O North Carolina Courage, time da atacante brasileira Debinha na NWSL, demitiu o técnico Paul Riley após uma reportagem do jornal britânico “The Athletic”, reunir depoimentos de jogadoras e denunciar casos de assédio sexual envolvendo o treinador inglês ao longo da última década.
Duas ex-jogadoras, Meleana Shim e Sinead Farrelly, além de outras atletas, que mantiveram o anonimato, denunciaram os episódios de assédio sexual e condutas inapropriadas do treinador ao longo dos últimos anos, em diferentes times. Entre os episódios, elas contaram que Riley as obrigou a se beijarem dentro de seu apartamento para que elas não precisassem fazer exercícios que não gostavam durante os treinos.
Após as denúncias, o NC Courage de posicionou, dizendo: “À luz das notícias de hoje, o North Carolina Courage demitiu o técnico Paul Riley, com efeito imediato, após sérias alegações de conduta inapropriada. O Courage apoia e elogia as jogadoras que deram um passo adiante por corajosamente compartilhar suas histórias. Estamos unidos pelo comprometimento em criar um ambiente seguro não só em nosso clube, mas em toda a liga e no nosso esporte. Jogadoras e membros do staff são encorajados a reportar qualquer comportamento inapropriado de acordo com a política da NWSL”.
Paul Riley, por sua vez, admitiu que costumava socializar com as jogadoras, mas negou as acusações de assédio. Ele estava no North Carolina Courage desde 2017, pelo qual foi campeão duas vezes da NWSL. O time agora será treinado interinamente por Sean Nahas até o fim da temporada.
NWSL se pronuncia
Após os acontecimentos, a comissária da NWSL, Lisa Baird, se pronunciou por meio de uma nota e disse que as acusações foram enviadas ao US Center for SafeSport, organização independente que luta por um ambiente seguro para as atletas. E que uma linha de denúncia anônima será implementada, na qual jogadoras, equipes e funcionárias poderão enviar mensagens de texto e as alegações serão investigadas imediatamente.
Além disso, a Liga dos Estados Unidos optou por não realizar as partidas marcadas para este fim de semana em respeito às atletas após as denúncias. “Esta semana, e grande parte desta temporada, foi incrivelmente traumática para nossas jogadoras e equipe, e eu assumo total responsabilidade pelo papel que desempenhei. Sinto muito pela dor que tantos estão sentindo. Reconhecendo esse trauma, decidimos não entrar em campo neste fim de semana para dar a todos um espaço para refletir”.
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“Negócios não são nossa preocupação agora. Toda a nossa liga tem muito a fazer, e nossas jogadoras merecem muito mais. Tomamos essa decisão em colaboração com nossa associação de jogadores e essa pausa será o primeiro passo enquanto trabalhamos coletivamente para transformar a cultura desta liga, algo que já deveria ter sido feito há muito tempo”, completou a liga em nota.
Atletas de posicionam
Logo após as denúncias, várias atletas também se posicionaram, com com uma forte cobrança em relação à omissão de clubes e, principalmente, da NWSL. Uma delas foi Alex Morgan, que publicou em suas redes sociais o email de Sinead Farelly para Lisa Baird revelando o assédio sexual sofrido por Paul Riley, e a resposta da comissária, dizendo que as alegações foram investigadas e encerradas, sem poder dar mais detalhes do assunto.
“A Liga foi informada dessas alegações várias vezes e se recusou a investigá-las. A Liga deve aceitar a responsabilidade por um processo que falhou em proteger suas própriss jogadoras desse abuso”, escreveu Morgan.
Debinha, do próprio North Carolina Courage, e Marta, do Orlando Pride, também repostaram em suas redes o comunicado oficial da Comissão de Atletas da NWSL, repudiando os acontecimentos e saindo em apoio das jogadoras que relataram os episódios de abuso. “Nos recusamos a nos silenciar. Não seremos mais cúmplices de uma cultura de silêncio que permitiu abusos em nossa liga e no nosso esporte. A NWSL falhou conosco. Estamos tomando o poder de volta”, disse a nota.