Se nos esportes coletivos mesclar experiência e juventude, muitas vezes, é sinônimo de sucesso, o esqui cross-country feminino do Brasil está no caminho certo. Na estreia das mulheres brasileiras na modalidade em Pequim-2022 nesta terça (8), Jaqueline Mourão, de 46 anos, e Duda Ribera, de 17, disputarão a prova de Sprint, a partir das 5h da manhã (de Brasília), no Centro Nacional de Esqui Cross-country, em Zhangjiakou. A competição será um bom aperitivo para as outras duas provas que elas ainda disputam nesta edição de Jogos Olímpicos.
“Essa prova não é minha especialidade, apesar de ser no estilo que eu mais gosto que é o skating. Vai ser uma prova para quebrar o gelo, para começar os Jogos. É uma boa oportunidade, já que em Jogos anteriores eu só tinha uma prova, e agora vão ser três. Essa primeira vai ser para ver como é a rotina de provas, analisar o esqui, a pista, o condicionamento físico”, disse Jaqueline Mourão, prestes a carimbar sua oitava participação em Jogos Olímpicos, somando as edições de verão e inverno.
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“Estou bem ansiosa para essa estreia, mas quero dar o meu melhor. O Sprint é minha prova favorita e estou trabalhando para me sentir bem tanto fisicamente, quanto tecnicamente durante a competição. Quero dar tudo o que eu tenho, me esforçar ao máximo e terminar muito feliz com o resultado”, disse Duda Ribera.
A jovem também comemorou o fato de ter uma atleta com oito participações olímpicas no currículo como uma espécie de tutora em sua estreia em Jogos Olímpicos. “É uma experiência única. A Jaqueline me ajuda muito com tudo que ela viveu e, por isso, é muito bom estar na competição com ela. Ela é um exemplo para mim e, em 2026, pretendo estar no nível dela”.
Mais provas
As duas também disputarão o 10km Clássico Individual e o Sprint por equipes, prova em que o Brasil estará representado pela primeira vez. Para se classificar, o país ficou na 25ª colocação do ranking de nações da modalidade. O desempenho também permitiu que a delegação brasileira tivesse três atletas no esqui cross-country, fato inédito. E isso fará com que a modalidade, no geral, no masculino e no feminino, bata o recorde de largadas em Jogos Olímpicos.
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“Na minha opinião, é a equipe mais forte que o Brasil já trouxe para os esportes de gelo e neve, e fico muito feliz de ver a evolução que o Brasil apresentou nos esportes de inverno. Lá em Turim-2006, eu estava competindo com três meses de esqui. Foi muito aprendizado. Sair desse clichê de país exótico, sem neve, para me tornar uma atleta de nível internacional. Sempre busquei isso. Não quero estar aqui por ser do Brasil e foi um processo muito bom de provar que podemos”, analisou Jaqueline Mourão.
Vale lembrar que também nesta terça-feira (8), Manex Silva volta a competir, agora no sprint livre, às 5h50 (de Brasília). Ele disputou o esquiatlo, mas não terminou a prova. As quartas de final serão disputadas logo na sequência, com o feminino a partir das 7h30 e o masculino a partir das 7h55 (de Brasília).
Bruna Moura
Sobre a disputa por equipes, a expectativa é apostar no fôlego da juventude e na estratégia de quem tem mais de 15 anos na modalidade, quase a idade da companheira de prova. “É uma prova super emocionante. Tive a chance de correr com a Bruna (Moura) no Mundial. Eu devo largar, a Duda faz a segunda perna e, cada uma faz três voltas. É um circuito muito duro. Então, vamos ver se a tática dá uma força para gente”, analisou Jaqueline, citando a atleta que acabou sofrendo um acidente de carro pouco antes da viagem para a China. Ela se recupera bem, mas teve que ser substituída na delegação de Pequim-2022.
“A Bruna me faz viver montanha russa de emoção desde quando a conheci. Temos conversado bastante. A primeira coisa que ela falou após o acidente foi ‘Jaque, você tem que continuar até 2026 para gente correr junto’. Estou mandando energia positiva para ela se recuperar o mais rápido possível. Todo mundo ficou muito triste com o acidente e nosso coração está com ela. Ainda vamos nos ver pelas pistas do mundo”.
Em família
Além de Jaqueline, Duda cita outra pessoa a quem dedica essa participação nos Jogos Olímpicos: seu irmão Christian Ribera, vice-campeão mundial no esqui cross-country paralímpico, e que também disputará Pequim-2022.
“Tenho certeza que minha mãe deve estar muito orgulhosa de nós dois. Quero muito que ele aproveite as oportunidades dele, que ele continue sendo esse cara batalhador, que inspira as outras pessoas em tudo. É uma sensação única, eu não sei nem como dizer. Estar nos Jogos junto com ele, que foi quem me mostrou o esporte”, finalizou Duda Ribera.
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