A sexta-feira (11), parecia um dia normal para Diego Hypólito. Na Arena Caixa, onde treinava, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, correu e fez a preparação física, como de costume. Mas viu seu treino ser interrompido por uma notícia brusca: a demissão. Apesar dos sete meses de atraso do salário no clube, a novidade não era esperada por ele e pelos demais atletas da equipe principal da cidade. Ficou em estado de choque. Segundo o atual vice-campeão olímpico, a justificativa foi falta de verba. Para Diego, haviam outras saídas que evitariam este fim.
“Fiquei um pouco indignado. Eu acho que poderiam ter usado mais a minha imagem, da minha irmã, Daniele, para que isso não tivesse acontecido”, destaca Diego, em entrevista exclusiva ao Olímpiada Todo Dia. “Não pode, simplesmente, se vincular a apenas um patrocínio. Entendo que tem o patrocínio da Caixa, que mantinha os atletas lá, mas ao mesmo tempo, eles poderiam ter conseguido outro recurso”.
Diego soube da demissão por Ricardinho, seu treinador. Depois disso, seu dia foi todo fora da rotina. Foi para casa, conversou com o advogado e esfriou a cabeça. O ginasta esteve em uma reunião na Prefeitura para saber o que tinha acontecido. Sem as respostas que esperava, voltou para casa e para os pensamentos. Fez ligações. Várias. Compartilhou com seus fãs. “Agora, estou aqui, tentando juntar os cacos e pensando o que vou fazer”.
Diego conta que, no último ano, o São Bernardo informou que estava sem dinheiro e, por isso, o atleta estava com sete salários, dos 24 meses de contrato, atrasados. Procurada pelo OTD, a equipe ainda não se manifestou sobre a situação. “Eu me abdiquei de quatro meses de salário, momentaneamente, para que conseguisse ficar em dia nos próximos salários. Mas nunca pagaram em dia”, destaca. “Não sei como vai ser acordado isso. Mas cada hora eles falam uma coisa”.
Ainda assim, a demissão foi surpreendente. “Eu jamais acreditei que isso poderia acontecer. Achava que, na pior das hipóteses, teríamos uma diminuição do salário”, relata o atleta. Diego também lembrou o caso de assédio na ginástica, colocado no holofote no último ano, quando o técnico Fernando de Carvalho Lopes foi denunciado por molestar atletas. “Depois de uma situação tão desagradável que aconteceu com o São Bernardo, parece que a gente é punido. Além de sofrer todas situações que sofremos, ainda temos o salários sem ser pagos”.
(Des)consideração
Se o dia de Diego foi incerto, seu futuro não parece diferente. Com o objetivo de voltar ao pódio olímpico em Tóquio 2020, Hypólito precisa, por enquanto, se reconstruir. “Não sei o que vou fazer, estou realmente preocupado. Desanima muito”, ressalta Diego, apenas um, dos vários atletas prejudicados com a demissão. Dentre os nomes está sua irmã, Daniele Hypólito. “Tenho um sonho de mais uma vez ser medalhista olímpico, de classificar para as Olímpiadas. A classificação começa a partir das competições de março. Não sei absolutamente nada do que vou fazer”.
Ainda, Diego não se conforma. “Menos de três anos depois dos jogos olímpicos no Brasil, não se existe verba nenhuma para o esporte brasileiro”, destaca o atleta. “Vivemos em um país que somos lembrados pelos resultados. As pessoas na rua tratam com muito patriotismo o atleta. Mas não existe nenhum retorno financeiro”.