brasileira: motivação extra e Paris 2024.
Antes da pandemia do coronavírus, Zanetti dizia que iria para de competir na ginástica após os Jogos na capital japonesa. Mas agora…
“Os planos mudaram. Eu não vou mais me aposentar depois das Olimpíadas de Tóquio. Vou continuar treinando mais uns anos e aí, dependendo de como as coisas vão acontecer, das condições do meu corpo, se eu estiver bem, pode sim se pensar em mais um ciclo”, revelou em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.
“Estou muito motivado, e a notícia da vinda do meu filho me motivou ainda mais. Estou muito feliz, está sendo bom demais, e acredito que ele possa ser um fator motivacional enorme para fazer mais um ciclo olímpico. Eu até perguntei para a médica se tem problema viajar com o bebê e ela disse que não. Então quem sabe eu ainda consigo levar o filhão para ver as Olimpíadas”, completou.
Os dois lados da moeda
A pandemia de coronavírus e seu consequente isolamento social trouxeram coisas positivas e negativas para Arthur Zanetti. Por um lado, a parte esportiva foi bastante afetada, com a suspensão das competições e a impossibilidade de treinamentos fora de casa. Por outro lado, Jéssica e Liam ganharam uma companhia especial.
“Esse adiamento foi bom nesse sentido, porque agora vou acompanhar toda a gravidez da minha esposa mais de perto. Porque eu ia perder praticamente tudo dos últimos meses. Eu voltaria das Olimpíadas e o bebê já estaria para nascer. Então vou poder estar mais presente nesse momento, o que é muito bom”, contou.
E na parte esportiva, Zanetti se vira como dá. Alguns dias faz dois ciclos de treinos e usa os objetos de casa para simular, mesmo que minimamente, os aparelhos. O que resta é trabalhar a parte física e mental para minimizar os prejuízos.
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“É um momento diferente, sem poder ir para o ginásio, todo mundo em casa. O que dá para fazer é uma preparação física mesmo, específica para ginástica, e vamos improvisando. Cada dia a gente usa criatividade, monta aparelho com os materiais que a gente tem aqui em casa mesmo. Usa cadeira, sofá. Como não pode sair de casa, não tem nem como correr, ir num parque para usar algumas barras. Então a gente está se virando dentro do possível”.
Uma das maneiras criativas de Zanetti tem sido aderir aos desafios propostos nas redes sociais. Confira abaixo:
Decisão correta
Apesar de tudo, Zanetti entende que a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) de adiar as Olimpíadas de Tóquio para julho do ano que vem foi a melhor decisão. “Não tem condição nenhuma de fazer as Olimpíadas em julho. Seria muito ruim se fosse esse ano. Primeiro porque a pandemia deve ir mais ou menos até a época das Olimpíadas e segundo que a maioria dos atletas não está conseguindo treinar e chegaria em um nível muito baixo em Tóquio. 50% e olhe lá. Então o nível das Olimpíadas ia cair muito e não ia ser legal”, opinou.
Assim, enquanto espera pela sua terceira Olimpíada – e sonha talvez com a quarta em Paris 2024 -, o dono da tríplice coroa nas argolas – ouro olímpico, mundial e pan-americano – não deixa a peteca cair. Cuida da parte mental e mantém o foco no objetivo, ao mesmo tempo que curte todo o processo da paternidade.
“É bem chato ficar em casa. Mas a gente está trabalhando muito a parte mental para aguentar, segurar essa ansiedade e manter o foco. Ee não estou deixando essa pandemia de coronavírus me abalar. Estou bem focado, com um objetivo bem traçado e um sonho. Porque é um sonho meu participar das Olimpíadas de Tóquio. E quando eu sonho, quando eu traço algo, eu corro atrás, dando meu 100%”, concluiu Arthur Zanetti.