Reconhecida como líder e ovacionada pela torcida como ‘melhor goleira do Brasil’, Luciana foi o destaque da equipe da Ferroviária no primeiro bicampeonato do Brasileiro de futebol feminino. Praticamente uma muralha grená, a atleta estava em campo em 2014 e 2019. Quem vê Luciana com a medalha de ouro no pescoço talvez não se lembre do que aconteceu em 2015, quando a goleira foi muito criticada depois da eliminação do Brasil na Copa do Mundo.
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“Foi bastante difícil 2015. Todo mundo me criticou, mas o futebol é assim. O goleiro sabe, que se erra hoje, acerta amanhã. Vida que segue. O atacante erra cinquenta gols e ninguém fala. Junto com a minha família, minhas companheiras, elas me deram sempre força para continuar. Não abaixar a cabeça. Tem que dar a volta por cima. Deus sempre a frente, me dando forças sempre. Procurando sempre a Ele para me dar força. Foi um momento bastante triste, um momento que eu até pensei em parar. Mas minha família sempre do meu lado e nunca deixou de existir,” contou.
A volta por cima da arqueira reflete até em quem trabalha diretamente com ela. Ou melhor, quem comanda a equipe: “É uma líder. Uma jogadora com uma história fantástica, um currículo invejável e ainda em alta performance. Ela não deixa a desejar em treinamentos. Ela não deixa a desejar nos jogos. Nesse domingo (29), não só nos pênaltis, eu enalteço todas as defesas que ela fez. Então além de ser uma liderança técnica, dentro da função dela, ela é uma líder nata. Ela comanda esse time. Ela tem o jeito de lidar com as meninas. Com certeza, ela foi uma atleta fundamental na conquista”, disse a treinadora Tatiele Silva.
Luciana fechou o gol durante todo o tempo normal da segunda final por 0 a 0 e defendeu o pênalti cobrado por Tamires nas cobranças que terminaram em 4 a 2. Antes, esteve no empate em 1 a 1 da primeira decisão. Nesse jogo, com o calor de Araraquara, a goleira passou mal e mesmo assim voltou para o jogo.
“O fato da gente voltar é porque a gente é guerreira. Guerreiras grenás. Guerreira nunca foge da luta. Igual o nosso hino fala também. Tem uma cena minha falando: estou bem, eu vou. Se eu não tivesse bem eu não colocaria a minha vida em risco. De jeito nenhum. Mas eu estava bem. Terminei o jogo bem, fiz exames e foi só um pico de pressão e mais nada,” relembra.
O time da Ferroviária é reconhecido pela coletividade e a garra. Mesmo classificando com a penúltima vaga, passou por dificuldades e superou todas até conquistar o título nacional. O elenco sabe o que passou e a desconfiança que enfrentou durante toda a competição.
“Quando a gente classificou, em sétimo, muitas pessoas falaram que a gente não ia nem passar do Santos ou de outro time que fosse. E a gente se blindou de tudo e de todos. Nos fechamos e falamos: vamos lutar, a gente acredita. Não precisa ninguém acreditar na gente, se a gente acreditar, a gente consegue. Foi isso. Foi muito trabalho. Não tinha final de semana – não sei se outros times treinaram ou não, mas a gente estava treinando, no dia das mães, páscoa… A gente implorou pra Tati dar folga pra gente e ela não deu. E hoje a gente entende isso. Todo mundo fala que não pode regar a planta demais, mas ela não regou demais, ela regou equilibrado. Eu acho que foi muito treino, muitas horas de descanso, muita academia, muita viagem. A gente foi superando em campo durante essas quartas de final, semifinal e a final.”
O resultado do bicampeonato não poderia ser outro: a garantia de ter superado os tempos difíceis, ter muita gente para agradecer e motivos para comemorar. “Bastante gratificante. Estou bastante feliz de ter ajudado a minha equipe mais uma vez e, dessa vez, sair com o título. Eu agradeço a comissão, as meninas – porque sem elas como eu pegaria pênaltis? Como eu treinaria, se não fossem elas? Então eu agradeço elas, toda a comissão, nosso analista de desempenho também. Consegui pegar o pênalti e garantir o título.”