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‘Missão é voltar ao topo’, diz novo técnico da seleção de fut cegos

Júlio César Macena, o Cesinha, assume comando do Brasil e fala sobre desafio de substituir Fábio Vasconcelos no cargo. Em Paris, o Brasil saiu sem o ouro pela primeira vez na história

Júlio César Macena Cesinha futebol de cegos novo técnico seleção brasileira de futebol de cegos Jefinho
(Ana Patrícia Almeida/CPB)

Os caminhos de Júlio César Macena, novo técnico da seleção de futebol de cegos, e Fábio Vasconcelos, seu antecessor, vinham se cruzando desde 2021. Foi quando o ex-goleiro e técnico multicampeão pelo Brasil convidou o então ex-atleta profissional de futsal a conhecer a modalidade paralímpica. Agora, aos 39 anos de idade, Cesinha, como é conhecido, tem a missão de substituir seu “professor” com uma missão clara. Colocar em Los Angeles 2028 o país de volta no topo do pódio dos Jogos Paralímpicos. Em Paris 2024, a seleção foi bronze e ficou sem o ouro pela primeira vez na história.

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“Essa será a maior missão, recuperar o topo, a hegemonia. Sabemos que não será fácil, a gente viu o nosso último ciclo, o quanto as equipes vêm evoluindo e se profissionalizando. Mas tenho certeza de que trabalharemos muito para colocarmos o Brasil onde ele merece estar”, falou o treinador campeão brasileiro em 2022 e três vezes ganhador do Regional Nordeste pela Apace. “É uma honra estar assumindo a Seleção. Estou muito feliz, é um sonho que realizo. Sei que não vai ser fácil, pois estou assumindo o lugar de um cara que revolucionou a modalidade. O maior campeão de todos os tempos. Mas me sinto preparado para este momento”.

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Fábio, Cesinha e Bamba, da esquerda para a direita (Renan Cacioli/CBDV)

Planos e estratégias

Cesinha foi chamador do time na campanha em Paris. Antes, já havia trabalhado com a Seleção Sub-23, com a qual ganhou dois títulos em 2023, o Parapan de Jovens de Bogotá e o Grand Prix da França. “Eu pego uma Seleção bem treinada, que vem junta há 12 anos, bem estruturada, com jogadores inteligentes taticamente que conseguem absorver o que você pensa para colocar em prática. Pretendo manter algumas coisas, como a intensidade com que a equipe já vinha jogando, a transição rápida tanto ofensiva quanto defensivamente. E colocar algumas ideias do que penso”, acrescenta.

Além do ouro daqui a quatro anos, Cesinha tem outra tarefa difícil pela frente: começar a trabalhar o grupo para que se torne menos dependente dos craques mais experientes do futebol de cegos. Nonato, Ricardinho e Jefinho estarão próximos dos 40 anos na Paralimpíada de 2028. “Vou torcer para que eles cheguem no mais alto nível possível em 2028, sejam protagonistas. Mas a gente tem de trabalhar para, a cada dia, ser mais independente não só de Ricardinho, Jefinho, mas de qualquer jogador. Eles não vão jogar por toda a vida. Precisamos construir um grupo forte”, conclui o novo técnico do Brasil.

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Ricardinho, à esquerda, Cesinha e Paraná (Alessandra Cabral/CPB)

Futsal para o Fut Cegos

Frequentador de quadras de futsal desde os 8 anos de idade, Cesinha chegou a se profissionalizar no esporte, mas uma lesão no joelho interrompeu os sonhos como atleta. Formado em Educação Física, ele é casado e pai de dois filhos, Júlia Vitória, de 19 anos, e Júlio Gabriel, de 13. “A princípio, não queria, não conseguia pensar como seria capaz de treinar cegos. Mas acabei topando e, no primeiro treino, percebi que aquilo era para mim. Era para ir duas vezes na semana e passei a ir todos os dias. Ia de manhã e à tarde, sem ganhar um centavo, e à noite fazia Uber. Minha esposa segurou as pontas durante quase dois anos nessa luta. Só tenho a agradecer por tudo. Quem não me conhece acha que foi fácil chegar onde estou. Mas só Deus sabe o quanto a gente ralou”, conta.

Ao seu lado como auxiliar técnico, ele terá Josinaldo Sousa, o Bamba, que trabalhou nesta mesma função nos últimos anos e será mantido na comissão do novo treinador de futebol de cegos da seleção. Fábio Vasconcelos assumiu o cargo de Coordenador Técnico de Seleções da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais).

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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