Vôlei, futebol de salão ou de campo? A escolha de Janaína Queiroz pelos gramados passou por essas três modalidades, mas não poderia ter sido melhor. Atualmente, a zagueira brasileira defende o Sporting Clube de Braga, de Portugal, e almeja a Champions League de futebol feminino na próxima temporada.
“Em uma época, tive que conciliar o vôlei e o futebol, eu era muito nova. E acabou que optei pelo futebol e fui crescendo”, relembrou Jana em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia. A atleta iniciou sua carreira no futebol de salão aos 14 anos de idade, e aos 18 migrou definitivamente para o futebol de campo.
A decisão por trocar o futebol brasileiro pelo português aconteceu quando Jana estava no Corinthians. A zagueira recebeu uma proposta, mas sofreu uma lesão no joelho e passou por uma cirurgia – em outubro de 2016. A proposta seguiu de pé até que a jogadora se recuperasse, quando deveria tomar a grande decisão.
“Eu estava indecisa, porque o Corinthians sempre foi um clube que gostei muito das meninas, do treinador e do trabalho. Lá tinha uma estrutura muito boa e era difícil eu sair de um lugar que eu conhecia. Mas fiquei bem da minha lesão e decidi vir para o Braga, para Portugal, para novas experiências. Quis dar uma reviravolta na minha vida”, contou.
Antes de Braga e Corinthians, Jana passou pelo Santos, Centro Olímpico, FK Zorkiy Krasnogorsk (RUS), São José e Caucaia. Aos 30 anos de idade e com mais de dez anos de carreira, foram muitos títulos conquistados.
“Eu ganhei vários títulos, com toda a humildade”, brincou Jana. Entretanto, o que mais marcou a carreira da jogadora foi conquistado neste ano, em Portugal: a Supertaça. “Eu chorei tanto, tanto, de tanto que eu tinha desejado esse título. Não só eu, mas eu sentia que o grupo estava muito unido, estava querendo muito”, lembrou.
Brasil x Portugal
Hoje adaptada, Jana lembra que estranhou o estilo do futebol português assim que chegou ao Braga. Entretanto, a zagueira também afirma que melhorou taticamente em relação ao futebol jogado no Brasil.
“Logo quando eu cheguei aqui, achei um pouco inferior ao estilo do Brasil. O Campeonato Paulista e o Brasileiro sempre foram muito competitivos, não tinha como saber qual equipe seria campeã. E aqui, na época que eu cheguei, uma ou duas equipes que brigavam pelo título. Mas o futebol aqui está crescendo e esse ano está muito nivelado”, disse. “Já me sinto de casa, e com o estilo do futebol europeu”, completou.
Outra diferença notável é que, enquanto a temporada brasileira termina junto com o fim do ano, a temporada portuguesa começa no meio do ano e segue. A equipe feminina do Braga se apresentou para a temporada 2018/2019 em 25 de julho deste ano. O objetivo, porém, é grande.
“Meu futuro é ficar aqui, continuar a classificação em primeiro para ir para a Champions League, esse é um dos meus maiores objetivos hoje. Divido isso também o grupo, acredito que todas estão almejando isso”, afirmou.
Evolução no futebol feminino?
Apesar dos 30 anos de idade e dos tantos clubes e títulos no currículo, Jana não viu muita mudança na modalidade desde quando começou profissionalmente.
“É até ruim falar isso, mas teve pouca evolução. Sabemos que tem muitas outras pessoas da modalidade que sonham por algo melhor no futebol feminino, e isso entristece a gente que está aqui, não queremos que elas passem pelo o que nós passamos”, desabafou a zagueira.
“Chegar em um jogo e ter muita torcida no estádio, acho que é com isso que todo mundo sonha. Mas eu creio que isso ainda vai melhorar para as próximas gerações. Está crescendo, mas isso é trabalho, é um processo”, concluiu.
Atualmente, Jana disputa o Campeonato Nacional de futebol feminino de Portugal e ainda não pensa em aposentadoria. A esperança é que as melhorias aconteçam enquanto a jogadora estiver em campo.