Nesta quarta-feira (25), o time feminino do Corinthians atuou pela primeira vez na Arena em Itaquera, promovendo a campanha #CaleOPreconceito.
A estreia do Corinthians no Campeonato Brasileiro de futebol feminino foi especial não só pela conquista dos três pontos. A vitória, dentro da Arena em Itaquera, foi mais um capítulo na luta contra o machismo. Diante do São Francisco-BA, a equipe feminina do Timão fez a primeira partida da categoria no estádio alvinegro.
“É um incentivo muito grande que o Corinthians está fazendo para o futebol feminino, abrindo esse espaço. Que sirva de exemplo para outros clubes fazerem com o futebol feminino, que coloquem as meninas para jogar no estádio, que vendam ingressos, que deem mais visibilidade”, considerou a atacante Cacau, autora do 4º gol corintiano na vitória por 4 a 1.
“Jogar aqui foi maravilhoso, é o sonho de qualquer jogadora. Eu estou há muitos anos no futebol feminino e só estou podendo viver isso agora. Tem muita amiga minha que já parou e não pôde viver isso”, completou.
Há mais de 20 anos atuando no futebol feminino, a meio-campista Grazi vê melhorias no cenário atual do esporte. “É algo que está marcando a nossa história com o Corinthians. Hoje, a gente vive coisas que não vivemos lá atrás. Eu posso falar isso porque já estou há 22 anos dentro da modalidade. De uns quatro ou cinco anos para cá, tem acontecido coisas fantásticas dentro da modalidade. O crescimento vem acontecendo, ele ainda é lento, mas tenho certeza que daqui uns dois ou três anos o negócio já vai estar bem acelerado. A gente está muito feliz com isso que está acontecendo”, disse a dona da camisa 7.
A Arena Corinthians, que tem uma média de 29.314 torcedores em 2018, recebeu 3.895 pagantes nesta quarta-feira (25) – apenas os setores norte e oeste inferior foram comercializados. O número ainda é pequeno, mas os poucos presentes fizeram a diferença na vida dessas jogadoras.
“Assim que acabou o jogo eles cantaram ainda mais alto e a gente ficou toda arrepiada. Para nós é algo novo, e gostamos demais. Acredito que, mais para frente, quando eles forem conhecendo o nosso trabalho, vão vir mais pessoas, mais pessoas vão querer apoiar”, afirmou Katiuscia.
#CaleOPreconceito
Fruto da parceria entre os departamentos de marketing e comunicação do clube, a ação #CaleOPreconceito chegou pronta às jogadoras do Corinthians, que não pensaram duas vezes em abraçar a ideia. Frases como “Futebol feminino só vai ser bom quando acabar” e “Mulher é na cozinha e não jogando futebol” foram estampadas nas camisas das atletas, buscando debater o preconceito no esporte, além de discutir a falta de patrocinadores e incentivos ao futebol feminino.
“O projeto já veio com esses frases, inclusive elas são todas reais, tiradas da internet. São frases que todas já escutamos, praticamente. E quem não escutou, pode ser que escute”, expressou Cacau. “A gente costuma ouvir bastante, até mesmo pelas redes sociais, porque muita gente não tem coragem de ‘dar a cara’ para poder falar, então se escondem atrás de redes sociais para poder discriminar o futebol feminino”, acrescentou a zagueira Giovanna.
Grazi afirmou ter visto comentários machistas na própria campanha contra o preconceito. “As pessoas insistem com esse preconceito, que eu acho muito bobo. A mulher tem o direito de fazer o que ela quiser, tem direito de estar onde quiser. Nós escolhemos jogar futebol, estamos felizes e vamos continuar. E que o preconceito possa acabar”, concluiu a meio-campista.