Rosana foi peça fundamental da seleção brasileira de futebol feminino durante a última década, participando de momentos emblemáticos, entre eles os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007. Em live com as Dibradoras, a jogadora relembrou a trajetória do ouro em casa, explicou por que aquele time deu tão certo e falou sobre a decisão de retornar aos gramados.
Pan do Rio
O Brasil fez uma primeira fase impecável nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Estreou com uma vitória de 4 a 0 sobre o Uruguai, fez 5 a 0 na Jamaica, aplicou 10 a 0 no Equador e goleou o Canadá por 7 a 0. Foram 26 gols em quatro jogos. Na semifinal, porém, o México não ofereceu facilidade.
Coube à Rosana resolver para a seleção brasileira. Na segunda etapa, ela abriu o placar em linda cobrança de falta e decretou a classificação ao fazer o segundo de cabeça, após cobrança de escanteio. A jogadora viveu uma tarde inesquecível naquele dia.
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“Eu comecei a escutar a torcida cantando música para mim e saio do jogo, porque eu começo a arrepiar vendo tudo aquilo acontecendo. Aquilo nunca tinha acontecido comigo. Foi um momento de êxtase, maravilhoso. E ainda foi a primeira vez que a minha família foi me ver jogando pela seleção ao vivo”, disse.
Final histórica
Na final diante dos Estados Unidos, Marta, Cristiana, Daniela Alves e Rosana deram show e o Brasil levou o ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro ao fazer 5 a 0 em pleno Maracanã com 70 mil pessoas. O histórico triunfo, inclusive, será reprisado neste domingo, às 16 horas, na TV Globo.
“O Pan foi um momento marcante justamente por isso. Foi o momento em que os brasileiros começaram a nos conhecer um pouco mais. O futebol feminino era tratado como um jogo feio, chato e lento. As pessoas que foram ao estádio viram algo totalmente diferente, ainda mais com aquela seleção que era muito ofensiva”, afirmou, relembrando da final.
“Eram 70 mil pessoas em harmonia torcendo pelo futebol feminino, pela causa. Foi vibrante demais, espetacular. É difícil colocar em palavras toda aquela emoção. Transcende tudo de bom”, completou.
Fórmula do sucesso
No ciclo olímpico entre Atenas 2004 e Pequim 2008, a seleção brasileira de futebol feminino viveu o auge. Mesclando experiência e juventude, o Brasil conquistou duas medalhas de prata nas Olimpíadas, o vice-campeonato mundial e o título do Pan do Rio. Rosana acredita que a rua teve participação importante nisso.
“Foi uma das gerações mais talentosas que teve, justamente porque a gente tinha o futebol de rua. As histórias eram bem parecidas. Começou na rua, jogando com os meninos. Foi o começo que as pioneiras traçaram e consequentemente a gente foi conseguindo mais apoio, mas ainda tinha esse futebol de rua, de improviso. Juntamente com a parte tática que o René Simões trouxe em 2004. Foi uma junção fundamental para que essa seleção tivesse tantos êxitos”, analisou.
“A seleção tinha um repertório motor fantástico que a rua ofereceu. Fora que algumas jogavam outros esportes. Muitas que jogavam o futebol sabiam jogar qualquer outro esporte. Vôlei, basquete, tudo que colocavam as meninas para jogar dava certo por causa desse repertório motor. Qualquer coisa que você implementava nessa seleção dava certo”, concluiu.
Volta aos gramados
Em janeiro do último ano, Rosana decidiu se aposentar e passou atuar como agente de jogadores. Dez meses depois, porém, voltou aos gramados. Quando ia para uma reunião em Araraquara, a então ex-atleta encontrou a treinadora Tatiele Silveira, da Ferroviária, que manifestou o desejo de contratá-la para disputa da Copa Libertadores feminina.
A princípio, Rosana rejeitou, mas a treinadora insistiu e convenceu a multicampeã em assistir ao treino do dia seguinte. Chegando lá, ela recebeu chuteira e roupa e participou da atividade da Ferroviária.
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“O treino começou a me instigar muito, recebi elogios das meninas. Em 15, 20 minutos consegui transmitir alguma vivência que eu tinha, principalmente para as mais novas. As meninas falaram: ‘Você precisa voltar”. Fui para casa pensando nisso. Depois o prefeito me liga fazendo o convite: ‘Queria que você jogasse a Libertadores com a gente’”, disse.
“Analisei a situação e decidi voltar, mas antes pensei em um teste. Optei por treinar 10 dias, aquela vida sofrida de treinos pesados (risos). Se eu aguentasse, iria para a Libertadores. Acabou que eu decidi ir”, completou.
Estreia e ida ao Palmeiras
Mesmo sentindo a altitude de Quito, no Equador, Rosana estreou com gol e assistência, desempenho que a deixou muito feliz e certa de que havia feito a escolha correta em retornar aos gramados.
“Me deu uma certa convicção de que eu realmente tinha feito a escolha certa, porque eu ainda podia ajudar também dentro de campo. Para mim, foi maravilhoso estrear com gol e passe decisivo”, declarou.
Brasileira com mais títulos conquistados por clubes na história, Rosana foi vice-campeã da Libertadores feminina e, em janeiro, foi contratada pelo Palmeiras para a disputar a temporada de 2020.