Após a disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a seleção feminina já vira a chavinha e começa a pensar no próximo ciclo que se inicia. Visando a Copa América de 2022, a técnica Pia Sunhage convocou 23 jogadoras para dois amistosos com a Argentina em setembro, já promovendo mudanças na lista, tendo em mente o processo de renovação que a equipe passará nos próximos anos. Mas, além das novidades, Marta marcou presença na lista da sueca, que explicou a convocação da capitã.
“Para nós obtermos um resultado diferente, nós precisamos fazer as coisas de formas diferentes. E isso significa que precisamos ter novas jogadoras para ver como elas se combinam e chegam a um time coeso. Estamos tentando misturar essas novas jogadoras com as antigas em uma forma de sucesso. Acredito que é importante nós falarmos do ano que vem, da Copa América, e termos a coragem de olhar para jogadoras mais jovens com novos olhos e ver se nós podemos agir de forma diferente na Copa do Mundo”, pontuou Pia em coletiva de imprensa nesta terça-feira (31).
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“Sobre a Marta, ela é muito importante no passado, no presente e vamos ver também se ela continuará sendo importante no futuro. Tudo tem a ver com o time. Mas é claro que ela pode ajudar o time se estiver saudável”, completou.
Lições para o futuro
Um dos pontos mais destacados por Pia desde sua chegada à seleção feminina é a jornada, ou seja, olhar para além dos resultados a fim de tirar lições preciosas para o que vem pela frente. E é exatamente isso que a treinadora fez questão de ressaltar novamente, pontuando o que precisa ser melhorado para o futuro.
“Existe uma pequena diferença entre nós termos sucesso e não termos sucesso. E, claro, existe espaço para melhoria e reflexão. É super importante nós aproveitarmos a jornada e, durante ela, nós podemos nos sair melhor nos detalhes. Acho que todos nós fizemos um bom trabalho, mas eu sei, começando por mim, que eu poderia ter feito um trabalho um pouco melhor, um pouco mais cheio de entusiasmo, detalhes, especialmente no ataque. Passamos muito tempo atacando, mas sem marcar gol”, refletiu.
“Então meu trabalho é torná-lo mais brasileiro para falar a verdade. A gente tem que dançar mais, aproveitar mais, jogar de uma forma mais livre. E ao mesmo tempo, estar organizadas, isso é o mais difícil. Então vamos tentar fazer as coisas diferentes com jogadoras diferentes da próxima vez. Mas nós tivemos uma jornada fantástica, fizemos excelentes jogos. E sabendo que ainda temos potencial de fazer um pouco melhor, temos muito mais energia agora para investir daqui para frente”.
Planejamento
Parte do foco para esse novo ciclo que se inicia está no planejamento a longo prazo. Além dos amistosos em setembro contra a Argentina, é necessário pensar no ciclo de maneira geral, considerando Copa América, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Um ótimo ponto seria enfrentar mais seleções do top 10 do mundo, para que a seleção feminina se acostumasse mais a esse tipo de pressão. Para Pia, isso seria fundamental, e, apesar de ela entende as dificuldades do processo, isso é algo que está nos planos.
“Como vamos nos tornar vencedores lidando com todos esses obstáculos e mesmo assim jogar contra ótimos adversários? Eu adoraria jogar contra os top 10 o tempo todo, mas é impossível. É a Covid, é difícil encontrar adversários nos momentos certos… Mas isso é uma coisa que a gente realmente quer garantir. E que tenhamos um planejamento não só para seis meses, mas para dois, três anos para garantir que a gente tenha jogos contra os melhores do mundo. É a assim que a gente aprende a lidar com a pressão”.
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Complementanto a posição de Pia, a coordenadora de seleções femininas Duda Luizelli destacou os projetos da CBF para fomentar o futebol feminino no Brasil, pensando também a longo prazo e com um objetivo bastante ousado.
“Temos um projeto de integrar a seleção sub-17, sub-20 com a adulta. Isso envolve todas as nossas comissões com o objetivo principal de fomentar cada vez mais atletas para a seleção principal. E outro projeto se chama ‘atletas do futuro’, em que vamos monitorar todas as atletas com potencial pensando, não só na próxima Olimpíada, mas na outra, daqui sete anos. Então vamos pensar a longo prazo, porque temos certeza que com isso, o Brasil certamente vai chegar a ser o número um do mundo em pouco tempo”, concluiu.