A princípio, todo grande evento esportivo apresenta a mistura de grandes feitos com decepções, surpresas e polêmicas. Não chega a ser novidade. Entretanto, os Jogos Olímpicos de Pequim 2022 flertaram com a tragicomédia, caprichando em seu enredo trágico, com foco no drama humano, e na leveza de sua linguagem e emoção.
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Em seus mais variados palcos, essa edição olímpica de inverno viu de tudo um pouco: grandes zebras, heróis dando a volta por cima, novas marcas, pandemia e até mesmo um escândalo que pode manchar o esporte para sempre. Vamos desenrolar essa peça e seus atos.
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Prólogo – A tensão
A nomeação de Pequim como sede dos Jogos Olímpicos de 2022 foi histórica. Não apenas por ser a primeira cidade a receber a edição de verão e de inverno, mas pelo processo. A desistência de várias candidaturas foi traumática e culminou na Agenda 2020 no Movimento Olímpico.
O projeto Pequim 2022 venceu Almaty, do Cazaquistão em 2015 com a promessa de reaproveitar vários espaços dos Jogos de Verão de 2008. Entretanto, velhos fantasmas também reapareceram, como críticas às violações de direitos humanos em etnias na China, como os uigures.
Esse e outros fatores levaram a um boicote diplomático de várias nações, puxados especialmente pelo governo dos Estados Unidos. O cenário externo também não contribuiu, com a possibilidade de um conflito armado entre Ucrânia e Rússia que ameaçou a trégua olímpica.
Ato 1 – Os heróis
Mas o clima pesado ficou para trás com a entrada dos personagens em cena. Diversos heróis surgiram para alegrar o público. A esquiadora chinesa Gu Ailing, por exemplo, estampou jornais e propagandas e, claro, subiu ao pódio com suas três medalhas (dois ouros) no esqui freestyle.
Os noruegueses Johannes Boe, no Biatlo, e Therese Johaug, no esqui cross-country, também brilharam em Pequim 2022. Ele com quatro ouros e um bronze; ela com três ouros individuais. Irene Schouten, dos Países Baixos, também se despede com três medalhas douradas na patinação de velocidade.
Mas o que seria de um teatro sem a consagração da jornada do herói? Após cinco títulos mundiais e quatro tentativas olímpicas, a estadunidense Lindsey Jacobellis finalmente foi campeã olímpica no Snowboard Cross. De quebra, ganhou não um, mas dois ouros!
Ato 2 – As surpresas
Chega o momento, também, de apresentar novos personagens, aqueles que faziam figuração, mas ganharam espaço no público. Logo nos primeiros dias, a dupla mista da Itália viveu seu conto de fadas ao surpreender e conquistar a medalha de ouro.
A Nova Zelândia também surgiu com destaque nos palcos de neve em Pequim 2022. O país ganhou suas primeiras medalhas de ouro da história olímpica de inverno. Os jovens Zoi Sadowsky-Synott, no snowboard slopestyle, e Nico Porteous, no esqui freestyle halfpipe, foram os responsáveis.
Mas há também derrotas doloridas e difíceis de acreditar. O canadense Mikael Kingsbury venceu mais da metade das provas que disputou na carreira. Mas perdeu o ouro olímpico no Moguls masculino para o sueco Walter Wallberg, que jamais tinha vencido uma prova na vida. Mikaela Shiffrin também sai sem medalhas apesar de ter sonhado com três ou até quatro.
Ato 3 – As dificuldades
Surgem os primeiros problemas. A pandemia de covid-19 não dá sossego e continuou preocupando o Comitê Organizador. Criou-se um circuito fechado em bolha, onde atletas, treinadores, dirigentes e jornalistas poderiam circular.
De certa forma, a tática funcionou em Pequim 2022, mas não sem impactar alguns dos favoritos. O norueguês Jarl Riiber, no Combinado Nórdico, era cotado a três ouros, mas disputou (e ganhou) apenas uma prova. O patinador Vincent Zhou, dos Estados Unidos, sequer pôde competir.
Até mesmo o Brasil teve casos registrados. Tanto Erick Vianna, do Bobsled, quanto Michel Macedo, do esqui alpino, testaram positivo no aeroporto. Erick conseguiu se recuperar a tempo, mas Michel só pôde competir em uma das duas provas que estava classificado.
Ato 4 – O Clímax
Entretanto, o momento de grande tensão aconteceu mesmo na patinação artística feminina. Cotada para ser uma das estrelas dos Jogos, a russa Kamila Valieva, 15 anos, esteve no centro de um escândalo de doping que se arrastou por quase uma semana.
Ela testou positivo para uma substância proibida em dezembro, mas o caso só veio à tona depois que ela ganhou o ouro na prova por equipes em Pequim 2022. Foi o ponto alto da tragicomédia, com drama da adolescente sendo pincelado por situações quase caricatas das autoridades.
Apesar do doping, ela foi liberada a competir na disputa individual, mas se ganhasse, não receberia sua medalha! A pressão foi demais para atleta, exposta por órgãos que deveriam protegê-la. O que se viu foi uma criança sucumbir aos olhos do mundo, com várias quedas em sua apresentação. Uma mancha que os Jogos Olímpicos terão que carregar para sempre.
Ato 5 – O Desenlace
Mas o palco dos Jogos de Inverno também é voltado para quem não tem neve e gelo. Haiti e Arábia Saudita, por exemplo, fizeram suas estreias. A Jamaica esteve presente novamente com seu time de bobsled. E como se esquecer do mexicano Donovan Carrillo na patinação artística?
O Brasil, claro, também se fez presente em Pequim 2022 para sua nona participação olímpica de inverno consecutiva. O desempenho foi histórico, começando com a excelente 13ª posição de Nicole Silveira no Skeleton. É o melhor resultado do país em Jogos de Inverno!
Além disso, o Bobsled também chegou à final e alcançou o Top 20 no 4-men pela primeira vez na história. Manex Silva, no Esqui Cross-Country, estabeleceu o recorde de pontuação do país. Sabrina Cass colocou o Brasil na elite do Moguls. Sem falar, claro, em Jaqueline Mourão, com sua oitava participação olímpica – recorde nacional!
Epílogo de Pequim 2022
A tragicomédia dos Jogos Olímpicos de Pequim 2022 se despede do público com a apresentação de novos heróis olímpicos, mas também com a confirmação de velhos problemas. Ao mesmo tempo que nos emocionamos com os feitos registrados por diversos atletas, é impossível não se afetar com o circo montado no palco da patinação com o doping da Kamila Valieva.
A mensagem minimalista reforçada pela Cerimônia de Abertura é importante para o Movimento Olímpico, que necessita adequar custos e processos a novas demandas e realidades. No esporte, assim como no teatro, não é preciso ser espetaculoso para ser espetacular.
As cortinas se fecham com a Cerimônia de Encerramento nesse 20 de fevereiro e, agora, as atenções se voltam para Milão e Cortina d’Ampezzo. São esses palcos italianos que receberão as tragédias e comédias humanas daqui quatro anos. Quais histórias iremos testemunhar até lá?
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