A vaga olímpica não veio no Remo, esporte que Steve Hiestand praticava desde os 11 anos de idade. Mas pode vir na modalidade em que possui apenas três anos de experiência. O experiente atleta que mora na Suíça é um dos dois representantes da CBDN que atingiram o índice A olímpico no esqui cross-country – Manex Silva é o recordista.
Com 97.77 pontos FIS no ranking, ele atinge o primeiro critério estabelecido pela CBDN para ficar com a única vaga masculina disponível para o país na modalidade. Agora, os dois competidores (ou qualquer outro brasileiro que fizer menos de 100 pontos no ranking) precisarão competir em, pelo menos, seis provas para alcançar os “pontos CBDN”.
“Meu principal objetivo é buscar essa vaga olímpica e quero competir em um nível próximo ao da Copa do Mundo, em torno de 120 a 130 pontos FIS em competições na neve. Esse é o objetivo real. O que vier a mais, é presente. Mas vamos ver como será a temporada, tudo é possível”, afirma o atleta.
Para garantir uma disputa mais justa, Steve Hiestand até deseja propor ao Manex, o líder do ranking brasileiro atualmente, de competir nas mesmas provas. Assim, a disputa seria homem a homem e não entre pontos FIS – evitando que a convocação ficasse dependente de critérios externos.
Tudo para evitar os dissabores que já vivenciou no pré-olímpico do Remo, há cinco anos. “Com minha idade, não tenho esse problema de motivação. Quando quero algo, foco tudo nessa evolução. Nisso, os aprendizados da época do Remo ajudam e carrego comigo essa experiência”.
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Sonho olímpico de Steve Hiestand começou no remo
A partir de 2012, disposto a lutar pela vaga olímpica, decidiu competir pelo Brasil, terra de sua mãe e onde nasceu e viveu até os seis anos. Ele não queria duelar com um amigo suíço e, por isso, fez todos os trâmites burocráticos para representar o país natal. Naquele ciclo olímpico, participou de competições internacionais de olho nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.
Steve Hiestand fez sua parte. Atingiu o índice necessário no Pré-Olímpico de Remo, no Chile. Entretanto, regras do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da Federação Internacional de Remo (FISA) indicavam apenas uma vaga por gênero para o país. Assim, ele foi preterido pela dupla Xavier Vela e William Giaretton, do double skiff peso leve.
“Foi uma frustração porque eu estava remando muito bem. O Lucas [Verthein, sensação da modalidade nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021] sempre ficava vinte segundos atrás de mim naquela época. Mesmo assim, eu completei todos os projetos até 2018, remando pelo Flamengo”, afirma.
De repente, o sonho migra para o esqui cross-country
Foi um dirigente do Flamengo, aliás, que o fez não desistir do sonho olímpico. Esquiando com ele na Suíça, surgiu a ideia: por que não representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno? Até então, o esqui cross-country era visto apenas como um complemento em sua preparação no remo durante o inverno na Europa.
Fez os contatos com a CBDN, participou do training camp da entidade em Livigno, na Itália, e o desempenho agradou. No fim da temporada 2018-2019, Steve Hiestand fez sua estreia pelo Brasil na nova modalidade. Em pouco mais de três anos, a evolução é nítida – a ponto de já ter o segundo melhor resultado do país na lista de pontos FIS.
“É um sonho ir para os Jogos Olímpicos. Eu me qualifiquei internamente de novo e tenho chances. Já falei ao Manex que vou lutar até o último segundo por essa vaga. Sou um atleta do fundo do meu coração. Não me sinto com 37 anos; é um corpo de 25 com cabeça de 30”, diverte-se.
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Objetivo futuro é auxiliar no desenvolvimento do esporte
Essa é a última chance que ele terá para conseguir a tão sonhada vaga olímpica. Com ou sem vaga olímpica, ele encerra a trajetória como atleta. A decisão é uma promessa que fez a sua família e seu filho, hoje com três anos: vai parar para dedicar mais tempo ao crescimento dele.
Isso não significa que Steve Hiestand pretende ficar longe do esporte. Além de ser preparador físico na Suíça, ele também quer manter essa aproximação com a CBDN para ajudar no desenvolvimento da modalidade, criando condições para que os atletas, principalmente os jovens do Projeto Social Ski na Rua, possam competir por mais tempo na neve.
Mas isso são planos para pós-Jogos Olímpicos de Pequim. Até lá, ele vai duelar ponto a ponto com Manex Silva. “Já falei para o Manex me deixar ir nessa olimpíada que depois eu o ajudaria a se classificar nas próximas! Essa é minha última chance, mas ele só tem 19 anos e toda a carreira pela frente”, brinca.