Daqui a exatamente 365 dias a bola irá rolar no Japão para a disputa do torneio masculino de futebol na Olimpíada. Serão 16 países dos seis continentes na briga pelo lugar mais alto do pódio. Atual campeã do torneio, a seleção olímpica do Brasil está garantida na competição e brigará em Tóquio pela segunda medalha dourada em Jogos Olímpicos.
Pensando na participação do “país do futebol” na disputa dos Jogos Olímpicos, o Olimpíada Todo Dia preparou este guia relembrando a trajetória da seleção de base nos últimos anos e projetando como chega a equipe e os adversários do grupo comandado pelo técnico André Jardine.
Começo de ciclo decepcionante
Seleção pentacampeã mundial e representante do “país do futebol”, a brasileira demorou 64 anos e 13 edições olímpicas para finalmente subir no lugar mais alto do pódio. Porém a medalha dourada veio de forma especial, já que foi conquistada em casa, no Rio de Janeiro, nos pênaltis, diante da Alemanha.
No entanto, desde o pênalti convertido por Neymar naquele 20 de agosto de 2016, a seleção de base do Brasil passou por períodos de vacas magras e de péssimos resultados obtidos em campo.
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Durante este ciclo olímpico, a seleção brasileira participou de uma Copa do Mundo sub-17, em 2017, dois sul-americanos da categoria, 2017 e 2019, e duas edições do tradicional torneio de Toulon, em 2017 e 2019.
Apesar do respeitável terceiro lugar conquistado no Mundial sub-17, realizado na Índia, decepcionou, e muito, quando se tratou de competições sul-americanas. Acabou em quinto lugar nos hexagonais finais das duas últimas edições do torneio que reúne os jogadores de base continental.
Os fraquíssimos resultados obtidos nas últimas edições dos sul-americanos sub-20 trouxeram como consequência a ausência do país nos dois últimos Mundiais sub-20 e também dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019.
Reação na reta final
Apesar da maior parte do ciclo olímpico ter sido decepcionante para o país, a seleção brasileira tem demonstrado importante reação nessa reta final de preparação. O primeiro resultado positivo foi conquistado em junho do ano passado, quando voltou a conquistar o tradicional Torneio de Toulon.
Disputado na França, a competição foi um dos primeiros compromissos de André Jardine a frente do seu novo cargo de comandante. Com uma seleção bastante modificada, o treinador praticamente a força máxima e se aproveitou dos adversários não contar com as suas principais forças para começar ali a montar a base do seu time com a presença de jovens destaques como o meio-campista Douglas Luiz e os atacantes Pedro e Antony.
O título invicto conquistado nas cobranças de pênalti sobre o Japão deu a confiança necessária para que o país chegasse com uma moral elevada para o Pré-olímpico Sul-Americano realizado no começo deste ano na Colômbia.
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Com a base do time montado para o torneio da França, a seleção brasileira oscilou durante a competição e chegou a flertar com o perigo de ficar de fora dos Jogos Olímpicos. No entanto, acabou carimbando a vaga com direito a vitória maiúscula por 3 a 0 sobre a Argentina, que também se classificou após ser dona da melhor campanha do torneio.
Seleção recheada
Com a vaga confirmada, surge a expectativa de quem serão os convocados para representar a seleção olímpica do Brasil na próxima edição dos Jogos. Como se já não bastasse o alto número de bons jogadores brasileiros, é difícil cravar os nomes que serão liberados pelos clubes.
Vale lembrar que por não se tratar de um evento organizado pela Fifa, as equipes de todo o planeta não são obrigadas a liberar os atletas para convocação das seleções olímpicas. A situação se torna ainda mais problemática para a edição de Tóquio, já que por conta dos atrasos no calendário causados pela pandemia do coronavírus, é bastante provável que a data da Olimpíada bata com período importante da temporada dos grandes campeonatos, tanto os do Brasil, quanto os da Europa.
Por outro lado, Jardine também tem o que comemorar. Há poucos dias o COI confirmou que para esta edição dos Jogos o torneio futebol será disputado por atletas com até 24 anos. A mudança ocorre para que os que participaram de todo o ciclo olímpico não sejam prejudicados.
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A mudança na regra foi favorável para o Brasil, já que onze atletas que disputaram o Pré-Olímpico no começo do ano estariam impossibilitados. Dentre eles, nomes importantes como o atacante Gabriel Jesus e os meias Lucas Paquetá e Bruno Guimarães.
Bruno Guimarães, aliás, é um caso a parte na seleção brasileira. Eleito melhor jogador do pré-olímpico, é um dos poucos que já estão praticamente garantido no evento de Tóquio. Ele fez questão de negociar de maneira antecipada a liberação junto ao Lyon, seu clube na França, para representar o país nos Jogos Olímpicos.
Outra questão importante em relação a seleção olímpica são as três escolhas acima da idade limite disponíveis para a convocação. Principal estrela do futebol brasileiro atual e personagem fundamental no ouro olímpico 2016, o atacante Neymar já declarou ter a vontade de disputar o evento de Tóquio. No entanto, não só é impossível cravar a presença do craque como é improvável pensar que o PSG irá liberar o jogador numa época de reta final da temporada.
Assim como o caso do craque, é difícil fazer qualquer projeção de estrelas acima da idade permitida que possam compor a seleção olímpica. De qualquer forma, independente dos escolhidos, é possível dizer que boas opções não faltam para o técnico André Jardine.
Adversários de peso
A edição dos Jogos Olímpicos da capital japonesa será uma das mais fortes no quesito tradição das equipes. Cinco dos oito países campeões mundiais estão confirmados: Brasil, Alemanha, França, Argentina e Espanha.
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No entanto, apesar do alto nível das equipes classificadas, é difícil cravar a presença das principais estrelas dessas seleções, pelos mesmos motivos que o Brasil enfrenta em relação a clubes e readequação da temporada.
Dessa forma, a presença de grandes nomes que possuem a idade olímpica – tais como: Kylian Mbappé, da França, Lautaro Martínez, da Argentina e Mikel Oyarzabal, da Espanha – não podem ser cravadas.
Mesmo sem poder cravar a presença das principais estrelas na capital japonesa, é possível dizer que estes países estarão bem representados. As seleções de base dessas nações são sempre destaque em suas categorias.
Não à toa, a França, atual campeã mundial da modalidade entre os adultos, ficou em terceiro no mundial sub-17 de 2019, perdendo a semifinal para o Brasil, e ficou em quarto no europeu sub-21 em 2019.
Já a escola alemã de futebol é a atual vice-campeã olímpica e vice campeã europeia sub-21 em 2019, enquanto a seleção olímpica da Espanha também apresenta bons números na base e foi campeã do europeu sub-21 de 2019.
Além das campeãs mundiais, o Japão, como país sede, e as seleções da Romênia, Nova Zelândia, Egito, Costa do Marfim, África do Sul, Arábia Saudita, Coreia do Sul estão garantidas no Jogos de Tóquio.
Mais duas vindas da América Central serão definidas pelo pré-olímpico local, que ainda não possui data definida após ser adiado pela pandemia do coronavírus.
Histórico do Brasil
Apesar da conquista do ouro ter acontecido apenas em 2016, o Brasil é o país com mais medalhas em se tratando de futebol masculino. São seis. Desde a primeira participação, em Helsinki-1952, o país conquistou, além do ouro, três pratas e dois bronzes.
Na primeira participação, acabou na quinta colocação. De 56 até 1980, foi muito mal. Além de ter ficado de fora de duas edições (1956 e 1980), o país foi desclassificado na primeira fase em quatro ocasiões, na sequência: de 1960 a 1972. A melhor colocação no período foi um 4º lugar em Montreal 1976.
A partir de 1984, quando os jogadores profissionais foram liberados para participar dos Jogos, a situação mudou. Apesar de não ter se classificado em duas edições (1992 e 2004), a seleção olímpica ficou de fora do pódio apenas uma vez: em Sydney 2000.
Em 1984, representado pelo time titular do Internacional de Porto Alegre, o Brasil acabou perdendo a final para a França. Quatro anos mais tarde, Romário liderou o time até a final, mas acabou caindo diante da União Soviética em Seul-1988.
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Em 1996, o país sofreu uma das derrotas mais duras de sua história. Contando com uma seleção recheada de grandes nomes, como Dida, Roberto Carlos, Bebeto, Rivaldo e Ronaldo, foi derrotado para a Nigéria, de Kanu e Okocha, na prorrogação das semifinais, tomando o chamado Gol de Ouro. Saiu de lá com o bronze.
Em Pequim 2008, com Ronaldinho Gaúcho como principal nome do elenco, derrota na semifinal para a Argentina de um jovem Lionel Messi e novamente o bronze conquistado. Quatro anos mais tarde foi a vez de Neymar participar pela primeira vez da competição. Ao lado de seu então companheiro de Santos, Paulo Henrique Ganso, o Brasil acabou sendo derrotado na decisão para o México pelo placar de 2 a 1 e ficando novamente com a prata.
Em 2016, em casa, a redenção. Sob forte pressão da mídia e da sombra dos 7 a 1 para a Alemanha na Copa dois anos antes, a seleção olímpica do Brasil finalmente conseguiu seu tão desejado ouro para, finalmente, delírio do Maracanã.
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