No início deste ano, Emily Lima partiu para um novo desafio na carreira: deixou o Santos para comandar a seleção do Equador de futebol feminino. Conhecida fora de campo por seus posicionamentos firmes, a ex-técnica da seleção brasileira tem aproveitado a experiência em um país estrangeiro, mas não fecha portas nem ao Brasil, nem a lugar algum.
“Eu me preparo para o mercado, não escolho lugares. A minha prioridade em 2020 era sair do Brasil devido a alguns problemas que eu tive na seleção, em 2017, no Santos também… Eu sou uma pessoa que falo o que penso e falo o que eu acho que é o correto. Não sou política e muitas pessoas falam que eu preciso aprender a ser, mas eu não estou a fim. Eu prefiro usar minha energia para aprender o que eu realmente preciso, que é o futebol”, disse Emily em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.
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“Mas claro que se eu recebo uma proposta interessante… E nem digo na parte financeira, porque para mim ela é importante, mas o mais importante é entender o projeto que o clube ou seleção queira me apresentar. Então eu estou aberta e tento não fechar portas, mesmo sendo da maneira que eu sou”, completou.
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Diferenças no Equador
Como é de se imaginar, há muitas diferenças entre o Brasil e o Equador, inclusive no futebol. Mas no país estrangeiro, Emily encontrou algo que tanto buscou na terra natal, mas nunca achou.
“A primeira diferença, que eu sempre busquei no Brasil e nunca encontrei, é poder apresentar um projeto a ser desenvolvido e os gestores entenderem esse processo. Eu nunca tive isso no Brasil, nem em seleção, nem em clubes. Ninguém nunca me pediu um projeto para entender qual era o nosso plano de trabalho, objetivos, estratégias. Nunca tive essa oportunidade e uma das minhas brigas era essa busca. As pessoas não estão acostumadas a trabalhar dessa forma no Brasil de modo geral e eu encontrei isso no Equador”.
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Dentro de campo, Emily Lima reconhece que o Equador ainda está atrás em relação ao Brasil, muito em razão da cultura dos países. No entanto, a treinadora vê um potencial de evolução no futebol feminino equatoriano e projeta um futuro promissor.
“A diferença técnica do Equador para o Brasil eu acho que é o tempo de vivência. No Brasil ele acaba sendo maior, mas nós temos planos futuros muito interessantes para uma evolução bastante significativa para o futebol equatoriano. Não digo que a gente vai ganhar tudo, nada disso, mas digo o desenvolvimento de maneira geral no país. E claro que futuramente a seleção vai ter resultados positivos devido ao trabalho muito forte que a gente tem feito, desde a base até a categoria principal”, concluiu.