Com o objetivo de monitorar os atletas que vão representar o país nas principais competições da temporada, capacitar os treinadores e acompanhar de perto a nova geração de ginastas, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) estão realizando até o dia 5 de fevereiro, no Rio de Janeiro, o maior camping de treinamento da história da ginástica artística masculina.
Ao todo, 22 atletas e 13 treinadores estão reunidos no Centro de Treinamento de Ginástica Artística, espaço que integra o CT Time Brasil e que conta com estrutura completa para os atletas: ginásio climatizado, equipamentos esportivos, área médica, refeitório, análise de vídeo e salas de apoio.
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“Os resultados que a ginástica artística masculina vem obtendo nos últimos anos nos dão essa condição de organizar um camping com mais de 30 pessoas, o que não conseguíamos há cinco anos. Vamos aproveitar esse tempo juntos na preparação dos atletas que são especialistas para Tóquio 2020, mas estamos atentos às futuras gerações. Fora isso, procuramos qualificar os treinadores, trazendo alguns mais novos e outros que estão afastados dos grandes centros”, explica Marcos Goto, coordenador técnico da seleção brasileira.
Outro número relevante é o de clubes representados no camping: dez. Eles pertencem a cinco estados diferentes: Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
“Nunca houve essa quantidade enorme de atletas. Eram 12 ginastas, no máximo. E é legal ver que não tem apenas os adultos, que os juvenis estão presentes e podem entender como funciona o sistema aqui. Isso serve de experiência para eles, e a comissão técnica consegue avaliar todo mundo”, diz o campeão olímpico Arthur Zanetti.
O que ajuda a explicar o alto número de ginastas no camping é a possibilidade de a seleção masculina ter um quinto integrante em Tóquio 2020. Além das quatro vagas conquistadas pela equipe no Mundial de Stuttgart (Alemanha), no ano passado, o Brasil ainda brigará para ter mais um atleta nos Jogos em duas competições: a Copa do Mundo e o Campeonato Pan-americano.
No caso da Copa do Mundo, sairão classificados os três ginastas com maiores médias de pontuação nas seguintes etapas: Milwaukee (7 de março), Stuttgart (21 e 22 de março), Birmingham (28 de março) e Tóquio (4 e 5 de abril), com direito a um descarte.
Se a vaga não vier neste qualificatório, os brasileiros terão que terminar em primeiro ou segundo lugar no Campeonato Pan-americano, de 7 a 10 de maio, em Utah (EUA). Estão aptos a participar desta competição somente os atletas que não foram ao Mundial de Stuttgart em 2019, como Diogo Soares, 17 anos, duas vezes medalhista nos Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018, que participa do treinamento pela primeira vez entre os adultos.
“Participo de competições pela seleção desde o infantil, mas o sonho de qualquer atleta é estar no adulto. Estou muito feliz e, às vezes, já fico pensando no que vai acontecer, buscando saber o caminho que vou percorrer. Sei que a cobrança é maior agora, mas é um passo de cada vez”, conta Diogo, que ainda falou sobre a relação com os ídolos: “na primeira vez que vim, lembro que era muito fã do Zanetti e do Diego (Hypolito) e que ficava olhando para eles o tempo inteiro. Hoje treino ao lado dos melhores do Brasil, divido apartamento com eles e entendo como é ser um atleta de ponta. É maravilhoso poder participar de tudo isso”, completa.
Estão previstos ainda outros três campings até os Jogos Olímpicos: em março, em maio e em julho, mês em que tem início os Jogos de Tóquio.
Formação de novos atletas e treinadores
Como não poderia ser diferente, a prioridade para a temporada são os Jogos Olímpicos de Tóquio. Porém, o planejamento da comissão técnica da seleção brasileira não se limita ao curto prazo. Um dos propósitos do camping é preparar as próximas gerações, que representarão o país em Paris 2024, Los Angeles 2028 e outras grandes competições.
“Temos essa preocupação com o futuro da seleção brasileira e por isso estamos trabalhando com os juvenis. Uma equipe disputou um campeonato nos Estados Unidos, em meados de janeiro, e temos outro na Alemanha, em abril. Queremos monitorar os atletas, ver o que estão fazendo e o que precisam fazer, além de dar diretrizes aos treinadores”, fala Goto.
Um dos destaques da equipe brasileira que esteve em Houston no início do ano foi Yuri Monteverde, companheiro de Zanetti no SERC, em São Caetano do Sul (SP). Aos 16 anos, o ginasta está pela segunda vez no CT de Ginástica e celebra a oportunidade de representar a seleção.
“É motivante participar desse treinamento. Tenho o sonho de disputar os Jogos Olímpicos e estou fazendo tudo o que posso para atingir o nível de um atleta olímpico. Venho recebendo orientações dos ginastas mais velhos, que me dão dicas e procuram ajudar a equipe inteira.”
Ainda que conheçam os jovens ginastas e treinadores das principais competições do país, o convívio diário permite aos integrantes da seleção brasileira outro entendimento em relação a estes profissionais, orientando-os, por exemplo, em relação a procedimentos e condutas disciplinares.
“Essa troca de informações e experiências é o que podemos oferecer, transmitindo um pouco da importância de estarmos aqui, do patamar que a ginástica brasileira alcançou, além de mostrar que este trabalho não foi apenas de um ou dois treinadores, e sim de um conjunto. O conhecimento adquirido e a vontade de querer fazer algo a mais são os fatores que vão fazer a ginástica evoluir. Isso se aplica também aos atletas juvenis, que se motivam ao treinar com os mais experientes e vão querer trabalhar ainda mais quando voltarem para casa”, finaliza Cristiano Albino, treinador de Arthur Nory e que integra a seleção brasileira desde 2010.