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Não é hora de cobrar medalhas

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 30 de outubro do Diário de S. Paulo

Meu amigo Rodrigo Borges defende uma tese interessante: brasileiro não gosta de esporte, mas sim de ganhar. Para este meu amigo, se Gustavo Kuerten tivesse perdido as três finais de Roland Garros que disputou, carregaria a fama de eterno vice. Ou seja, Guga só é enaltecido porque foi campeão. Mas o motivo pelo qual eu lembrei da polêmica tese foi uma declaração dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta última quarta-feira, no Rio, durante a inauguração de um complexo esportivo na favela da Mangueira. “O Brasil não vai fazer os Jogos Olímpicos para que os estrangeiros venham aqui e levem nossas medalhas.”

Deve-se dar um desconto ao aspecto político da declaração de Lula. Ainda assim, é necessário que se faça uma ponderação. Justamente quando o Brasil tem pela frente uma oportunidade de ouro, graças aos Jogos de 2016, para deixar de ser apenas o país do futebol e se transformar em uma nação poliesportiva, a declaração de Lula, por mais que tenha sido uma força de expressão, soa como cobrança fora de hora.

Um país não se torna olímpico do dia para noite ou pela força de uma canetada, senhor presidente. Não será em apenas sete anos que o COB conseguirá formar uma delegação capaz de competir igualmente com Estados Unidos ou China, apenas para ficar em dois exemplos de gigantes do esporte. A própria mentalidade do brasileiro em relação aos Jogos Olímpicos precisa mudar. Ou seja, tem muito trabalho pela frente, e não me refiro apenas à construção de arenas esportivas.

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

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