Foi dado o pontapé inicial do Summit Rio-SP de Futebol Feminino. O evento é recheado com palestras, que têm como objetivo debater e promover o desenvolvimento da modalidade, disseminar conhecimento e elevar as discussões para profissionais da área.
Promovido pela FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) e FPF (Federação Paulista de Futebol), o Summit Rio-SP está sendo realizado nos dias 3 e 4 de junho, de forma virtual e gratuita. Basta se inscrever no site do evento.
“A realização do Summit Rio-SP de Futebol Feminino é mais um grande passo de desenvolvimento da modalidade. Tenho certeza que o evento nos ajudará a encontrar novos caminhos para que o futebol feminino saia fortalecido, especialmente em um momento tão duro como esse que estamos vivendo”, afirma Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF.
“O debate sempre leva ao crescimento. O Summit Rio-São Paulo vem para comprovar o desejo de fortalecer o futebol jogado por mulheres com a troca de informações em alto nível, busca de soluções, receitas, caminhos…”, diz Rubens Lopes, presidente da FERJ.
Saúde da mulher
Para abordar o tema, foram chamadas Nathália Arnosti, preparadora física do Red Bull Bragantino; Juliana Carmona, mestre em biodinâmica do movimento e esporte na Unicamp; e Tatiele Silveira, ex-jogadora e atual técnica da Ferroviária, com mediação de Ana Lorena, coordenadora de futebol feminino da FPF.
Foi colocado em pauta que, devido às diferenças físicas e hormonais entre homens e mulheres, isso acaba impactando nos treinamentos e nas cobranças de cada atleta. Até mesmo questões geográficas acabam influenciando nesse aspecto, muito devido ao incentivo desde cedo para que mulheres possam jogar bola.
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Como cada uma das convidadas era de uma área diferente dentro da modalidade, Ana Lorena citou a importância de ter especificações diferentes, já que é um assunto transdisciplinar. “Quando você tem três mulheres, de diferentes áreas e diferentes visões, você traz uma sensibilidade de falar, para não ter tabu ao tratar desse assunto. Trazer essas três áreas você mostra que é um assunto que precisa ser trabalhado dentro da comissão técnica e da gestão de um clube.”
Além disso, foi tratado que os estudos acerca da modalidade são extremamentes recentes, assim como conquistas no esporte -a primeira Copa do Mundo foi disputada apenas em 1991.
Tatiele ressaltou a importância desses números dentro da modalidade, já que as mulheres têm que se basear nesses, não nos parâmetros masculinos. “A gente tem que entender que estou treinando mulheres para enfrentar mulheres, então não podem me trazer comparações do tipo que o homem faz uma bola de 60 metros, a mulher não. Estou treinando mulheres para enfrentar outras mulheres, então é importante as presenças de dados dentro do futebol feminino.”
Desenvolvimento da base
O segundo painel do Summit Rio-SP, mediado pela professora da FCA Unicamp, Larissa Galatti, contou com as presenças de Thaissan Passos, treinadora da equipe feminina do Fluminense-RJ, Rodrigo Coelho, supervisor do Centro Olímpico, e Roberta Bezerra, coordenadora metodológica da Ferroviária.
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Abordando diversos assuntos focados no desenvolvimento de atletas do futebol feminino desde a base, o encontro gerou novos pensamentos de como se deve lidar com a formação de jovens jogadoras não só como profissionais, mas também como pessoas.
Rodrigo Coelho, supervisor do Centro Olímpico, vê um ascendente na vontade das meninas de jogar futebol. “Conseguimos construir um projeto interessante, expandimos bastante. Vemos um crescimento da modalidade como um todo, com cada vez mais garotas nas peneiras. As últimas tiveram em torno de 120 meninas munidas de um nível técnico maior”, disse.
Essa evolução também foi vista por Roberta Bezerra. “Fiquei impressionada com o nível técnico da base do futebol feminino, com mais de 200 garotas na peneira. A busca da modalidade está vindo cada vez mais cedo, e que o presente das meninas não seja mais uma boneca, mas uma bola, seja ela de futebol ou não”, comentou.
Thaissan Passos complementou dando ênfase à importância de criar um currículo de formação. “Tudo parte do processo da educação, todo clube precisa ter um documento norteador. Nós do futebol feminino estamos saindo na frente no desenvolvimento da base, por estarmos controlando esse pulo imediato da atleta para o time adulto e assim, temos mais tempo para desenvolve-las esportivamente e emocionalmente. Por exemplo, a Marta jogou uma Olimpíada com 16 anos, mas aconteceu uma maturidade para resistir às pressões? Esse pulo nem sempre é vantajoso”, analisou.
Muitas possibilidades
Mediado pela apresentadora Vanessa Riche, o painel do Summit Rio-SP contou com participação das profissionais Monica Esperidião, cofundadora da Women Experience Sports, Maria Luiza Lima, do Grupo Mulheres do Brasil e Juliana Barros, diretora Executiva de Marketing Avon.
A diretora executiva da Avon, Juliana Barros falou sobre como a empresa soube explorar esse crescimento e quais os resultados que as ações, em parceria com a jogadora Marta, trouxeram.
Ações para mostrar que o futebol feminino existe
“Começamos com o futebol feminino em 2018, sendo a primeira marca de beleza a patrocinar um time de futebol feminino, que foi o Flamengo. Neste mesmo ano, tivemos a Copa do Mundo masculina e, sabendo que tínhamos o compromisso de gerar a equidade de gênero dentro desse esporte, estávamos lançando uma máscara de cílios, no momento da Copa masculina e convidamos a Marta para fazer esse lançamento, vinculando a campanha nos intervalos dos jogos. Mostrando que o futebol feminino também existe. Porque a gente sabia que audiência na modalidade masculina já é algo consolidado e precisaríamos chamar atenção para esse lado do futebol feminino”, explicou a executiva.
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Com base nesse debate, a cofundadora da Women Experience Sports, Monica Esperidião, ressaltou as amplas possibilidades que existem neste mercado. “Finalmente as marcas acordaram para o futebol feminino. Agora elas precisam começar a entender o que faz o futebol feminino, quais são as possibilidades. Não só atuando como atletas, mas também os torneios que acontecem. Por exemplo, as federações de São Paulo e Rio, com os torneios estaduais. Os torneios brasileiros, não só os principais, mas também os da base.
A cofundadora também chama a atenção, lembrando que a Copa do Mundo é sazonal. “Temos que lembrar que a Copa do Mundo só acontece a cada quatro anos. Também temos que lembrar que não basta chamar as marcas para atuar no futebol feminino com esse momento, durante a Copa, ser pontual e ir embora. Atuações pontuais de marketing podem funcionar para uma ação pontual, ou um produto de forma pontual, porém, uma relação onde você queira construir uma imagem de marca, ela precisa ser de longo prazo”, enfatizou.